Água e aquático pertencem à mesma família de palavras, mas, no contexto do funcionamento do português contemporâneo ou de outra fase anterior, não se considera que o segundo vocábulo seja formado a partir do primeiro.
Não obstante o adjetivo aquático ser da família de palavras de água, é necessário ter em conta que transitou do latim ao português por via erudita: aquatĭcus > aquático. É no âmbito do funcionamento do latim que o adjetivo aquatĭcus pode ser analisado como derivado, com base no aquat- de aquātus, a, um, particípio passado do verbo aquāri («prover-se de água»); este, por sua vez, deriva de aqua, aquae, ou seja, «água».
Sem se impor o conhecimento da história de cada vocábulo para identificar uma família de palavras, a linguística contemporânea considera que é frequente um radical, um sufixo ou outros morfemas se apresentarem com mais de uma forma; será este, portanto, o caso da família de palavras de água, que inclui alguns membros cujo radical é aqu- (aquático, aquoso), e não agu- (aguadeiro). Chama-se a esta variação alomorfia e aos elementos que estão em variação alomorfes, como a seguir se explica:
«Há [...] situações em que um morfema apresenta variações ao nível do significante, ou seja, nos segmentos fonológicos que o compõem. Esta variação designa-se por alomorfia [...] e a realização concreta de cada morfema por alomorfe [...]. Encontra-se neste caso o alomorfe -bil que o sufixo -vel toma em contexto derivacional [possível > possibilidade]» (Graça Rio-Torto et al. Gramática Derivacional do Português, Coimbra, Imprensa da Universidade, 2016, p. 43/44).