Terminou neste dia, em Díli, a X Conferência dos Chefes de Estado e de Governo (CCEG) da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), cuja declaração final, no seu ponto 11, relativo à ação cultural, promoção e difusão da língua portuguesa, refere as seguintes ações:
– a adoção do Plano de Ação de Lisboa, «com enfoque no português como língua de inovação e de conhecimento científico e na importância da Língua Portuguesa nas economias criativas, que define, juntamente com o Plano de Ação de Brasília, as estratégias globais para a promoção e difusão da língua portuguesa» (alínea vii);
– o reconhecimento e a recomendação oficiais do Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa (VOC) e dos Vocabulários Ortográficos Nacionais (VON) que o integram, bem como ainda do Portal do Professor de Português Língua Estrangeira/Língua Não Materna (PPPLE), que constituem recursos representativos de cinco Estados-membros e que ficam disponíveis no sítio do IILP [Instituto Internacional da Língua Portuguesa] na internet (alínea viii);
– a eleição da nova directora executiva do IILP, Marisa Guião de Mendonça, proposta pela República de Moçambique, para o biénio de 2014-2016 (alínea xi).
Observe-se que que, na referida conferência, a República de Cabo Verde formalizou a entrega do seu próprio VON (com cerca de 35 000 entradas), que assim se soma aos VON já disponíveis, a saber, os do Brasil, Moçambique, Portugal e Timor-Leste. Aguarda-se também o VON de São Tomé e Príncipe, o qual não foi possível ultimar a tempo desta conferência. É de notar que estão agora criadas as condições para a apresentação até final de 2014 da primeira versão oficial do VOC, que, além do léxico comum, vai ainda incorporar um módulo com toda a toponímia relevante na maioria dos países da CPLP e o mais vasto conjunto de formas não adaptadas (estrangeirismos e palavras das línguas maternas locais).
Assinale-se a declaração de apreço dirigida a Gilvan Müller de Oliveira, diretor executivo do IILP de 2010 a 2014, cuja ação foi determinante para o arranque e desenvolvimento de todos os projetos em referência. Para compreender o que tem sido a atuação do IILP nos últimos anos, leia-se na rubrica O Nosso Idioma um artigo que o linguista brasileiro Carlos Faraco publicou na Folha de S. Paulo, em 14/07/2014.
Ainda no âmbito do ponto 11 (alínea ix) da declaração final dos chefes de Estado e de Governo da CPLP reunidos em Díli, foi assinalada a importância do projeto de promoção e difusão da língua portuguesa no espaço da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (mais conhecida pela sua denominação em inglês, Southern Africa Development Community, ou abreviadamente SADC), de iniciativa angolana – «o que levará à [sua] execução em Gaborone, na sede do Secretariado Executivo desta organização regional, em Pretória, na África do Sul, e em Windhoek, na Namíbia.»
Por último, registe-se que esta cimeira ficou marcada, no plano político, pela aprovação (polémica) da adesão da Guiné Equatorial como Estado-membro da CPLP.
Num canal televisivo do Brasil, Jamie Oliver, autor britânico de programas e livros de cozinha, provou um brigadeiro, além de um quindim, e, à pergunta sobre se tinha gostado, respondeu negativamente, considerando-os «um monte de porcaria» e «um horror». As reações de orgulho ferido da opinião pública brasileira dão o mote ao jornalista português Ferreira Fernandes para explicar a origem do uso de brigadeiro como denominação de um doce, numa crónica que O Nosso Idioma disponibiliza. Diga-se já agora que, falando Oliver algum português, teriam sido poupados os mais sensíveis de entre nós à sua franqueza (ou descortesia?), com recurso a «nem por isso» (= «não muito»), expressão que, em artigo divulgado na mesma rubrica, Miguel Esteves Cardoso classifica frontalmente como «assalto brutal sobre a limpeza e a verdade do simples "não"». Nada limpo, ou, antes, enigmático, é o caso de desleixo na escrita que Paulo J. S. Barata revela no Pelourinho. Entretanto, como temos assinalado, embora o consultório faça uma pausa até setembro, mantém-se acessível todo o arquivo de mais de 30 mil respostas do Ciberdúvidas (consultar pelo motor de busca).
Para alunos e professores, a Ciberescola da Língua Portuguesa e os Cibercursos continuam a dar acesso a recursos para o ensino-aprendizagem do Português (língua materna e não materna). Mais informações, incluindo pormenores sobre cursos para estudantes estrangeiros (Portuguese as a Foreign Language), na rubrica Ensino e no Facebook.
Renovando o apelo SOS Ciberdúvidas, agradecemos todos os contributos que permitam manter a atividade deste serviço gracioso e sem fins lucrativos, dedicado à língua portuguesa na sua diversidade.