Carlos Rocha - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Carlos Rocha
Carlos Rocha
1M

Licenciado em Estudos Portugueses pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, mestre em Linguística pela mesma faculdade e doutor em Linguística, na especialidade de Linguística Histórica, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Professor do ensino secundário, coordenador executivo do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, destacado para o efeito pelo Ministério da Educação português.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

Qual o termo definido para designar um natural de Barbados?

Na mesma senda, colocaria idêntica questão relativamente a outros Estados caribenhos, designadamente, St. Kitts and Nevis (São Cristóvão e Nevis), St. Vincent and the Grenadines (São Vicente e as Grenadinas), St. Lucia (Santa Lúcia), Anguila, Montserrat, Aruba e as Ilhas Virgens Britânicas e Americanas.

Antecipadamente grato.

Resposta:

Não havendo regra, o que atualmente se disponibiliza para a identificação dos gentílicos, pelo menos, no contexto do português de Portugal, é o que se encontra registado no Código de Redação Interinstitucional (União Europeia), Anexo A5. Com base nesta fonte, verifica-se que há países e territórios que têm gentílico derivado em-ense, -ano ou outros sufixos:  

Barbados – barbadense

St. Lucia (em português, Santa Lúcia) – santa-luciense (ou, no Dicionário Houaiss, santa-lucense

Anguila – anguilano 

Monserrat (em português Monserrate) – monserratense

Aruba – arubano  

Contudo, existem outros territórios cujo gentílico pode também ser uma expressão do tipo «o(s) [habitantes, naturais, cidadãos] de...», sobretudo se o gentílico é igual ao de outro país ou território:  

St. Kitts and Nevis (São Cristóvão e Neves) – «de São Cristóvão e Neves» ou são-cristovense

St. Vincent and the Grenadines (São Vicente e Granadinas) – «de São Vicente e Granadinas» ou são-cristovense

Ilhas Virgens Americanas – «das Ilhas Virgens Americanas» ou virginense

Ilhas Virgens Britânicas – «das Ilhas Virgens Britânicas» ou virginense  

Sobre este assunto, deve também consultar-se também o Dicionário de Gentílicos e Topónimos (Port...

Pergunta:

Gostava de questionar a origem da expressão «dar raia», usada da seguinte forma.

Parece-me que alteração de raio não chega.

Alguma ligação ao mar/pesca?

«dar raia • [Informal] Desenrolar-se com problemas; correr mal (ex.: o concurso público deu raia). Origem etimológica: alteração de raio. "dar raia"» (in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2025, https://dicionario.priberam.org/dar%20raia.)

Obrigado pela atenção :)

Resposta:

Não parece haver resposta segura acerca da expressão.

Raia pode figurar em dicionários de calão como sinónimo de «erro, asneira». Ora, raia pode dever talvez essa aceção a um certo erro que se comete no bilhar, quando se dá uma «tacada com que se atinge a bola do parceiro em vez da própria» (Dicionário Houaiss). Acresce que no dicionário da Academia das Ciências de Lisboa se regista «dar raia», no sentido de «fazer uma asneira», mas também «dar uma raia», com o significado de «tocar a bola do parceiro de bilhar com a tacada que se dá na própria bola; falhar a tacada».

Não se encontrou aqui informação que confirme o que acima se sugere, mas arrisca-se a hipótese de «dar raia» resultar da evolução semântica de «dar uma raia».

«Estar escrito» e <i>melhora</i>
Confusões vocabulares até ao céu

«Estar escrito nas pedras» ou «nas estrelas»? E do (mau) tempo atmosférico, pode esperar-se uma "melhora" ou uma "melhoria"? Eis os motes para um apontamento do consultor Carlos Rocha.

Pergunta:

No Douro Vinhateiro (Alto Douro) há um termo muito usado, "deboeira" ou "debueira" (desconheço a grafia) quando se trata de delimitação das estremas de prédios rústicos e que consiste, basicamente, numa pedra que se destaca do solo, na qual é cavada na sua parte superior uma curvatura (sensivelmente um semicírculo) através do qual (semicírculo) se faz o alinhamento com outra marcação.

Agradeço a pesquisa, nos diversos dicionários, sobre este regionalismo, que como referi é muito comum no Alto Douro.

 

Resposta:

Agradecemos a informação, mas a verdade é que nas fontes aqui disponíveis não foi possível achar registos nem em dicionários gerais nem
dicionários de regionalismos.

Fica, portanto, o registo conforme o consulente gentilmente entendeu aqui partilhar, à espera de eventuais contributos que permitam caracterizar esta palavra mais aprofundadamente.

<i>Seide</i> ou <i>Ceide</i>?
A propósito de um topónimo camiliano

A localidade onde Camilo Castelo Branco viveu os seus últimos anos tem o nome de São Miguel de Seide e situa-se em Vila Nova de Famalicão, no distrito de Braga. O uso impôs Seide, e é assim que na página da casa-museu do escritor se escreve o topónimo. Haveria alguma razão para se grafar de outra maneira? Um apontamento do consultor Carlos Rocha.