Com a frase «Alma até Almeida» pretende-se elogiar quem nunca desiste, quem leva até ao fim um trabalho árduo ou perigoso – como se regista no Dicionário de Expressões Correntes (Editorial Notícias, 2.ª edição, 2000), de Orlando Neves, que descreve assim a origem histórica deste adágio popular português:
«Almeida, pela sua localização próximo da fronteira, foi sempre uma povoação ameaçada e daí a sua fortificação. Em vários tempos [da história de Portugal], Almeida foi cenário de cercos e batalhas. Entre todas, sobreleva a sua participação na guerra civil entre liberais e miguelistas e sobretudo, durante as Invasões Francesas, em especial na última, comandada pelo marechal Massena.
Mário Domingues narra, assim, a caminhada do exército francês: "Depois de ter tomado Ciudad Rodrigo e transposto o rio Coa, deparou-se-lhe a praça de Almeida, defendida por cerca de 4000 homens, sob o comando do brigadeiro inglês William Cox. Em 28 de Julho, Massena manda proceder a um reconhecimento, com o marechal Ney e os generais Eblé, Fririon e Lazowski. Abriram trincheiras diante daquela praça e iniciaram um bombardeamento vivo e incessante, no dia 26 de Agosto, ao qual respondiam os sitiados com inusitado valor.
Ao declinar da tarde, o bombardeamento afrouxou um pouco, mas, já quase à noite, uma bomba francesa incendiou o paiol que guardava toda a pólvora existente na fortificação. Uma tremenda explosão fez ir pelos ares o castelo e os respectivos armazéns, que ocupavam o centro da praça. A vila converteu-se num pavoroso montão de destroços; as peças de artilharia ou foram desmontadas ou precipitadas no fosso.
Contavam-se 500 mortos e numerosos feridos. Um espectáculo horroroso! Os Franceses não se comoveram. Durante toda a noite persistiram em varejar os sobreviventes.
Só na manhã de 27 mandou Massena uma proposta de capitulação com a promessa de condições honrosas à guarnição. William Cox repeliu a proposta do marechal francês. Guardava a esperança de ainda vir a ser socorrido. Mas, por infelicidade, as condições atmosféricas tinham impedido a observação do horror que ocorria na praça de Almeida. Cox não pôde ser socorrido. Contudo, até às duas da tarde de 27 de Agosto os defensores sustentaram galhardamente o fogo. Mas as circunstâncias adversas obrigaram a guarnição a capitular, com as honras da guerra, ficando prisioneira, enquanto as milícias eram mandadas para suas casas.»