1. Na época do Carnaval ou do Entrudo, propomos a leitura do que sobre esta festa de raízes tão remotas existe em arquivo: "Portugal, Alentejo, no Carnaval", "'Enfezar o Carnaval': etimologia", "'Enfezar o Carnaval', mais uma vez", "Entrudo, novamente", "Natal, Carnaval, Páscoa: palavras variáveis", "A palavra confete", "Do Carnaval ao futebol", "O Carnaval e o futebol são o ópio do povo»", "Partidas de Carnaval". Quanto ao ciclo que vem após o tempo de folia, releia-se "Sobre a origem de Quaresma".
Na imagem, capa da revista Ilustração Portuguesa nº 781 (5/2/1921) com ilustração do pintor Tomás Leal da Câmara (1876-1948). Digitalização disponível na Hemeroteca Digital. Note-se como, anos depois da reforma ortográfica de 1911, certas publicações mantinham a grafia mais antiga de algumas palavras (portugueza, hoje portuguesa).
2. O uso da preposições com verbos, adjetivos e locuções – as chamadas regências – torna a ser tema no consultório: diz-se «apaixonado por cinema» ou «apaixonado no cinema»? «De mãos dadas a alguém», ou «de mãos dadas com alguém»? E uma dúvida sobre a palavra pecã (ou noz-pecã): no português de Portugal, pronuncia-se com o e aberto, ou este, por ser átono, segue a regra de redução vocálica ("p'cã")?
3. No Alentejo, o que se quer dizer com a frase «vamos lá enregar»? E para que serve uma almotolia, palavra que nos chegou do árabe? Ou, ainda: o que é a segundeira que se retira de um sobreiro? E os javalis à volta dos montes alentejanos – o tema central do 5.º programa da nova série do magazine Cuidado com a Língua! – «afuçam» o quê... e para quê? Na RTP 1, nesta terça-feira, dia 28/02, às 21h00*. Vide, ainda, o apontamento assinado pelo jornalista Ribeiro Cardoso, na página do Clube de Jornalistas portugueses, neste dia.
* Hora de Portugal Continental. A nova série do Cuidado com a Língua!, como qualquer das anteriores oito, passa igualmente nos canais internacionais da RTP (ver aqui), ficando também disponível na página oficial da RTP. Outras informações, aqui.
4. Constrangimentos de vária ordem – sobretudo materiais e humanos, à semelhança do que já aconteceu noutros momentos da história de 20 anos do Ciberdúvidas – forçam o consultório a uma interrupção a partir de 1 de março, a qual se prolongará até 3 de abril. Durante este período, não deixaremos de publicar o que for considerado relevante e sempre que a atualidade assim o justificar, a propósito da língua portuguesa e da sua promoção. Disso daremos conta nos Destaques, em baixo. Para assuntos que não digam respeito a dúvidas gramaticais, continuamos disponíveis nos contactos indicados aqui.
1. Há palavras apenas ou mais usadas em certas épocas do ano, a marcar certos eventos. Por exemplo, em fevereiro, além dos ruidosos festejos do Carnaval, multiplicam-se as notícias sobre a atribuição dos Óscares da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood – em 2017, a cerimónia realiza-se em 26 de fevereiro – e, com elas, ouve-se e lê-se novamente, aqui e ali, o verbo oscarizar e o seu particípio passado, oscarizado, usado adjetivalmente – «o ator oscarizado», «a atriz oscarizada». Será este um uso correto? Sim, porque se trata de um derivado de Óscar, bem formado e com um significado que é compatível com a semântica dos seus constituintes. Diga-se também que oscarizado ainda não generalizou nos dicionários, mas começa a ter aparições: pro exemplo, no Vocabulário Ortográfico do Português. Contam-se, além disso, o derivado oscarizável e o nome comum óscar, «avaliação de uma obra realizada em determinado domínio (arte em geral, ciência etc.) como excepcional e premiável» (Dicionário Houaiss), como conversão do nome próprio Óscar, que corresponde ao inglês Oscar. Por fim, o plural de óscar é óscares, e não "oscars" como às vezes se lê – cf. resposta de João Carreira Bom (28/3/2000) e apontamento de Sara Mourato no Pelourinho (ler mais abaixo).
2. Outro verbo com o sufixo -izar, muito produtivo, mas nem sempre com resultados que inspirem confiança. Por isso, uma pergunta: o verbo empatizar estará bem formado? O seu uso é aceitável? Com perífrases verbais («pode falar»), onde se coloca o pronome pessoal átono? Ou seja, o que é melhor: «pode falar-se», ou «pode-se falar»? Por último, diz-se «estudar português», ou «estudar o português»? As respostas no consultório.
3. No Pelourinho, além da grafia já aportuguesado do nome Óscares, Sara Mourato surpreende uma cedilha intrusa na escrita de uma forma verbal que a dispensa: conhece.
4. Reforça-se a consciência de que o bilinguismo tem enormes vantagens cognitivas, mas para o êxito é necessário o envolvimento afetivo dos falantes. Uma peça do Diário Notícias (24/2/2017) mostra que, como em tudo na vida, a aprendizagem de uma língua estrangeira é também facilitada pela intimidade.
5. Virando a atenção para o que se passa a norte de Portugal, para lá do rio Minho:
– É de assinalar que em 21 de fevereiro p. p. – Dia Internacional da Língua Materna – foi lançado o documentário Porta para o Exterior, que Sabela Fernández e José Ramom Pichel realizaram. É um filme que, por um lado, suscita preocupação pelo futuro do galego, que perde falantes de forma vertiginosa, segundo dados de 2013; por outro, na perspetiva do reintegracionismo, defende uma mudança de atitude, que conceba a língua da Galiza não como uma relíquia medieval mas como uma ponte para o mundo que fala português.
– Registe-se ainda aqui a publicação de Ortografia Galega Moderna – Confluente com o Português no Mundo, uma obra coordenada por Eduardo Maragoto e Joseph Ghanime, na qual «se descreve todos os usos gráficos reintegracionistas» e se propõe «dar resposta às dúvidas ortográficas e morfológicas que a gente da Galiza encontra». Lembramos que o reintegracionismo é uma corrente que na Galiza advoga a convergência do galego com o português em vários níveis, designadamente na ortografia.
6. Em foco nos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa, a proposta de aperfeiçoamento do Acordo Ortográfico que a Academia das Ciências de Lisboa (ACL) viu rejeitada pelo parlamento e pelo governo de Portugal. O Língua de Todos de sexta-feira, 24 de fevereiro (às 13h15*, na RDP África, com repetição no sábado, 25 de fevereiro, depois do noticiário das 9h00*), ouve o linguista Evanildo Bechara, da Academia Brasileira de Letras, que critica esta iniciativa unilateral. No Páginas de Português de domingo, 26 de fevereiro (na Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte, às 15h30*), o presidente da ACL, Artur Anselmo, explica quais as razões da iniciativa e quais as alterações sugeridas, que lhe valeram críticas contundentes dos académicos João Malaca Casteleiro, Rolf Kemmler e Telmo Verdelho.
* Hora oficial de Portugal continental.
1. No consultório, torna-se ao uso das formas terminadas em nasal na conjugação pronominal: por exemplo, como pronominalizar «leiam este livro»? "Leiam-o"? Igualmente volta o tema da nem sempre fácil da distinção entre prefixos e elementos de composição: no verbo justapor, a forma justa- será o quê? E regressam as questões à volta dos graus dos adjetivos: qual o superlativo absoluto sintético de esguia?
2. Que significa comunicar bem? De que modo contribuem a gramática e o estilo para a credibilidade do discurso oral ou escrito? A professora Sandra Duarte Tavares vai ao encontro destas interrogações numa reflexão publicada na edição digital da revista portuguesa Visão (21/2/2017) e agora também disponível na rubrica O nosso idioma.
3. Impõe o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (AO) que a locução interrogativa «por que» passe a ter a grafia porque? No Correio, uma breve observação sobre os limites do AO.
4. Olhando para o que se faz em Espanha em matéria de planificação e aconselhamento linguísticos dos media, dá-se conta de um parecer da Fundéu BBVA, que recomenda neste dia a substituição do anglicismo blockchain por cadena de bloques. Trata-se da designação de uma tecnologia que garante a fidedignidade das operações feitas pela Internet, na moeda virtual Bitcoin, consistindo no «registo compartilhado por milhões de computadores conectados onde se inscrevem e arquivam as transações de duas partes de maneira verificável, permanente e anónima sem a necessidade de intermediários» (tradução livre da definição da Fundéu BBVA). E, em português, como achar termo vernáculo equivalente a blockchain? Ainda não parece haver palavra, mas as línguas irmãs podem ajudar: tomando como fontes de inspiração quer a solução espanhola quer a do Office Québecois de la Langue Française, que apresenta «chaîne de blocs» – literalmente «cadeia de blocos» – afigura-se adequado propor «cadeia de blocos».
5. Entre as notícias da atividade literária em língua portuguesa, saliente-se a 18.ª edição do Correntes d'Escritas, que decorre na Póvoa de Varzim até 25 de fevereiro p. f. Mais informação aqui.
6. Nos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa, o tema central é a proposta de aperfeiçoamento do Acordo Oortográfico que a Academia das Ciências de Lisboa (ACL) viu rejeitada pelo parlamento e pelo governo de Portugal:
– No Língua de Todos de sexta-feira, 24 de fevereiro (às 13h15*, na RDP África, com repetição no sábado, 25 de fevereiro, depois do noticiário das 9h00*), o linguista Evanildo Bechara, da Academia Brasileira de Letras, critica esta iniciativa unilateral.
– No Páginas de Português de domingo, 26 de fevereiro (na Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte, às 15h30*), o presidente da ACL, Artur Anselmo, explica quais as razões da iniciativa e quais as alterações sugeridas, que lhe valeram críticas contundentes dos académicos João Malaca Casteleiro, Rolf Kemmler e Telmo Verdelho.
* Hora oficial de Portugal continental.
1. Qual é a diferença entre arrear e arriar? E o que dizer dos modismos «estar à condição», «funcionar por defeito» e «realizar que...» que enxameiam o discurso mediático, em Portugal? Sobre o primeiro tema, a professora Maria Regina Rocha escreve um texto que deixamos disponível na rubrica O Nosso Idioma, em resposta a dúvidas geradas pela grafia da locução «arrear (o) cabo», utilizada no 4.º programa da 9.ª série do magazine televisivo Cuidado com a Língua!. Na mesma rubrica fica o artigo saído no jornal Público (16/2/2017), da autoria do professor universitário António Bagão Félix*, criticando o uso dessas expressões três expressões de uso tão inadequado nos meios de comunicação portuguesa.
* Sobre o apelido Félix, que pronuncia como "félis" – ou seja, com s final, e nunca como "félics" – vem a propósito registar um outro tema da atualidade em Portugal, a Operação Fénix. Ora, a palavra fénix deve também ser pronunciada com "s" final (e não com "cs"). Sobre a pronúncia de palavras graves grafadas com -ix final, leiam-se "Félix" e "Fénix".
2. O purismo linguístico tem futuro? O que se entende por língua correta? São questões suscitadas pela leitura do texto que o historiador brasileiro Leandro Karnal publicou em 15/2/2017 no jornal digital Estadão e que se encontra igualmente acessível na rubrica Controvérsias.
3. No consultório, dois tópicos de gramática: retoma-se a construção do grau superlativo relativo e fala-se de regências.
4. Entre os assuntos da atualidade, tem relevo a realização da IV Cimeira Luso-Cabo-Verdiana, na Cidade da Praia, no dia 20 de fevereiro, durante a qual o primeiro-ministro português, António Costa, e o seu homólogo de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, rubricam o Programa Estratégico de Cooperação 2017-2021, que prevê o reforço da intervenção portuguesa na consolidação e melhoria do sistema educativo cabo-verdiano – cabo-verdiano, e não "caboverdiano". Sobre Cabo-Verde, a sua cultura e a sua situação linguística, consultem-se: "Cabo Verde sem tradução", "Cabo Verde lança a sua academia de letras", "Ensino cabo-verdiano adota Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa", "A pronúncia de paulense (natural de Paul, Cabo Verde)", "Topónimos começados por Tôp (crioulo, Cabo Verde)", "As línguas crioulas de Cabo Verde e Guiné", "Formação de professores de Língua Portuguesa em Cabo Verde". Veja-se também a seleção de textos de autores cabo-verdianos na Antologia.
5. Como anunciado oportunamente, por razões de programação do primeiro canal da televisão pública portuguesa, com a transmissão da Liga dos Campeões Europeus de futebol no dia 21, a nova série do Cuidado com a Língua! regressa com novos episódios no dia 28 de fevereiro p. f., no mesmo horário, tanto na RTP 1 como na RTP Internacional. Mais informações aqui.
1. A respeito de João Malaca Casteleiro, um dos membros da delegação portuguesa que elaborou o Acordo Ortográfico de 1990 (AO), escreve-se no jornal digital Observador (13/2/2017): «Passados quase 30 anos, o linguista afirma que nunca pensou que ainda estaria a falar do mesmo assunto. Apesar disso, sente que tem de o fazer para que todos percebam o que estava e está em causa, que nada foi feito ao acaso e que o novo Acordo Ortográfico, tal como é, foi a melhor solução final possível.» São frases introdutórias de uma entrevista conduzida pela jornalista Rita Cipriano, na qual, ainda a propósito da rejeição por parte do parlamento e governo portugueses da proposta da Academia das Ciências de Lisboa (ACL) para aperfeiçoamento do AO, Malaca Casteleiro fala da história recente da ortografia em Portugal e faz duras críticas à atual presidência da ACL. Este trabalho fica disponível também na rubrica Acordo Ortográfico.
2. No seio da CPLP, continua a distinguir-se Angola, que não ratificou o AO. Igualmente na rubrica Acordo Ortográfico, transcreve-se um artigo saído no Jornal de Angola em 14/2/2017, sob o título "É preciso retificar para ratificar", cujo autor, Wa-Zani, faz o historial da posição angolana sobre esta matéria, considerando «relevante o trabalho aprovado em plenário [de 26/1/2017] pela Academia de Ciências de Lisboa», porque «a forma dinâmica e não estática de se encarar a questão do AO90 permite aos académicos e outros membros da sociedade civil abordarem esta problemática de forma abrangente, tolerante e descomplexada, diferentemente de muitos políticos, que fazem da Língua Portuguesa um cavalo de batalha».
3. Continuando com o tema da ortografia em clima de querela, registe-se a organização do cordão humano «Em aCção contra o "acordo ortográfico"» em 16 de fevereiro p. f., em Lisboa, da sede da ACL ao Tribunal Constitucional, evento da iniciativa da médica Madalena Homem Cardoso.
4. Na referência a um biénio, deve escrever-se 2016-2017, ou 2016-17? Quem ouve rádio é um radio-ouvinte, ou radiouvinte? E que história tem a palavra chalé? Estas e outras perguntas no consultório.
5. Sobre os programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa:
– «No fundo» «fui sempre uma criança que chorava» – confessou Fernando Pessoa, mas tal asserção não basta. Na Fundação Calouste Gulbenkian, de 9 a 11 de fevereiro de 2017, decorreu a 4.ª edição do Congresso Internacional Fernando Pessoa. Mais de 40 estudiosos da obra do autor de Ode Marítima e de Tabacaria apresentaram comunicações inéditas, lançaram questões e responderam a dúvidas do público. No Língua de Todos , transmitido na sexta-feira, 17 de fevereiro (às 13h15*, na RDP África, com repetição no sábado, 18 de fevereiro, depois do noticiário das 9h00*), Richard Zenith fala sobre o eu em Pessoa e a influência do inglês na obra do poeta, que, tendo vivido a adolescência em Durban (África do Sul), fez a escolarização nessa língua.
– O 4.º Congresso Internacional Fernando Pessoa também está em foco no Páginas de Português de domingo, 19 de fevereiro (na Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte, às 15h30*), numa conversa com o filósofo e escritor José Gil, que explica quem é Pessoa.
* Hora oficial de Portugal continental.
6. Voltamos com nova atualização na segunda-feira, dia 20 p.f.
1. Comemora-se nesta data o Dia Mundial da Rádio, instituído pela UNESCO e aprovado em 2013 pela ONU. Coincidindo com o aniversário da Rádio das Nações Unidas, que arrancou em 1946, trata-se de uma iniciativa que este ano tem por objetivo incentivar a maior participação das audiências e comunidades nas políticas e no planeamento da radiodifusão. Sobre o tema da rádio e algumas palavras derivadas consultem-se, no arquivo do Ciberdúvidas, "Pela língua portuguesa na rádio e na televisão", "Pelo bom português na rádio e na televisão públicas", "Radiodespertador vs. rádio-despertador", "Radiocontrolada", "Radiomodelismo", Sobre a flexão de emissor e recetor", "A formação dos termos radiografia e electrocardiograma", "«Todas as músicas que sabe(m) bem ouvir»?", "Radialista", "Radiouvinte" e "Relator, relatador ou narrador?".
2. Dois outros tópicos da atualidade ao encontro das preocupações com a promoção do nosso idioma:
– As notícias de França dão conta de ter aumentado (pouco) o número de professores contratados para ensinar português nas escolas. Sobre as promessas feitas em 2016, por ocasião da visita do presidente francês François Hollande a Portugal, releia-se "A língua entre o interesse por ela (em França) e o seu desleixo... oficial (em Portugal)"; e acerca dos bons e maus momentos por que tem passado o português em terras gaulesas, consultem-se ainda "Boas notícias para o ensino do português em França" (2012), "Professores de português na França, Suíça, Espanha e Inglaterra – O regresso a casa" (2011), "Ensinar em Português" (2007). Ler também o que se publicou em 2010 no Observatório da Emigração e um artigo de uma grande figura da lusofonia, Solange Parvaux (1933-2007).
– A deslocação a Luanda do ministro português dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, preparatória da visita oficial do primeiro-ministro António Costa à capital angolana, é uma oportunidade para abordar aspetos da política linguística lusófona no contexto da CPLP. No concernente ao português angolano, nesta subárea temática da rubrica O Nosso Idioma, sugerimos a (re)leitura das crónicas de Edno Pimentel designadamente "O susto de Talapaxi", ou de artigos sobre a influência das linguas nacionais. E, a propósito da tragédia ocorrida num estádio de futebol em Uíje, em 11/2/2017, recorde-se o que aqui se disse sobre a grafia deste topónimo – Uíje, com j, e não "Uíge" –, bem como à volta da ortografia da toponímia angolana em geral ou de outros temas.
3. Quando se pensa em como apareceram, os topónimos deixam toda a gente intrigada. Pergunta-se, por exemplo, se Cancelinha, nome de uma rua em Matosinhos, fazia originalmente alusão a uma cancela pequena – talvez não... E sobre Estremoz (distrito de Évora), uma velha dúvida: tem o aberto ou fechado? O consultório dá resposta a estas duas questões e a uma terceira: donde vem o verbo lotar?
4. Ainda a respeito dos aperfeiçoamentos do Acordo Ortográfico (AO) propostos pela Academia de Ciências de Lisboa (ACL) e da sua rejeição pelo parlamento e pelo governo de Portugal, a rubrica Acordo Ortográfico disponibiliza o artigo que três membros da ACL – João Malaca Casteleiro, Telmo Verdelho e Rolf Kemmler –, publicaram no semanário Expresso em 11/2/2017, para manifestarem total discordância com a mencionada proposta, que, além «vã» e inoportuna», consideram sem «o rigor científico indispensável a um empreendimento académico desta natureza». E perguntam: «Então, andaram os nossos grandes mestres da Filologia e da Linguística, portugueses e brasileiros, a labutar pela defesa da unidade essencial da língua e agora atraiçoamos esse património?». Também nesta mesma edição do Expresso, mas contra o AO, escreveu o jornalista e escritor Miguel Sousa Tavares, com a seguinte tese: «Se a nossa pátria é a língua portuguesa*, o Acordo Ortográfico de 1990 foi uma traição à pátria»**.
* Alusão à célebre frase de Fernando Pessoa «Minha pátria é a língua portuguesa», em texto inserto no "Livro do Desassossego" (Bernardo Soares, ed. de Jacinto do Prado Coelho, Lisboa, Ática, 1982 vol. I, págs. 16-17). Nele, o poeta manifestava o seu «odio verdadeiro» às principais alterações introduzidas pela pela reforma ortográfica de 1911, a primeira da língua portuguesa: a substituição do y pelo i e a de todos os dígrafos de origem grega por grafemas simples (o th substituído por t, o ph por f, o ch, com valor de [k], substituído por c ou qu, e o rh substituído por r ou rr).
** ligação também incluída no apanhado de reações à iniciativa da Academia das Ciências de Lisboa constantes no documento "Sugestões para o aperfeiçoamento do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa", na rubrica em apreço.
5. Por razões de programação do primeiro canal da televisão pública portuguesa, com transmissões da Liga dos Campeões Europeus de futebol nos dias 14 e 21, a nova série do Cuidado com a Língua! faz uma interrupção de duas semanas, voltando a ser transmitido no dia 28 de fevereiro p. f., no mesmo horário, tanto na RTP 1 como na RTP Internacional. Mais informações aqui.
1. No Correio, o consulente Ângelo A. Vaz fala de dois atropelos à língua portuguesa: nas placas dos percursos pedestres, confundem-se as unidades de tempo com as unidades goniométricas (relativas à medição de ângulos); entre os profissionais de rádio e televisão, é urgente melhorar a dicção, porque são frequentes desleixos como "tamém" (= também) ou "pà" (= «para a»).
2. Como escrever? «Uva passa» ou uva-passa? "Video-arte", ou videoarte? «À vontade» ou à-vontade? As respostas estão no consultório.
3. Sucedem-se em Portugal as reações à decisão do parlamento e do Governo de não aceitarem a revisão unilateral do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (AO) proposta pela Academia das Ciências de Lisboa (ACL) em audição parlamentar realizada em 7/2/2017. À volta deste assunto, a rubrica Acordo Ortográfico tem selecionado várias ligações, para dar conta de como a questão ortográfica absorve a atenção dos Portugueses. Assim, leiam-se Francisco José Viegas (Correio da Manhã, 9/2/2017), que declara sombriamente ter-se o AO «estabelecido em terra queimada»; Joana Petiz (Diário de Notícias, 9/2/2017), que se resigna a ver o AO como um facto consumado entre a população mais jovem; ou o blogue Acordo Ortográfico: O que mudou?, onde se publicou em 30/1/2017 o texto intitulado "Propostas da Academia de Ciências para o AO90: a montanha pariu um musaranho!". Igualmente se dá acesso a outros documentos, como um manifesto em que Ana Salgado, coordenadora dos trabalhos para a nova edição do dicionário da ACL, clarifica a sua posição sobre o AO; e a dura crítica que Rolf Kemmler, sócio correspondente estrangeiro da ACL, dirige aos proponentes da revisão. Finalmente, a mesma rubrica disponibiliza o artigo "Não ao Acordo Heterográfico", que o jornalista Henrique Monteiro publicou no semanário Expresso em 9/2/2017 e do qual se transcreve a seguinte passagem: «É [...] racionalmente inexplicável uma polémica tão antiga a respeito de algo que – ao contrário do que nos querem impingir – nada tem a ver com pureza da língua ou com as confusões de palavras. Quem estudou um pouco de linguística sabe que as palavras são sempre entendidas no contexto de frases e não isoladamente – tanto faladas como escritas. Por isso canto (verbo cantar), canto (da sala) ou canto (no futebol) podem ser escritas da mesma maneira e sempre entendidas consoante o contexto.»
4. Da Galiza chegam notícias sobre a apresentação em 1/2/2017 do livro As Irmandades da Fala, cen anos despois, com o qual o grupo de Investigação Linguística e Literária Galega da Universidade da Corunha marcou a comemoração do centenário daquele movimento, fundado em 1916 na Corunha e que tinha, entre os seus objetivos, uma aproximação ao mundo de língua portuguesa1. Refletindo sobre o que ficou do impulso dado pelas Irmandades da Fala à promoção do galego, a coordenadora do volume, Carme Fernández Pérez-Sanjulián não escondeu certo pessimismo: «Debemos preguntarnos se se acadou a plena normalización da lingua na nosa terra.»
1 Em 16 de fevereiro de 2016, também o Ciberdúvidas se juntou de algum modo a estas comemorações, ao organizar com a Universidade Sénior de Almada uma palestra proferida pelo investigador e crítico literário galego Isaac Lourido (Prémio Carvalho Calero de Ensaio em 2014), com o título "Cem anos de cultura galega moderna: das Irmandades da Fala ao Ano Castelao". Na imagem, o primeiro número (16/12/1916) do boletim A Nosa Terra, porta-voz das Irmandades da Fala.
5. Os programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa centram a sua atenção no lançamento da plataforma de ensino a distância Português mais Perto, projeto resultante da colaboração editorial entre o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua e a Porto Editora. Sobre esta iniciativa, o Língua de Todos de sexta-feira, 10 de fevereiro (às 13h15**, na RDP África, com repetição no sábado, 11 de fevereiro, depois do noticiário das 9h00**), entrevista Vasco Fernandes Teixeira, administrador da Porto Editora, explica quais serão os utilizadores da nova plataforma, a que aqui já se deu relevo. Também o Páginas de Português de domingo, 12 de janeiro (na Antena 2, às 12h30**, com repetição no sábado seguinte, às 15h30**), foca a apresentação desta plataforma numa conversa com o secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro.
* Lembramos a atividade desenvolvida pela Ciberescola da Língua Portuguesa e pelos Cibercursos da Língua Portuguesa no âmbito do ensino a distância e da aprendizagem do português, conforme realça a abertura de 6/2/2017.
** Hora oficial de Portugal continental.
1. No parlamento de Portugal, em audição convocada em 7/2/2016, os deputados da Comissão Parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto rejeitaram as Sugestões para Aperfeiçoamento do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, aprovadas pela Academia das Ciências de Lisboa em 26/1/2017, por considerarem que uma revisão ortográfica no contexto do português europeu só é negociável em sede própria, ou seja, no Instituto Internacional da Língua Portuguesa (ler notícia no jornal Expresso e num apontamento de 7/2/2017 no Telejornal da RTP 1, aos 50' 49''). Também o ministro do Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, reforçou que se deve «[...] aguardar serenamente que o processo de ratificação seja concluído para que o acordo possa entrar em vigor em todos os países que o assinaram e o aprovaram», visto que se trata de «um acordo internacional que obriga o Estado português» (ler peça da agência Lusa, no jornal Público). Recorde-se que um dos argumentos dos opositores ao AO é o de este ainda não ter sido ratificado por todos os países da CPLP, designadamente, Angola e Moçambique. Se é verdade que, no caso angolano, não se vislumbram iniciativas para aplicar o AO, deve assinalar-se que, em Moçambique, já se dispõe de um vocabulário ortográfico nacional conforme o normativo em causa e o conselho de ministros aprovou a sua ratificação há bastante tempo, em 2012, mas falta ao parlamento moçambicano concluir o processo. Na rubrica especificamente destinada a este tema do Acordo Ortográfico – e tendo sempre em conta as suas diferentes vertentes (informação factual, polémica, anti e pró, e sugestões e propostas concretas para o seu aperfeiçoamento, entre outras mais três subáreas) – fica um apanhado destes e de outros textos publicados entretanto sobre o assunto.
2. Para quem lê e escreve, como saber ao certo o que ou não é um plágio? A rubrica O nosso idioma apresenta uma reflexão de D'Silvas Filho sobre este problema, que motiva acusações frequentes, umas fundamentadas, outras precipitadas e injustas.
3. Às canções da música urbana portuguesa, que conjugam a linguagem popular com os estilos musicais de origem americana e os seus anglicismos – hip-hop, é um caso –, também se exige correção gramatical? Por exemplo, no verso «e a nossa filha já vai ter um mano ou mana», não se terá o rapper* esquecido da palavra uma? O consultório dá um parecer sobre este tópico, relacionado com a variação por registos. Desta atualização, fazem parte duas outras perguntas: aceita-se o uso da locução «toda a sorte de»? E diz-se «obrigados a cantar», ou «obrigados a cantarem»?
* Um rapper é um cantor/músico/praticante de rap, anglicismo que designa um «género de música popular, urbana, que consiste numa declamação rápida e ritmada de um texto, com alturas aproximadas» (Dicionário Houaiss). (cf. idem). Poderia pensar-se em aportuguesamentos para hip-hop, rap ou rapper, mas estes modismos ingleses são autênticos símbolos identitários nos meios da música popular urbana de Portugal e de outros países não anglófonos, de tal maneira que, por enquanto, pode parecer descabido propor-se uma adaptação a padrões vernáculos.
4. Temas dos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa:
– Uma plataforma de ensino a distância – Português mais Perto – acaba de ser apresentada no auditório do Instituto Camões*, neste fevereiro friorento, em Lisboa, contando com a presença do ministro luso dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva e do secretário de Estado das Comunidades portuguesas, José Luís Carneiro. O projeto resulta da colaboração editorial entre o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua e a Porto Editora e tem como público-alvo as crianças e jovens que iniciaram o percurso educativo em Portugal e, agora, em virtude da emigração temporária dos seus pais, se encontram a residir no estrangeiro, tendo no seu horizonte voltar ao sistema escolar português; mas também para as crianças e jovens de origem portuguesa escolarizados no estrangeiro, para os quais foi criada a oferta de Português Língua de Herança. No Língua de Todos de sexta-feira, 10 de fevereiro (às 13h15**, na RDP África, com repetição no sábado, 11 de fevereiro, depois do noticiário das 9h00**), Vasco Fernandes Teixeira, administrador da Porto Editora, explica quais serão os utilizadores da nova plataforma, a que aqui já se deu relevo.
– Ainda respeito do mesmo tema, o Páginas de Português de domingo, 12 de janeiro (na Antena 2, às 12h30**, com repetição no sábado seguinte, às 15h30**), conversou com secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro.
* Lembramos a atividade desenvolvida pela Ciberescola da Língua Portuguesa e pelos Cibercursos da Língua Portuguesa no âmbito do ensino a distância e da aprendizagem do português, conforme realça a abertura de 6/2/2017.
** Hora oficial de Portugal continental.
1. Constantes já de vários esclarecimentos anteriores no Ciberdúvidas são a prolação da palavra acordo, no plural, e o erro da "precaridade", em vez de precariedade. Voltamos a eles no contexto das negociações da concertação social, em Portugal e do que se voltou a ouvir em declarações públicas relacionadas com este tema. Foi o caso da entrevista dada em 5/2/2017 ao programa Conversa Capital (Antena 1) pelo líder da CGTP, Arménio Carlos, que, como já parece seu hábito, não evitou dois velhos tropeções: "precaridade" e "acórdos" (aos 6' 18'' e 6' 48'' do registo áudio). Repita-se – as vezes necessárias – que o substantivo derivado de precário é precariedade, com um e entre as sílabas -ri- e -da- desta palavra; que o plural de acordo tem o fechado ("acôrdos"); e que, havendo dúvidas, estão sempre disponíveis para consulta as perguntas e os artigos do vasto arquivo do Ciberdúvidas, por exemplo, aqui e aqui.
2. Na atualização deste dia do Ciberdúvidas entraram entretanto três novas respostas, no consultório: haverá equivalente português para o anglicismo stand-up comedy? O advérbio de lugar atrás pode ter valor temporal? E como é que se conjuga pronominalmente levares em «é melhor levares a caixa»?
3. A lufa-lufa dos rebocadores e de quem neles trabalha na barra do Tejo é o cenário do 4.º programa da nova série do magazine Cuidado com a Língua!, transmitido pela RTP 1 nesta terça-feira, 7 de fevereiro, depois das 21h001. Com as expressões, ditos, curiosidades, mas também com algumas das confusões mais recorrentes desta linguagem náutica. Por exemplo: porquê bombordo e porquê estibordo? E «andar à frente» e «andar à ré»? E a diferença entre barco, barca, iate e cruzeiro? E a frase «deixar barco e redes», o que significa? E «arrear cabo»? Finalmente: o que se quer dizer, em São Tomé e Príncipe, com o provérbio «o mar enche e vaza»?
1 Hora de Portugal Continental. A nova série do Cuidado com a Língua!, como qualquer das anteriores oito, passa igualmente nos canais internacionais da RTP (ver aqui), ficando também disponível na página oficial da RTP. Outras informações, aqui.
4. Nesta terça-feira realizar-se-á também o lançamento, em Lisboa, da plataforma de ensino a distância Português mais Perto, resultante de uma parceria entre o Instituto Camões e a Porto Editora, visando apoiar a competência linguística de jovens de famílias falantes de português radicadas em países não lusófonos. É de lembrar que a Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa igualmente intervém na área do ensino a distância em Portugal, por intermédio das plataformas Ciberescola da Língua Portuguesa e Cibercursos, as quais contam já com anos de experiência na preparação e realização de aulas bem como na produção de recursos destinados à disciplina de Português em diferentes modalidades – língua materna (PLM), língua não materna (PLNM), língua de herança, ou língua estrangeira (PLE). Importa ainda realçar que a atividade da Ciberescola abrange, entre outros, o Projeto de Cursos de PLNM a Distância da Ciberescola, que funciona em regime de aprendizagem mista (blended learning) e consiste num processo de cooperação institucional e educativa da Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa/Ciberescola, da Direção-Geral de Educação (Ministério da Educação) e de agrupamentos e escolas não agrupadas da rede pública de ensino.
5. De Angola, chegam ecos da questão à volta do português usado nas escolas, na administração, nas empresas ou na comunicação mediática deste país. Um texto do escritor e jornalista angolano José Luís Mendonça, disponível no blogue da Associação Internacional dos Colóquios da Lusofonia (AICL) – e que fica também na rubrica O Nosso Idioma, na área temática O português em Angola –, apresenta um quadro preocupante, a pedir uma intervenção exigente do Estado e de outras entidades responsáveis, conforme sublinha o autor num parágrafo: «A versão popular, que eu chamo de portungolano, pode ser usada na rua, nos corredores da escola, no seio da família e no discurso literário, mas, na sala de aula, na burocracia do Estado e das empresas privadas e no noticiário da TPA [Televisão Pública de Angola] é o português oficial que deve servir de veículo da comunicação. Sem concessões de espécie alguma. O resto são balelas para adormecer incautos e para alguns licenciados se vangloriarem com teses mal concebidas.»
1. Querendo proferir palavras menos habituais, como coevo («da mesma época») ou longevo («com longa vida»), há sempre hesitação. É que, com estas palavras graves, não se consegue saber apenas pela leitura se a vogal e do elemento -evo tem timbre aberto ou fechado, o que obriga a conhecer a sua pronúncia pelo exemplo de quem domina a língua culta ou por uma transcrição fonética, recurso ainda pouco generalizado entre os falantes de português. Um caso destes leva o consultório a responder à seguinte pergunta: como pronunciar primevo? Continuando com o tema da relação fonia-grafia, alguém se interroga sobre o vocábulo espírita, «adepto do espiritismo»: poderá este deixar de ser esdrúxulo e perder o acento gráfico? Passando à sintaxe, para (com os dois aa fechados) é sempre uma preposição, ou também ocorre como conjunção? Finalmente, já que, ao mencionar espiritismo, se alude a espíritos e à vida imaterial, uma dúvida: existe algum verbo derivado de fantasma?
2. Na rubrica Acordo Ortográfico, ficou disponível o texto da palestra que o filólogo e linguista alemão Rolf Kemmler, investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, proferiu em 12/01/2017 na sua tomada de posse como Sócio Correspondente Estrangeiro da Academia das Ciências de Lisboa (ACL). Intitulado O papel da ACL no estabelecimento de uma ortografia simplificada e unificada para a lusofonia: perspetiva histórica e responsabilidade atual, este trabalho avalia o contributo da ACL para a definição e fixação da ortografia do português, desde que foi fundada, nos finais do século XVIII, até à atualidade, no preciso momento em que, como já aqui se assinalou, esta instituição publicou uma proposta de alteração do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Observa Kemmler, entre outras considerações: «Como 'órgão consultivo do Governo português em matéria linguística' desde 1978, é por incumbência da Convenção Ortográfica Luso-Brasileira de 1943 que a Academia das Ciências de Lisboa deve destacar-se por uma atitude científica em matéria ortográfica, caraterizada pela serenidade e pela sobriedade. No que respeita à questão secular da ortografia simplificada e unificada, infelizmente, tal nem sempre se tem verificado.»
3. Quanto aos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa, assinale-se que o tema central do Língua de Todos de sexta-feira, 3 de fevereiro (às 13h15*, na RDP África, com repetição no sábado, 4 de fevereiro, depois do noticiário das 9h00*), são os crioulos, numa conversa com a professora Dulce Pereira. O Páginas de Português de domingo, 5 de janeiro (na Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte, às 15h30*) entrevista o presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, sobre a iniciativa Escritores no Palácio de Belém, bem como acerca do Acordo Ortográfico, – depois das propostas de alteração elaboradas pela Academia das Ciências de Lisboa – e da promoção global da língua portuguesa.
* Hora oficial de Portugal continental.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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