1. Como anunciado, a atividade do consultório do Ciberdúvidas vai ter uma pausa, coincidente com as férias escolares de verão em Portugal. Prolongando-se até ao mês de setembro, fica por isso indisponível o formulário para o habitual envio de perguntas. Abranda, portanto, o ritmo das nossas atualizações, muito embora a Abertura continue a dar conta de notícias sobre temas da língua portuguesa e de conteúdos cuja atualidade e interesse justifiquem serem postos em linha nas demais rubricas. Para outros assuntos fora do âmbito gramatical e linguístico, ficam os contactos indicados aqui. A quantos nos consultam por esse mundo fora – na ordem de 1,5 milhões de visitas regulares por mês –, os agradecimentos da equipa que assegura a continuidade deste serviço sem paralelo, na sua natureza, funcionamento e diversidade, em todo o espaço de língua oficial portuguesa.
2. No Consultório, pergunta-se se «alta tecnologia» é o mesmo que «tecnologia de ponta». Outro consulente quer saber se, numa descrição, é correto falar numa «pessoa com óculos». Outro interroga-se sobre a concordância verbal com «um milhão de portugueses». E o que significará a palavra jeca-tatu? Finalmente, no Correio, deixamos registado um contributo mais sobre o tema dos anglicismos, tratado na Abertura do dia 8 p.p.: «Até já já, imagine-se, perfumes low cost!!»
3. Graves e preocupantes desacatos provocados por grupos de hooligans têm marcado o Campeonato Europeu de Futebol – Euro 2016, em curso em França até 10 de julho p. f. Na atualidade mediática, torna-se, portanto, recorrente o anglicismo, que acaba por pesar no estilo jornalístico, já tão saturado de palavras inglesas. Porque não encontrar uma expressão mais portuguesa? Uma resposta em arquivo aponta as soluções possíveis – por exemplo, «adepto desordeiro», «apoiante violento» ou «torcedor arruaceiro». E recorde-se sempre a recomendação de Manuel Rodrigues Lapa (1897-1989), na sua tão preciosa Estilística da Língua Portuguesa, sobre os estrangeirismos: «[...] «Os povos que dependem económica e intelectualmente de outros não podem deixar de adoptar, com os produtos e ideias vindas de fora, certas formas de linguagem que lhes não são próprias. O ponto está em não permitir abusos e limitar essa importação linguística ao razoável e necessário. Contido nestes limites, o estrangeirismo tem vantagens: aumenta o poder expressivo das línguas, esbate a diferença dos idiomas, tornando-os mais compreensivos, e facilita, por isso mesmo, a comunicação das ideias gerais. Uma coisa é necessária, quando o estrangeirismo assentou já raízes na língua nacional: vesti-lo à portuguesa.»
4. Sobre os programas produzidos pelo Ciberdúvidas na rádio pública portuguesa:
– A presença da língua portuguesa em África é significativa, seja nas variantes cada vez mais nacionais dos países que integram a CPLP, seja por via da presença da emigração histórica, lusitana e moçambicana, sobretudo na África do Sul. Mas falta quase tudo o que devia acontecer: intercâmbio cultural, política do livro, tradução, esteio que interligasse as singularidades nacionais dos países da CPLP na sua articulação com o francês, o inglês, os crioulos e as línguas nacionais. O Língua de Todos de sexta-feira, 17 de junho (às 13h15*, na RDP África; com repetição no sábado, 18 de junho, depois do noticiário das 9h00*), conversa com o professor Paulo Serra, leitor do Instituto Camões no Botsuana.
– Terminaram, no fim de maio, as inscrições para o programa O Ser e Saber da Língua Portuguesa 2016 – Curso de Verão em Portugal, organizado pelo Gabinete de Apoio ao Ensino Superior (GAES) de Macau, com o apoio do Instituto Português do Oriente (IPOR). O programa de formação visa enriquecer os conhecimentos dos estudantes do ensino superior de Macau sobre a língua e a cultura portuguesas, aumentar o seu interesse na aprendizagem do português, reforçar a capacidade do português destes estudantes e promover a formação de quadros bilingues qualificados, bem como desenvolver a singularidade de Macau na fusão entre o Ocidente e o Oriente. O Páginas de Português de domingo, 19 de junho (Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte às 15h30*), entrevista o diretor do IPOR, João Laurentino Neves.
* Hora de Portugal continental.