1. Terminada a quadra do Natal, a pandemia entra no seu terceiro ano, entre declarações (prematuramente?) otimistas – poderá evoluir como endemia – e visões muito menos entusiásticas, pois continuam a surgir variantes de preocupação. Em Portugal, vigoram novas medidas anticovid a partir de 10 de janeiro p. f., sintetizadas pela expressão «Alívio, mas... "com cautela"», que passa a constar da rubrica A covid-19 na língua. Recolhem-se ainda outras expressões, totalizando 10 entradas: ameaças, Cerberus, «"chatear" os não vacinados», contacto(s), «covid sem tréguas», «doença(s) crónica(s)», «doença grave», «doença ligeira vs. moderada», «infeção oportunista» e «resgate antecipado».
2. No Consultório, cinco tópicos: o predicativo do sujeito numa frase como «estivemos a mil numa montanha russa»; um aposto de valor locativo na sequência «o Mosteiro dos Jerónimos, em Belém»; a modalidade apreciativa associada à expressão «as linhas mais intrigantes»; o uso do adjetivo assembleário; e as possiblidades de coordenar os nomes compostos hifenizados como quarta-feira e quinta-feira.
3. Na rubrica Ensino, a professora Lúcia Vaz Pedro fala sobre o que é e que necessidades tem o Português Académico, a propósito do lançamento, no ano letivo de 2021/2022, de uma unidade curricular nesta área pelo Laboratório de Competências Transversais do Iscte em colaboração com o Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.
4. A presente atualização também abrange o reportório vocabular e fraseológico O Afeganistão de A-Z, que recebe duas novas entradas: crianças e «manequins... decapitados».
5. Como se diz Ano Novo em alemão? A resposta é dada por Andréia Bohn no blogue que esta professora brasileira dedica ao ensino da língua alemã, mais precisamente, no artigo que se transcreve, com a devida vénia, na rubrica Diversidades.
6. Não haverá atualmente excesso de mensagens automáticas associadas às aplicações informáticas? O jornalista Nuno Pacheco diz que sim e manifesta o seu desagrado em "'Como posso ajudar?' Talvez desaprecendo, não?", crónica incluída no jornal Público de 6 de dezembro de 2022 e agora igualmente disponível em O Nosso Idioma.
7. Na tradição cristã, o ciclo do Natal encerra com a Epifania, ou seja, a festa que evoca a apresentação de Cristo recém-nascido aos gentios, incluindo os misteriosos Reis Magos (cf. Dicionário Houaiss). Rei tem origem latina, mas donde virá mago? O tradutor e professor universitário Marco Neves explica a origem desta palavra e de outras, todas de origem persa, no blogue Certas Palavras, em artigo que aqui se regista e cuja leitura se recomenda.
8. Voltando ao tema da covid-19 e às novas medidas que em Portugal se anunciam perante a alta transmissibilidade da variante ómicron, refira-se que se confirma o recomeço das aulas em 10 de janeiro, mas o teletrabalho mantém-se obrigatório até 14 do mesmo mês (cf. Correio da Manhã de 6 de dezembro de 2022).
Sobre a palavra teletrabalho, observe-se que é termo que o Ciberdúvidas já registava em 1998, muito longe, portanto, de se imaginar o presente cenário de pandemia.
9.Temas centrais de três dos programas dedicados pela rádio pública portuguesa ao idioma oficial dos países da CPLP:
♦ A publicação do livro O Português de/ em Angola: Peculiaridades Linguísticas e a Diversidade no Ensino, em Língua de Todos, na RDP África (sexta-feira, 07/01/2022, 13h20*).
♦ As estratégias de motivação para a aprendizagem do português no ensino superior, em Páginas de Português, na Antena 2 (domingo, 09/01/2022, 12h30*).
♦ Também na Antena 2, no programa Palavras Cruzadas, transmitido pela Antena 2 de segunda a sexta (de 10 a 14/01/2022, às 09h50 e às 18h50), procura compreender-se o que são os offshores («paraísos fiscais»).
* Hora oficial de Portugal continental.
1. Com a chegada de 2022, desejamos a todos os nossos consulentes um bom ano, com saúde, realização em todos os planos e, claro, com bom português. Este início de ano traz consigo, em Portugal, o quadro das eleições legislativas antecipadas. É um acontecimento que abre caminho à realização de debates políticos, que vão tendo lugar nos diferentes canais televisivos e também na rádio. Entre os assuntos aí abordados encontra-se frequentemente a questão dos acordos que poderão vir a ser celebrados entre diferentes partidos. E porque a prolação desta palavra nem sempre é a correta, nunca será demais recordar que o som "o" da palavra tanto no singular como no plural deverá ser sempre fechado: leia-se e diga-se /acôrdo/ e /acôrdos/.
Cf. Acordo(s) + Uma rajada de "(des)acórdos" + À volta da(s) pronúncia(s) e da acentuação + Oito erros fonéticos recorrentes
2. 2022 é também o ano do 20.º aniversário do euro, a moeda comum europeia que foi lançada a 1 de janeiro de 1999 por 11 países da União Europeia. Neste campo, o Ciberdúvidas tem, ao longo dos tempos, acompanhado e esclarecido dúvidas que esta nova realidade trouxe ao campo linguístico, pelo que é oportuno recordar textos como «Euro, euros / cêntimo, cêntimos, novamente», «Sobre a flexão de euro», «Símbolo do Euro», «Como usar o símbolo do euro», «Euro, frações».
3. Em A Covid-19 na Língua continuamos a acompanhar a evolução da pandemia em Portugal e no mundo, dando conta de termos e fraseologia diversa que vão sendo associados ao fenómeno. Neste atualização, registamos 31 novas entradas: «Apartheid dos não-vacinados», «Atividade assistencial», «Baixa covid», «Contraindicações», «Covid safe», «Doença(s) pós-covid», «100 dólares», «Espaços fechados», «Fobias sociais», Flurona, «Ganância e nacionalismo das vacinas», «Imunidade adquirida», «Imunidade inata», «Infeção natural», «Infeção nosocomial», «Medidas adicionais», «Microscópio digital», «247,1 M €/292,7 M €», «Morrer de/com/por covid», Neutralizantes, «Nova geração», «Pandemias esquecidas», Redução, «Resposta vacinal», «Solidariedade vacinal», Soropositivo, Teletrabalhar, «Teste obrigatório», «Vacinação, ano I», «Vacinação obrigatória» e Viropolítica».
4. Vacina foi a palavra do ano de 2021 escolhida por 15 mil portugueses que responderam à conhecida iniciativa da Porto Editora, representando cerca de 45% dos votos apurados. Em segundo lugar, ficou a palavra resiliência, com apenas 30% dos votos. Pormenores na rubrica Notícias.
5. Tradição é outra palavra recorrente, especialmente no períodos de festas natalícias e da passagem de ano. É a ela que a professora Carla Marques dedicou a sua crónica apresentada no programa radiofónico Páginas de Português. Também neste programa, a professora universitária brasileira Edleise Mendes apresentou uma crónica intitulada «Receitas de felicidade para o Ano Novo», em que faz uma viagem entre tradições de diferentes países..
6. A forma como as palavras são pronunciadas é marcada pela variação geográfica. Não obstante, os falantes de determinada região têm frequentemente dúvidas relacionadas com outras prolações. Veja-se a questão que incide nos termos ganhar, quarenta, rio e Loulé. À atualização do Consultório juntam-se ainda a explicação de um trecho de Lições de Português pela análise sintática, de Evanildo Bechara, e a clarificação da diferença articulatória entre vogais e consoantes. A fechar, apresenta-se a justificação para a incorreção verificada na expressão «o casal vai ser pai» e aborda-se a questão do género da palavra bitcoin.
7. Duvidário: 100 dúvidas da Língua Portuguesa é a obra eletrónica coordenada por Paula Cristina Ferreira e Noémia Jorge, professoras da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Politécnico de Leiria, que apresentamos na rubrica Montra de Livros. Trata-se de uma publicação que resultou do desafio feito a estudantes no sentido de desenvolverem pequenas investigações conducentes à identificação de explicações para dúvidas comuns entre os falantes.
8. Divulgamos o 5.º Encontro Mensal sobre o Discurso Académico, que terá como convidada a jovem investigadora Ana Margarida Simões, que abordará o tema do «Ensino explícito da escrita ao desenvolvimento da consciência discursiva: um estudo de caso numa turma de português de 12.º ano». O encontro terá lugar dia 19 de janeiro e poderá ser acompanhada num destes canais: sessão zoom (ligação aqui) ou canal YouTube.
9. Nheengatu: A Língua da Amazónia é um documentário do realizador português José Barahona, passado na RTP 2, sobre este idioma imposto aos índios nativos da região pelos colonizadores portugueses no século XVl. Por meio dessa língua misturada, ainda falada por alguns povos indígenas do Norte do Brasil, mostra-se o encontro de dois mundos e das suas diferentes questões culturais, históricas e sociais. O documentário – não sendo propriamente de uma abordagem da língua neheengatu de forma científica, mas um registo da sua história oral popular ainda remanescente e da sua contemporaneidade, através das estórias destas populações – pode ainda ser visto na RTP Play.
10. Em nota final, deixamos duas informações relacionadas com a atividade do Ciberdúvidas:
— Nas redes sociais do Ciberdúvidas (Facebook e Instagram) estamos a lançar desafios relacionados com a língua, uma atividade no âmbito da passagem dos 25 anos de Ciberdúvidas.
— As atualizações semanais do Ciberdúvidas passarão a ter lugar às terças e sextas-feiras.
Como foi assinalado na Abertura, em 17 de dezembro p. p., durante o período de Natal faz-se uma pausa nas atualizações regulares do Consultório e das demais rubricas do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. O regresso à plena atividade está marcado para 4 de janeiro de 2022.
Entretanto, fica inativo o formulário para envio de perguntas (aqui), muito embora continue livre o acesso às perguntas e aos artigos do vasto arquivo do Ciberdúvidas.
Também se colocarão pontualmente novos conteúdos nas diferentes rubricas de O Português na 1.ª Pessoa, nas Atualidades e em Outros, sempre que a atualidade ou a pertinência temática o imponham.
A quantos procuram este espaço de esclarecimento e debate sobre o uso e as normas da língua portuguesa, os votos de um Natal feliz e de um ano novo com saúde e paz.
Por último, um poema alusivo à quadra, do poeta e escritor português (açoriano) Vitorino Nemésio (1901-1978):
Natal chique
Percorro o dia, que esmorece
Nas ruas cheias de rumor;
Minha alma vã desaparece
Na muita pressa e pouco amor.
Hoje é Natal. Comprei um anjo,
Dos que anunciam no jornal;
Mas houve um etéreo desarranjo
E o efeito em casa saiu mal.
Valeu-me um príncipe esfarrapado
A quem dão coroas no meio disto,
Um moço doente, desanimado…
Só esse pobre me pareceu Cristo.
O Pão e a Culpa (1955)
Na imagem, El Greco, Adoração dos Pastores, 1612 (na página principal, pormenor).
1. Em Portugal, seria tempo de falar em «festejos natalícios», mas o alastramento fulminante da variante ómicron por todo o mundo obriga a cancelá-los e, até, ao regresso ao «confinamento total», como é o caso dos Países Baixos. A situação, atribuível à «desigualdade vacinal», leva governos como o português a manter a vacinação, com a perspetiva de uma provável «quarta dose» na primavera de 2022. Os termos destacados fazem parte da atualização da rubrica A covid-19 na língua, onde também se registam os nomes de vários novos medicamentos – bamlanivimab, etesevimab, kineret, regkirona, ronapreve e xevudy –, cujo aparecimento, neste Natal, oferece à humanidade a esperança necessária para resistir à covid-19.
2. No contexto do presente agravamento da pandemia, ressalta a pressa do Reino Unido, da União Europeia e dos Estados Unidos em suspenderem os voos da África Austral, tida precipitadamente como foco exclusivo da variante ómicron. A medida, qualificada de «apartheid das viagens» pelo secretário-geral da ONU, motiva o jornalista e escritor Luís Carlos Patraquim a evocar sarcasticamente o mediévico confinamento dos gafos (leprosos) em gafarias, numa crónica igualmente intitulada "Gafarias", que se publica em O Nosso Idioma.
3. Na rubrica Controvérsias, transcreve-se o artigo A língua e os seus proprietários, da autoria do crítico literário António Guerreiro, saído no jornal Público do dia 17 de dezembro de 2021. Fica também registada uma nova palavra no dossiê O Afeganistão de A a Z: Begum, em português, nobre – o nome da rádio «feita por mulheres e para mulheres, no Afeganistão dos talibãs». Veja-se, ainda, quais são os três estados dos EUA onde o portuguêsé a língua mais falada, depois do inglês espanhol, aqui.
4. A locução «um pouco» denota quantidade – p. ex.., «há bolo-rei... não queres um pouco?» –, mas também aparece para quantificar o tempo em frases como «esperas um pouco e depois abres os presentes de Natal». No consultório, faz-se referência a estes usos em contraste com «durante um pouco». São ainda esclarecidas outras dúvidas: mausoléu e catacumba são sinónimos? Também há sinonímia entre «de fome» e «com fome»? Terá o verbo dar o mesmo significado nas expressões «dar-se conta» e «dar-se ao trabalho»? Como se classificam as vogais quanto ao grau de abertura? Que mudança fonética ocorreu na consoante medial do latim TOTU- na passagem a todo?
5. Nomes, palavras comuns e construções que suscitam comentários e leituras adicionais:
– A pretexto da recente classificação das festas da vila de Campo Maior (Portalegre) como património cultural imaterial, refira-se que o topónimo Campo Maior (mais informação aqui) tem como gentílico a forma campo-maiorense (cf. Vocabulário da Língua Portuguesa, 1966, de Rebelo Gonçalves). Acrescente-se que a forma adjetival maior se pronuncia geralmente "mâiór", com a fechado, mas, no norte de Portugal, ocorre a variante "màiór", com a átono aberto, forma também correta (ver transcrição fonética no dicionário da Infopédia).
– A respeito da segunda volta renhida das eleições presidenciais no Chile, que se realizam em 19/12/2021, consultem-se, a propósito do nome geográfico Chile, que se usa com artigo definido («O Chile»), "Sobre o género dos topónimos" e "Os países neolatinos". Sugere-se ainda a leitura de "Panorama do ensino do português no Chile" (Reflexos. Revue Pluridisciplinaire du Monde Lusophone, n.º4), "Chile na Comunidade de Países de Língua Portuguesa" (Diário de Notícias, 16/08/2018) e "O leitorado do Instituo Camões: áreas de atuação" (in página do Centro de Língua Portuguesa Camões).
6. Temas de três dos programas que, na rádio pública portuguesa, são dedicados à nossa língua comum:
– O projeto Terminologias Científicas e Técnicas Comuns da Língua Portuguesa (TCTC), organizado pelo Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), em Língua de Todos (RDP África, sexta-feira, 17/12/2021, 13h20*);
– A tradução em línguas pluricêntricas, numa comparação entre o português e o neerlandês, e o conceito de translinguagem no Páginas de Português (Antena 2, domingo, 19/12/2021, 12h20*);
– A linguagem infantil, em Palavras Cruzadas, um programa realizado por Dalila Carvalho e transmitido também na Antena 2 às 09h50 e às 18h20*, de segunda a sexta (de 20 a 24 de dezembro).
* Hora oficial de Portugal continental.
7. A época do Natal é tempo para uma pausa no Consultório e nas atualizações regulares, ficando o regresso ao funcionamento normal agendado para 4 de janeiro de 2022. Ao longo dos próximos dias, o formulário para envio de perguntas (aqui) não estará ativo, mas, como sempre, mantém-se o livre acesso às perguntas e aos artigos do vasto arquivo do Ciberdúvidas. Sempre que seja pertinente, pela sua atualidade ou interesse, colocar-se-á pontualmente novo material nas diferentes rubricas de O Português na 1.ª Pessoa, nas Atualidades e em Outros.
A quantos procuram este espaço de esclarecimento e debate sobre o uso e as normas da língua portuguesa, os votos de um Natal feliz e de um ano novo com saúde e paz.
Na imagem, Visitação, de Aurélia de Sousa (1866-1922).
1. No Consultório, apresenta-se uma proposta de análise sintática da expressão «era uma vez» em vários contextos de uso e explica-se que, no século XIX, em Portugal, trem e comboio foram usados, em diferentes ocorrências, como palavras sinónimas. Publica-se também uma resposta que desenvolve a análise comparativa dos tempos compostos em português e em inglês. A fechar a atualização ainda quatro novas repostas: sobre a concordância do verbo ser na frase «Sua obra será sons», sobre a palavra 'coginjas', usada em contexto familiar na região de Castelo Branco, sobre o significado da expressão «tirar desforço» e sobre o aforismo «a aprendizagem da aranha, a mosca não precisa de saber».
2. O dossiê Afeganistão de A a Z integra duas novas entradas: ANIM, o acrónimo que designa o Instituto Nacional de Música do Afeganistão, que passou a ter sede em Portugal, e pobreza.
3. Na rubrica Montra de Livros, divulga-se a obra da professora Helena Rebelo intitulada Os porquês do português: a variação linguística em usos quotidianos, na qual se tratam dúvidas correntes do português, tanto no registo escrito como no oral, como as diferenças entre trás e traz, senão e se não ou «mal-estar» e «mau-estar».
4. Com a chegada da época natalícia, a professora Carla Marques selecionou a palavra Natal como tema da sua crónica no programa Páginas de Português, da Antena 2, explorando a sua significação e a pertença a diferentes classes de palavras.
5. O escritor Miguel Esteves Cardoso volta a explorar as possibilidades morfológicas e significativas do português, inventando o verbo descobiçar, para descrever situações como o «alívio de não ter de ir àquele restaurante», e ampliando o sentido do verbo coçar, para descrever o ato de virar as páginas num ecrã. Uma crónica à volta das palavras, aqui transcrita com a devida vénia.
6. Entre as notícias à volta da língua portuguesa, destacamos:
♦ O novo número da revista digital Palavras, da Associação de Professores de Português, coordenado pelos professores Margarita Correia e João Pedro Aido, dedicada ao tema do pluricentrismo do português;
♦ O lançamento do livro O português de/em Angola: peculiaridades linguísticas e a diversidade do ensino, dos professores Alexandre António Timbane, Daniel Peres Sassuco e Márcio Edu da Silva Undolo;
♦ O programa da SIC Notícias intitulado Tenham Noção, apresentado pelo jornalista Rodrigo Guedes de Carvalho, onde se corrigem alguns erros de português, adotando o formato TikToK;
♦ O 4.º Encontro Mensal sobre Discurso Académico, com a professora Ana Sofia Pinto, que apresenta uma comunicação intitulada "Mecanismos de reformulação no discurso académico" (15 de dezembro, entre as 18 e as 19h30, no canal YouTube da ESECS – Politécnico de Leiria);
♦ Aneurisma, Capitólio, comorbilidade, descarbonização, leões (alusivo ao Sporting, vencedor do campeonato português de futebol), miríade, obscurantismo, ómicron e talibã são algumas das 24 palavras mais procuradas no Dicionário Priberam, com registo noticioso na agência Lusa, no ano que ora termina. Disponíveis, todas elas, com o devido contexto, no portal O Ano em Palavras, resultam da selecão de duas palavras por mês, numa mostra que acaba por revelar os interesses e preocupações dos portugueses em 2021 (cf. Notícias).
♦ A alteração do calendário escolar em Portugal, que dita o atraso do início do 2.º período para o dia 10 de janeiro, como forma de procurar conter a propagação da infeção por covid-19.
7. O programa Língua de Todos, emitido na RDP África, traz à antena a professora e linguista Margarita Correia para abordar o tema do projeto Terminologias Científicas e Técnicas Comuns da Língua Portuguesa (TCTC), organizado pelo Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP)*. Já no programa Páginas de Português, na Antena 2, o entrevistado é o professor Júlio Monteiro, da Universidade Federal de Brasília, sobre a tradução, numa perspetiva comparativa dos casos do português e do neerlandês. Nesta emissão, passa ainda uma crónica da professora Edleise Mendes dedicada ao tema da translinguagem em português** (cf. Notícias).
* sexta-feira, 17 de dezembro de 2021, pelas 13h20, com repetição no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00 (hora oficial portuguesa)
** domingo, 19 de dezembro, pelas 12h30, com repetição no sábado seguinte, 25 de dezembro, às 15h30 (hora oficial portuguesa)
1. Em Portugal, a vacinação das crianças contra a covid-19 tem gerado polémica e motiva uma novidade terminológica: aceitacionismo, termo já antes encontradiço em páginas brasileiras e relativo à atitude do aceitacionista, isto é, de quem «defende que todo o bom cidadão tem o dever de assumir a sua profunda ignorância epidemiológica e entregar pacatamente o corpo nas mãos dos especialistas» – na visão do jornalista João Miguel Tavares, em crónica incluída no jornal Público (11/12/2021). Pela sua atualidade, justifica-se, portanto, a inclusão de aceitacionismo na rubrica A covid-19 na língua, onde se registam ainda três outras novas entradas: Biovac, vacinas nasais e voos humanitários.
2. Na área da produção de som, técnicos e comerciantes falam de «colunas de monição», mas não seria mais correta a expressão «colunas de monitorização»? Esta questão figura na presente atualização do Consultório, a par de dúvidas sobre um caso de oração de modo, a (im)possibilidade de classificar «sair de lá» como pleonasmo, o uso do adjetivo extraclasse e a pronúncia regional da conjunção como.
3. Em O Nosso Idioma, transcreve-se, com a devida vénia, do mural Língua e Tradição (Facebook, 30/10/2021), um apontamento do tradutor e revisor William Cruz, a respeito de uma virtude do bom estilo: a concisão. E porque o Natal se avizinha e volta a ativar-se todo o vocabulário alusivo, quantas vezes pelo desvio à norma, a professora Sandra Duarte Tavares identifica na mesma rubrica cinco erros a corrigir na época festiva (texto proveniente da revista Visão, 08/12/2021). Finalmente, uma crónica com significado especial para este portal: a que lhe dedicou, no Sapo 24 (07/12/2021), o humorista Manuel Cardoso, assinalando a aproximação do aniversário do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, que completa 25 anos de atividade em 15 de janeiro de 2022.
1. Com o Natal às portas, a movimentação social está em crescendo: as reuniões familiares têm lugar em maior número e os acessos a espaços comerciais e culturais aumentam. Toda esta dinâmica própria da época associada ao número cada vez maior de pessoas infetadas por covid-19 tem levado diferentes países a apertarem as medidas de proteção contra a propagação da doença, exigindo, por um lado, supercertificados para acesso a diferentes espaços e, por outro, interditando viagens para vários países da África Austral, numa atitude de «apartheid sanitário». A Covid-19 na Língua regista as entradas destacadas, a que se juntam os termos coleira, Cominarty e RoActemra.
Primeira imagem: publicada no Blogue Parábola Editorial
2. A explicitação do significado da construção «não tem nada que enganar» abre a atualização do Consultório. A esta resposta junta-se a análise dos adjetivos natalino vs. natalício e dos adjetivos mediterrânico vs. mediterrâneo. Por fim, aborda-se a possibilidade de omissão do determinante artigo indefinido numa frase e avalia-se a correção das frases «Combinámos para irmos à pista» e «Não gosto de os ver a chorarem por terem fome e eu não ter nada para lhes dar».
3. Na rubrica Ensino, Inês Gama, revisora do Ciberdúvidas, apresenta um apontamento no qual aborda a questão das expressões idiomáticas em português, tanto no plano da riqueza cultural que veiculam como no da análise linguística que proporcionam. No campo do ensino, estas são construções que «devem ser trabalhadas de modo natural e explícito desde os primeiros níveis de escolarização de modo a que não se deixe cair no esquecimento uma parte estruturante e identificadora da língua portuguesa», defende a autora.
4. Na Montra de Livros, divulga-se a coletânea A investigação e a escrita: publicar sem perecer, da Imprensa da Universidade de Coimbra, coordenada por Paula Sequeiros, Maria José Carvalho e Graça Capinha. Uma obra que percorre vários domínios da realidade da produção escrita académica, desde a pressão para publicar, passando pelo acesso à informação, pelos processos de escrita até a questões de saúde mental dos investigadores.
5. Partilhamos, com a devida vénia, vários artigos de interesse linguístico:
♦ Sobre a origem da palavra ilha: uma crónica de Marco Neves, que, partindo da origem latina da palavra, passa em revista a sua evolução em diferentes línguas até chegar ao português e deste para o cabo-verdiano;
♦ Sobre a questão do racismo na língua: um artigo de opinião do jornalista João Miguel Tavares, que perspetiva criticamente interpretações no campo da associação negativa de termos como escuro ou preto à noção de racismo, as quais considera redutoras;
♦ Sobre o uso de emojis em substituição da linguagem escrita: uma crónica do escritor Miguel Esteves Cardoso intitulada «A iliteracia emoji».
6. Entre as atualidades relacionadas com a língua, destacamos:
♦ O Prémio Oceanos, atribuído pela primeira vez a um timorense, o escritor Luís Cardoso com a obra O Plantador de Abóboras;
♦ A divulgação dos termos mais procurados no motor de pesquisa Google, ao longo do ano de 2021, uma lista que inclui expressões como Meteorologia, Sporting ou «certificado digital» (notícia Sapo 24).
7. Nos programas da rádio pública portuguesa, Língua de Todos, emitido na RDP África, inclui uma conversa com o professor e investigador António Branco sobre o tema do pluricentrismo (sexta-feira, 10 de dezembro de 2021, pelas 13h20*, com repetição no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00*). No programa Páginas de Português, da Antena 2, destacamos a entrevista à professora e linguista Margarita Correia, sobre a questão da criação de bases para a recolha e harmonização de termos científicos e técnicos de diferentes áreas do saber, e ainda a crónica da professora Carla Marques, que explora os significados da palavra Natal (12 de dezembro, pelas 12h30*, com repetição no sábado seguinte, 18 de dezembro, às 15h30*). O programa Palavras Cruzadas, de Dalila Carvalho, abordará questões relacionadas com os leilões, contando com a presença de Adriana Cerqueira, cofundadora da leiloeira Bid by Bid (Antena 2, semana de 13 a 17 de dezembro, às 09h50 e às 18h20*).
*Hora oficial de Portugal continental
1. Duas entradas em A covid-19 na língua, a darem conta da atualidade da pandemia: anticonfinamento e paxlovid. A primeira é uma palavra prefixada que, usada como adjetivo, passou a descrever também os grupos de manifestantes, por vezes nada ordeiros, contra a vacinação e contra as restrições sanitárias de combate à covid-19. Quanto a paxlovid, trata-se de um novo comprimido que a Pfizer anunciou e que reduz em 89% o risco de hospitalizações ou morte causadas pelo novo coronavírus.
2. No Consultório, cinco novas perguntas: o advérbio principalmente pode ter função argumentativa? Qual a origem do apelido Balcão? Que significa e como se deve grafar o termo paraparesia? Numa frase como «vi-os aos dois», que função sintática terá «aos dois»? E escreve-se «o chá está quente como o que» ou «o chá está está quente como o quê»?
3. Com ordens ou pedidos – por exemplo, «vem cá!» ou, mais polidamente, «pode vir aqui?» –, é frequente empregar o advérbio já em réplicas como «já vou», nem sempre indiciadoras de disposição para a ação imediata. Em O Nosso Idioma, transcreve-se, com a devida vénia, do jornal Público (05/12/2021) uma crónica do escritor Miguel Esteves Cardoso, que propõe o verbo neológico "jajar", para referir o uso desse já como marcador de insubordinação.
4. Em Diversidades, continua a reunir-se material a respeito das memórias coloniais e da presença crioula em Lisboa. Da série de peças que o jornal digital A Mensagem de Lisboa tem dedicado ao tema*, acrescentou-se aqui o artigo do músico e escritor cabo-verdiano Mário Lúcio Sousa, transcrito, com a devida vénia, do matutino Público, de 5 de dezembro de 2021. É uma visão muito crítica das estátuas das ruas de Lisboa, propondo o ex-ministro da Cultura de Cabo Verde uma «descolonização das mentes», visto a história lisboeta não ser alheia ao fenómeno da crioulização étnica e linguística que a expansão europeia desencadeou. Acrescente-se que o termo crioulização tem tido uso nos estudos linguísticos para referir o processo de formação dos crioulos, «por expansão e complexificação de um pidgin [sistema de comunicação linguística entre falantes de línguas diferentes], [...] que passa a ser a primeira língua de uma determinada comunidade» (Dicionário de Termos Linguísticos, no Portal da Língua).
*Vide: "Jornalismo em crioulo de Cabo Verde e da Guiné-Bissau exercido pela primeira vez em Portugal" + "A origem do crioulo e a sua importância em Lisboa Crioulos nossos", "Nação Crioula" e "Crioulos".
Cf. "Crioulos" + "Crioulos de base lexical portuguesa". Sobre a integração social dos afrodescendentes em Portugal, leia-se igualmente "Dos afrodescendentes espera-se que não passem da 'escolaridade obrigatória'", um trabalho da jornalista Joana Gorjão Henriques incluído no jornal Público, em 9 de setembro de 2017.
5. Dois registos com interesse para a história do contexto cultural da língua portuguesa em Angola e no Brasil:
– A publicação do n.º 5 de Lavra & Oficina, gazeta da União de Escritores Angolanos, que dedica esta edição à figura de Agostinho Neto (1922-1979), poeta, político e primeiro presidente da República de Angola, cujo centenário se assinala em 2022.
– O lançamento da transcrição e tradução para português de seis cartas em tupi que documentam a Insurreição Pernambucana, que durou de 1645 a 1654, período em que o nordeste do Brasil foi zona de conflito entre Portugueses e Holandeses. A iniciativa é do filólogo e lexicógrafo Eduardo Navarro, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (ver também em Notícias).
6. Devido ao feriado de 8 de dezembro em Portugal – Dia da Imaculada Conceição –, as páginas do Ciberdúvidas voltam ser atualizadas na sexta-feira, 10 de dezembro.
1. No mundo inteiro vão tendo lugar reações diversas ao atual estado da pandemia. Por um lado, muitos são os países que desenvolvem esforços para vacinar segmentos mais fragilizados da população com uma «dose de reforço», numa tentativa de assegurar a sua imunidade face aos avanços do coronavírus. Por outro, os estados-membros da OMS assinaram o que ficou conhecido como o «acordo pandémico», um documento que prevê um conjunto de medidas a adotar em casos de pandemia no futuro. Estas ações são promovidas num contexto de desequilíbrio no qual muitos países, nomeadamente do continente africano, têm taxas de vacinação da população muito baixas, o que gera uma situação de «injustiça e imoralidade», como concluiu o secretário-geral da ONU, António Guterres. Esta situação poderá inclusive ser propícia ao desenvolvimento de novas variantes do vírus, cuja ação é imprevisível, como é o caso da ómicron, que tem motivado a adoção de medidas extremas por parte de diversos países europeus. Exemplo disso foi o cancelamento de voos oriundos da África austral, uma situação que António Guterres classificou como um «apartheid de viagens». As quatro expressões assinaladas constituem as novas entradas em A covid-19 na língua.
2. A atualização do Consultório traz resposta a questões como a classificação da expressão «que tal», o uso do advérbio nomeadamente ou ainda o valor da modalidade presente na frase «Duvido que chova.» Explica-se também por que razão a construção «vamos ir» configura um afastamento da norma e explica-se a diferença entre os termos operado e cirurgiado. Por fim, merece a nossa atenção a análise do provérbio «Cobra que quer morrer à estrada vai ter» e da expressão «em adição».
3. A comemoração do centenário do nascimento do Nobel português José Saramago deu mote à crónica da professora Carla Marques no programa Páginas de Português, da Antena 2, onde explora os significados do nome saramago (aqui transcrita).
4. O jornal digital Mensagem de Lisboa apresenta um novo projeto: uma secção escrita e falada em crioulo de Cabo Verde e da Guiné-Bissau. A iniciativa – concretizada pela primeira vez no jornalismo português – é o pretexto da crónica do jornalista Ferreira Fernandes, em homenagem aos já falecidos cantor Bana (1932-2013) e médica Helena Lopes da Silva (1949-2018), ambos cabo-verdianos (texto aqui transcrito com a devida vénia). Referência ainda para a entrevista em crioulo feita ao músico Dino D'Santiago, que apadrinha a ideia, assim como para o Dia Nacional da Morna, Património Cultural Imaterial da Humanidade, celebrado nesta data.
Cf. A origem do crioulo e a sua importância em Lisboa
5. A Porto Editora divulgou as 10 palavras candidatas a Palavra do Ano. São elas: apagão, bazuca, criptomoeda, mobilidade, moratória, orçamento, "podcast", resiliência, teletrabalho e vacina. A votação decorre até 31 de dezembro e a palavra eleita será conhecida no início de janeiro de 2022.
6. Nos programas da rádio pública portuguesa, destacamos:
♦ Língua de Todos, da RDP África, que conta com a presença da professora Vanessa Amaro para falar sobre o ensino de língua portuguesa em Macau (sexta-feira, 3/12/2021, às 13h20*);
♦ Páginas de Português, da Antena 2, que convida o professor António Branco para abordar a questão da Era Digital e da construção de corpora para as línguas pluricêntricas (domingo, 5/12/2021, às 12h30*);
♦ Palavras Cruzadas, programa de Dalila Carvalho para a Antena 2, que aborda o tema da linguagem dos astros, tendo como convidada a astróloga Catarina Duarte Antunes, na semana de 6 a 10 de dezembro, às 09h50 e às 18h20*.
* Hora oficial de Portugal continental.
1. Não se fez esperar o impacto angustiante da identificação da variante ómicron (ou B.1.1.529), por mutação do SARS-CoV-2. Enquanto na Europa se vão fechando fronteiras, de África chegam recriminações pela falta de empenho dos países ricos em proteger da covid-19 as populações mais pobres. O tema merece, portanto, relevo especial na presente atualização, como adiante se mostra:
– Na rubrica "A covid-19 na língua", três entradas: ómicron, nome de uma das letras do alfabeto grego e agora também da mencionada variante do novo coronavírus; «o melhor é respirar fundo» frase proferida pelo Presidente da República português, a propósito da visita que fez a Angola em 27 e 28 de novembro p. p. – apesar do súbito agravamento da pandemia; e "Duas pandemias?", uma crítica dos escritores José Eduardo Agualusa e Mia Couto reproduzida no jornal Público, em 28 de novembro, relativa à atitude discriminatória da Europa para com a África logo após terem sido identificadas as primeiras infeções provocadas pela variante ómicron.
– À nova variante dá-se o nome da letra ómicron, de acordo com o critério de atribuir nomes das letras gregas às variantes do SARS-CoV-2, pela sequência que têm no alfabeto. Contudo, este processo deixou de ser linear, e a razão de assim acontecer foi esclarecida pelo jornalista Pedro Cordeiro em 27 de novembro no semanário Expresso, em artigo que se transcreve com a devida vénia em Diversidades.
– No Pelourinho, a professora Lúcia Vaz Pedro chama a atenção para um erro na escrita e na pronúncia de ómicron, que como palavra esdrúxula terá de exibir acento gráfico na antepenúltima sílaba.
Acrescente-se que ómicron (ômicron no Brasil) é forma «consagrada pelo uso», conforme se observava em 1966 no Vocabulário da Língua Portuguesa, de Rebelo Gonçalves. Este filólogo considerava, no entanto, preferível ómicro «quer por ter mais regular terminação, quer por facilitar [...] a formação do plural: ómicros». A verdade é que ómicron/ômicron (do grego ò mikrón, «o pequeno, ou seja, breve» – cf. Dicionário Houaiss) é a forma que se fixou no uso correto, com os plurais omícrones (com deslocação do acento) e ômicrons (este registado como variante do Brasil; ibidem). Quanto à pronúncia de ómicron, em Portugal, o -n é articulado como segmento consonântico nasal – "ómicrón(e)" (transcrição fonética: [ˈɔmikrɔn]) –, com ambos os oo abertos, recebendo o primeiro o acento tónico. No entanto, dada a tendência de muitos falantes para interpretar esse -n final como sinal de nasalidade vocálica, é aceitável a pronúncia com o nasal: "ómicrõ" [observação atualizada em 05/12/2021].
2. No Consultório, abordam-se novos casos que ilustram tópicos recorrentes do estudo do funcionamento da língua, como seja a noção de família de palavras (a de avião), de verbo defetivo (por exemplo, eclodir) e o valor semântico da preposições (a vs. para). Comenta-se ainda a pertinência da distinção entre conotação e denotação para os programas escolares em Portugal e a grafia de compostos formados por nome e adjetivo («mestre florestal»).
3. Angola possui um rico património linguístico, pois, além do português, são várias as línguas da subfamília banta que se falam no seu território, salientando-se o umbundo, bem visível na toponímia de Benguela e na antroponímia da sua população. Sobre a necessidade de recuperar este legado, Bonifácio Tchimboto e Ana Maria Katemo Ucuahamba escreveram Do Desprezo ao Apreço do Nome (Benguela, 20919), a que a rubrica Montra de Livros dedica um apontamento de leitura.
4. Em O Afeganistão de A a Z, uma nova entrada, Sharbat Gula, regista o refúgio que a Itália concedeu a esta mulher de 49 anos, famosa desde há mais de três décadas, quando ainda criança, fugindo à guerra no Afeganistão, foi capa da revista National Geographic.
5. O racismo é sempre condenável, mas há também atitudes antirracistas que acabam ironicamente por se confundir com o seu alvo. Desta situação é exemplo a polémica gerada em março de 2021 nos Países Baixos, por causa do fator da pele imposto na tradução em neerlandês da poetisa negra norte-americana Amanda Gorman. O episódio motivou o jornalista e escritor angolano João Melo a escrever uma crónica publicada em 17 de novembro, no jornal em linha Mensagem, a partir deste dia igualmente disponibilizada na rubrica Controvérsias.
6. Também evocativa das malhas em que, para o bem e para o mal, os impérios coloniais europeus enredaram o mundo, a data de 1 de dezembro, em Portugal, é marcada pelo feriado com que se comemora a Restauração da Independência em 1640. Este acontecimento foi seguido de uma longa guerra com Espanha no espaço ibérico e, nos domínios portugueses no Brasil e Angola, de um conflito com outras potências europeias, entre elas, os Países Baixos. Relativamente à efeméride política, que teve também ampla repercussão linguística, sugere-se a leitura de "Dedicatória a D. Duarte e conversação entre amigos", "A Restauração de 1640 na história e na geografia da língua", "A relação entre restaurar/restauração e reformar/reforma", "Restauração" e "O primeiro de janeiro".
Na imagem, uma gravura alemã do século XVII que representa os acontecimentos de 1 de dezembro de 1640 em Portugal.
7. Devido ao feriado de 1 de dezembro, em Portugal, as páginas do Ciberdúvidas têm a sua próxima atualização na sexta-feira, 3 de dezembro.
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