As duas formas são aceitáveis.
De uma forma geral, as orações coordenadas copulativas introduzidas pela conjunção e e as orações coordenadas adversativas introduzidas pela conjunção mas, assumem as regras de colocação dos pronomes clíticos que se aplicam às frases simples ou às orações subordinantes. Isto significa que os pronomes nelas incluídos são colocados em posição enclítica, isto é, depois do verbo, se não existir no interior da oração nenhum elemento que atraia o pronome para posição proclítica, isto é, para antes do verbo. Em (1), a posição é enclítica porque nenhum elemento atrai o pronome e em (2) é proclítica porque o pronome ninguém atrai o pronome:
(1) «O João deu-lhe um livro e pediu-lhe ajuda.»
(2) «O João pediu ajuda e ninguém lha deu.»
Não obstante, como afirma Martins, «[n]as estruturas coordenadas copulativas, a presença de elementos indutores de próclise num dos termos da estrutura coordenada pode condicionar, ou não, a colocação dos pronomes clíticos nos termos subsequentes da mesma estrutura»1. A autora apresenta exemplos como:
(3) «as trevas davam lugar a uma espécie de paz branca, a uma espécie de ausência, pensou ainda E amanhã?, e nada lhe doía já, o ofendia, o incomodava, o perturbava» (CPRC, L. Antunes, Fado)
Desta forma, podemos considerar ambas as frases apresentadas corretas, tanto com próclise do pronome da oração coordenada (4), como com ênclise (5):
(4) «Todos os que estavam com ela sorriam e a acarinhavam.»
(5) «Todos os que estavam com ela sorriam e acarinhavam-na.»
Disponha sempre!
1. In Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, p. 2297.