A expressão «apresentar desculpas» é tão legítima como «pedir desculpas», porque a palavra desculpa não se comporta como perdão.
Com perdão, apenas quem foi paciente ou alvo de ação danosa pode «dar perdão», «conceder perdão».Com desculpa, o agente da ação danosa (ou quem tenha ou sinta responsabilidade por isso) tanto pode «pedir desculpa» como «apresentar desculpas», porque no primeiro caso «desculpa» é equivalente a «perdão», enquanto no segundo é equivalente a «justificativa».
Note-se que o próprio verbo correspondente permite esta dualidade:
1. Ele desculpou o filho do mau comportamento/desculpou o mau comportamento do filho. [= «perdoou»]
2. O filho desculpou-se pelo mau comportamento. [= «justificou-se»; neste caso, o verbo torna-se reflexo]
Acrescente-se que o dicionário da Academia das Ciências de Lisboa regista como subentradas associadas a desculpa tanto a expressão «pedir desculpa» como «apresentar desculpas», dando-se a esta última, registada como equivalente a «solicitação de perdão», um tom mais formal. Semanticamente próximas, são ainda as locuções coloquiais «dar uma desculpa» e «arranjar uma desculpa», nas quais desculpa é sinónimo de escusa ou pretexto (cf. idem, ibidem).