1. O conflito entre a Rússia e a Ucrânia continua a ocupar o primeiro plano do interesse mediático, trazendo ao mundo imagens chocantes que evocam outras, de má memória, e que ainda não perfizeram sequer um século. A União Europeia, em reação à agressão russa, vai impondo medidas restritivas contra a Rússia. Algumas delas visam especificamente figuras poderosas que mantêm ligações estreitas com o governo de Vlamidir Putin ou que até o financiam. São sanções, de diferentes naturezas e âmbitos, dirigidas a diferentes setores, entre os quais se destacam os oligarcas russos. Este termo, a par de oligarquia e oligárquico, é pouco frequente no léxico quotidiano português, pelo que merece uma análise etimológica e semântica, percurso que o coordenador executivo do Ciberdúvidas Carlos Rocha desenvolve neste seu apontamento. A esta nota vem juntar-se ainda o esclarecimento relativo à prolação do nome da capital ucraniana, que poderá ter três grafias: Quieve (forma portuguesa), Kiev (forma russa) e Kyiv (forma ucraniana) (ver aqui).
O decurso da guerra traz também palavras do léxico comum para primeiro plano, dando-lhes um sentido particular pelas referências à realidade que evoca. É o caso do verbo resistir, que descreve a atitude de muitos ucranianos que optam por ficar nas suas localidades, defendendo o solo pátrio, se necessário em troca da própria vida. Pela importância que a palavra assume, a professora Carla Marques dedicou-lhe a crónica apresentada no programa Páginas de Português, da Antena 2 (aqui transcrita).
2. A atenção mediática dedicada à covid-19 encontra-se em queda, e, no atual momento, vive-se a esperança de que seja possível avançar para um cenário de fim de pandemia. Dessa vontade encontramos registo na frase proferida pelo primeiro-ministro português António Costa: «À beira de nos podermos libertar, mas...», expressão à qual se junta a palavra covídeos, ambas novas entradas em A covid-19 na língua.
3. No Consultório, divulgam-se as novas perguntas, que constituem a atualização: a diferença entre impressionante e impressivo; a ordem dos elementos que constituem os adjetivos pátrios compostos, os significados e a etimologia de roxina e de milgrada, a antítese na frase do conto "George", de Maria Judite de Carvalho, um caso de coesão por contiguidade e a classificação do verbo vir.
4. O professor universitário e tradutor Marco Neves enceta uma viagem às línguas que se falariam em Portugal em tempos remotos, destacando o facto de o panorama linguístico dessas épocas ser dominantemente plurilingue (artigo transcrito com a devida vénia).
5. O Dia Internacional da Mulher é celebrado anualmente a 8 de março. Este é um dia que evoca a manifestação de 20 de fevereiro de 1909, em Nova Iorque, pelos direitos das mulheres e, em particular, pelo acesso ao voto, uma luta pelo direito à igualdade que, em muitos países, continua a ser necessária. O Ciberdúvidas tem divulgado muitos textos dedicados à questão das mulheres no plano linguístico. Recordamos, aqui, por exemplo, os que se relacionam com as profissões/atividades que ainda não apresentam forma feminina: «As mulheres e o nome das atividades que exercem», «A propósito do feminino de procurador-geral da República», «Sobre o uso da forma presidenta no Brasil e em Portugal», «O sexo das profissões», «O sexo e a língua», «Palavras à procura do feminino» e «As muitas faces (linguísticas) da mulher».
6. Os Encontros Mensais sobre o Discurso Académico (EMDA) contarão esta quarta-feira, dia 9 de março, entre as 18h e as 19h30, com a presença da investigadora da Universidade do Porto Mônica Inês de Castro Netto, que apresenta uma comunicação subordinada ao tema «Contributo dos marcadores discursivos para a textualização do gênero memorial» (evento de acesso livre, via plataforma Zoom ou Youtube).