Com efeito, como já foi referido em diversas respostas apresentadas neste espaço, a distinção entre complemento do nome e modificador do nome não é fácil, pois as fronteiras entre as funções não são sempre claras. Para além disso, os testes que se poderão aplicar para a sua distinção não são totalmente fiáveis.
Um critério orientador poderá passar pela identificação da natureza do nome, o que permite constituir uma tipologia de nomes que pedem complemento. Algumas propostas de tipologia foram já sistematizadas nesta resposta ou nas respostas de Edite Prada (aqui ou aqui).
De uma forma geral, os complementos do nome completam o sentido do nome, ao passo que os modificadores se associam ao nome e lhe acrescentam propriedades adicionais1, que lhe dão maior precisão. É esta relação que se encontra entre o adjetivo telúrico e o nome abalo, na frase (1) ou entre o sintagma preposicional «dos cravos» e revolução na frase (2):
(1) «Os sismos, abalos telúricos, causam tremendos prejuízos.»
(2) «O 25 de Abril, que todos conhecemos como a revolução dos cravos, é um dia memorável.»
Relativamente à frase (2), admito que a atribuição da função sintática de modificador do nome ao grupo preposicional «dos cravos» poderá não ser consensual. Consideramos aqui que se trata de um sintagma preposicional classificador e que, nessa qualidade, modifica o nome, apresentando características similares ao que se referiu nesta resposta.
Por fim, na frase (3), encontramos uma relação entre um adjetivo que estabelece uma relação entre o nome e a sua origem (constituindo um adjetivo relacional), que por essa razão é um modificador do nome:
(3) «As cartas Magic, uma invenção japonesa, entretêm as crianças com muita imaginação.»
Disponha sempre!
1. Brito e Raposo in Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 1045-1046.