Agradecem-se as palavras de apreço dirigidas ao Ciberdúvidas.
A origem do topónimo Tomar é obscura.
Existe uma hipótese árabe. É a tese defendida por I. Xavier Fernandes (Topónimos e Gentílicos, vol. II, Porto, Editora Educação Nacional, 1943, pp. 213), autor que, seguindo as propostas de Pedro de Azevedo e de Arlindo Ribeiro da Cunha, defende que o topónimo Tomar se relaciona com a raiz de tomilho, «planta labiada, [que] era já conhecid[a] dos Gregos; mais tarde os Romanos trouxeram o nome para a Península (thymus, os Árabes nacionalizaram-no segundo a índole da sua língua e foi assim nacionalizado, isto é, arabizado, que deu a forma thomar ou, melhor, a nome próprio actual, Tomar» (manteve-se a ortografia original).
Para Joseph-Maria Piel ("Novos ensaios de toponímia ásture-galego-portuguesa", Revista Portuguesa de Filologia. Coimbra, 19, 1987–1991, pp. 1–26), o topónimo teria origem no fitónimo tomo (ou tomilho, o Thymus vulgaris dos botânicos), por via românica, e não árabe.
No dicionário de Topónimos da Porto Editora diz-se que «parece vir do baixo-latim [Villa] Theodemari, 'a quinta de Teodemaro', embora haja outras hipóteses menos convincentes».
Tudo isto contestou mais recentemente Jorge de Alarcão ("Notas de arqueologia, epigrafia e toponímia – VII", Revista Portuguesa de Arqueologia, vol. 18, 2015, pp. 152/153), que, observando que Tomar terá sido inicialmente o nome do rio que hoje se chama Nabão, sugere que o topónimo se relaciona com a forma pré-romana *tamaris, que é também a que está na origem do hidrónimo galego Tambre (rio que corre nas imediações de Santiago de Compostela). Tomar teria assim origem pré-romana, exibindo uma raiz *tam-, que se encontra, por exemplo, em Tâmega e no próprio Thames britânico (em português, Tamisa). Atesta-se um «rio Tomarel», cuja forma pressupõe *tomarellus como diminutivo (ou hipocorístico) de Tomar e pode reforçar a hipótese de se tratar de nome de rio, porque é frequente os afluentes ou o curso superior de um rio serem conhecidos por uma forma de diminutivo do nome do rio principal.
Em suma, continua obscura a origem de Tomar, mas a falta de relação direta com uma palavra genuinamente árabe leva a supor uma origem latina ou românica desconhecida ou mesmo pré-latina.