A prescrição existente é a que decorre da ortografia e encontra-se formulada no n.º 2 da Base X do Acordo Ortográfico:
«As vogais tónicas/tônicas grafadas i e u das palavras oxítonas e paroxítonas não levam acento agudo quando, antecedidas de vogal com que não formam ditongo, constituem sílaba com a consoante seguinte, como é o caso de nh, l, m, n, r e z: bainha, moinho, rainha; adail, paul, Raul; Aboim, Coimbra, ruim; ainda, constituinte, oriundo, ruins, triunfo; atrair, demiurgo, influir, influirmos; juiz, raiz, etc.»
Sendo assim, e atendendo aos casos de Coimbra e influirmos, em que as sequências -oim- e -uir- não têm acento gráfico e se pronunciam com hiato vocálico (-o-im-, -u-ir-), presume-se que Ataulfo também não tem de exibir acento, nem mesmo para evitar a leitura de au como ditongo. O mesmo acontece com outros antropónimos e topónimos com a mesma origem: Adaulfo, Atanaulfo, Farailde, Failde (cf. Revista Lusitana). Detetam-se de facto registos com acento, mas tudo indica que são ou erros ou gralhas.
Quanto às formas gregas referidas pelo consulente, não são elas relevantes para este caso, porque as regras ortográficas são bastante diferentes.
Sobre a análise etimológica de Ataulfo – que tem Adolfo como cognato (do alemão, pelo francês) e variantes na origem de topónimos como Adaúfe (Braga) e Adoufe (Vila Real) –, trata-se de um antropónimo de origem germânica, ao que parece visigótica, formado por composição dos elementos athals («nobre») e wulfs («lobo»), conforme aponta José Pedro Machado, no seu Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, baseando-se em estudos de Joseph-Maria Piel (1903-1992).