Etapa é o aportuguesamento do francês étape, palavra que há muito entrou na língua portuguesa. Encontra-se assim atestada, já, no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, de F. Rebelo Gonçalves (Coimbra, Coimbra Editora, 1966, p. 432) – pelo que não pode ser considerado um erro, mas apenas um galicismo.
Havia, e há, de facto, palavras em português com o significado de «fase».
A verdade, porém, é que etapa é usada hoje com muitos e distintos sentidos. Por exemplo: «período», «fase», «estádio» [temporal], «patamar»; «qualquer percurso ou distância entre dois pontos determinados que se vence sem parar» [espacial]; «distância percorrida pela tropa durante um dia» [militar]; «cada um dos tempos em que se divide uma competição ou um campeonato» [desporto] «uma parte de cada vez».
O citado dicionário Houaiss abona pelo menos sete aceções, incluindo o que vem também no Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa (vol. II), de José Pedro Machado, sobre o que, em 1801, se queria dizer com a palavra etapa: «ração diária dos soldados em comida e bebida, fora o pré; propriamente tudo o que se lhes dá de comida, além do pão».
«Excesso (então) dos puristas»?
Leia-se o que, a propósito da (in)evitabilidade do uso dos estrangeirismos em geral e dos galicismos em particular, escreveu Rodrigues Lapa na sua nunca por de mais elogiada Estilística da Língua Portuguesa. Aqui.