Qual será a etimologia de cavalheiro? É um castelhanismo, cuja forma original, caballero, significa afinal o mesmo que cavaleiro. A história da introdução desta e doutras palavras castelhanas na língua portuguesa reflete o ascendente que Castela alcançou na Península Ibérica a partir da Idade Média (na imagem, a bandeira do antigo reino). Em Portugal, foi nos séculos XVI e XVII que poetas e escritores mais cederam à sedução do idioma que hoje chamamos espanhol, ao ponto de nesse período se ter disseminado o bilinguismo entre as elites políticas e culturais portuguesas – não obstante haver resistentes como António Ferreira (1528-1569), que preferiam escrever apenas em português. A partir do século XVIII, porém, dir-se-ia que cessa totalmente a influência do espanhol, muito embora ela se note nuns poucos escritores, entre os quais se conta José Saramago (1922-2010), prémio Nobel da Literatura em 1998.
Tais são as considerações suscitadas por um interessante estudo do ensaísta e professor universitário português Fernando Venâncio, no qual, sob o título "José Saramago e a iberização do português. Um estudo histórico" [in Burghard Baltrusch (ed.) “O que transforma o mundo é a necessidade e não a utopia” – Estudos sobre utopia e ficção em José Saramago, Franck-Timme, 2014, págs. 95-126], se evidencia a progressiva castelhanização da escrita saramaguiana. Como convite à leitura, deixemos algumas palavras desse artigo: «É [na] contiguidade com a lição de Vieira, e com o idioma espanhol, que José Saramago se inscreve na nossa história cultural, e particularmente linguística.» Também de Fernando Venâncio, releia-se "Saramago, o ibérico", na rubrica Controvérsias.
No programa de rádio Língua de Todos de sexta-feira, 27 de junho (às 13h15* na RDP África, com repetição aos sábados, depois do noticiário das 9h00*), numa conversa com a professora Isabel Rodrigues Figueira, da Universidade de Lisboa, aborda-se o tema das relações linguísticas Portugal-Brasil. O Páginas de Português de domingo, 29 de junho (às 17h00*, na Antena 2), entrevista a professora Edviges Ferreira, presidente da Associação de Professores de Português, e o professor Paulo Guinote, sobre os exames da disciplina de Português realizados em 2014 em Portugal; a mesma emissão inclui ainda a rubrica Ciberdúvidas Responde, conduzida por Sandra Duarte Tavares.
Em O Nosso Idioma, Paulo J. S. Barata comenta uma inadvertida amálgama de expressões idiomáticas. No consultório, definem-se as palavras fitomórfico e mundanidade, além de se atestar a locução «pôr empenho».
A Ciberescola da Língua Portuguesa e os Cibercursos continuam a organizar aulas individuais para estudantes estrangeiros (Portuguese as a Foreign Language). Mais informação, incluindo pormenores sobre recursos para o ensino e a aprendizagem do português (língua materna e língua não materna), na rubrica Ensino.
O apoio dos consulentes do Ciberdúvidas é decisivo para tornar viável este serviço gracioso e sem fins lucrativos, a favor da promoção da língua portuguesa e da sua diversidade. Desde já, o nosso obrigado a quantos quiserem ajudar.