«(...) Um estrangeirismo como este, que é usado em Portugal desde os finais do século XVIII, ou é pronunciado como puro estrangeirismo, ou deve, como aconselha o grande filólogo Rodrigues Lapa, ser pronunciado segundo as regras da fonologia portuguesa. (...)»
A resposta de Carlos Rocha intitulada A pronúncia e o uso de vintage, publicado no Ciberdúvidas (17.4.2017), é bastante esclarecedora, sendo aí referida a pronúncia inglesa do termo e, na nota 2, a pronúncia portuguesa indicada em transcrição fonética por alguns dicionários portugueses.
Deve porém questionar-se o facto de os citados dicionários portugueses optarem por indicar uma transcrição fonética que nem respeita o original inglês nem corresponde à pronúncia portuguesa segundo as regras fonotácticas do português.
Um estrangeirismo como este, que é usado em Portugal desde os finais do século XVIII, ou é pronunciado como puro estrangeirismo, ou deve, como aconselha o grande filólogo Rodrigues Lapa[1], ser pronunciado segundo as regras da fonologia portuguesa.
Ou seja: em português, a palavra deve ter a pronúncia [vĩ’taʒ(ǝ)], com o “a” aberto, sendo a sílaba tónica a penúltima[2]. A abertura da vogal “a” justifica-se pelo facto de a vogal “a” tónica em final de sílaba seguida da consoante “g” com som de “j” (/ʒ/) ser aberta. Exemplos: reage, interage (formas verbais); coragem, lavagem (nomes ou substantivos).
[1] «Uma coisa é necessária, quando o estrangeirismo assentou já raízes na língua nacional: vesti-lo à portuguesa.» (M. Rodrigues Lapa, "Estilística da Língua Portuguesa", pág. 52).
[2] Seguindo Rodrigues Lapa, também defendo que, conquanto o estrangeirismo seja um fenómeno natural, revelador da existência de uma certa mentalidade comum entre povos que interagem em relações culturais e económicas, essa importação linguística deve ser limitada ao razoável e necessário – adoptando-se, naturalmente, em cada vocábulo, a grafia e a pronúncia portuguesa.