Trata-se de uma palavra ligada ao mundo rural, sobretudo, a norte do Mondego, que, segundo o dicionário da Academia das Ciências de Lisboa (s. v. eido), significa genericamente «pequeno terreno junto de casa» e tem como sinónimos pátio, quintal, quinteiro, terreiro. A mesma fonte regista-lhe ainda as seguintes aceções: «recinto para animais, anexo às casas aldeãs» (é sinónimo de corte e curral); e, equivalente a sítio, «lugar que compete a um pessoa ou coisa», uso que se abona na obra de Camilo Castelo Branco (idem, ibidem):
«Dinheiro não tenho; só se queres que eu venda a casa me vá depois pedir um eido nos palheiros dos lavradores, à beira dos cães.» (Camilo Castelo Branco, Novelas do Minho, Lisboa, Parceria António Maria Pereira, 1903, pág. 176)*
Em nota etimológica, o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa indica que é vocábulo com origem no «latim adĭtus, us 'ação de ir para, ato ou fato de se aproximar; entrada, acesso, passagem', do verbo adīre 'ir para, chegar até' [...].»
Refira-se ainda que um quinteiro é termo também conotado com a vida do campo, conforme se infere pela suas definições no Dicionário Houaiss: «1 indivíduo que guarda uma quinta ('propriedade', 'terreno') e/ou trata dela; caseiro; 2 Regionalismo: Portugal (dialetismo). pequena horta cercada; 3 Regionalismo: Douro, Minho. pátio ou qualquer recinto a descoberto onde se juntam mato, folhas etc. para adubo; quintã.»
Sobre eido e quinteiro, consulte-se também o Tesouro Patrimonial Galego e Português do Instituto da Língua Galega (Universidade de Santiago de Compostela).
*N. E. (22/4/2017) – Agradece-se ao consultor Gonçalo Neves a recolha de uma outra abonação da palavra eido, no sentido de «lugar», a qual ocorre em A freira no Subterrâneo, romance histórico traduzido por Camilo Castelo Branco (foi atualizada a ortografia na citação): «Uma ingente banca de madeira ocupava o centro [do refeitório], e bancos aderentes à mesa corriam circularmente. O eido de cada freira era assinalado por um garfo de ferro, uma escudela de pau e bilha de barro» (cap. II, p. 35 da 4.ª edição, Porto, Livraria Chardron, 1902)