Tem de se distinguir a perspetiva histórica da perspetiva atual do funcionamento da língua. O critério etimológico não determina a gramaticalidade ou aceitabilidade do uso de uma forma linguística no presente ou num dado momento da história da língua. Além disso, deve ter-se em mente que, em matéria de história da língua, há sempre alguma margem de dúvida, quando se estuda a língua em períodos mais recuados.
Assim:
– Há boas razões para aceitar que desde provém de dês + de, conforme se explica no Dicionário Houaiss:
«[do] latim vulgar, [...] formado das preposições de e ex + preposição de 'de dentro de, a partir de, a contar de'; esses diversos sentidos são valores contextuais da preposição desde, que, como elemento estruturador, precede um determinante (vocábulo, sintagma, oração) e o relaciona a um determinado (vocábulo, sintagma, oração), para definir, no espaço ou no tempo, movimento de afastamento de um dado limite, claramente marcado como ponto de partida; essa acepção torna a preposição desde correlata intensiva da preposição de; historicamente, registra-se, em 919, a forma des /ê/ (< preposição latina de + ex) [...].»
– Outra coisa é falar da forma atualmente correta, que é indiscutivelmente desde, que não se contrai com artigos definidos ou outros determinantes. Formas como "desda"/"desdo" estão, portanto, incorretas, por muito imaginativas que sejam.