«O humblebrag habilidoso faz passar a imagem de santinho por baixo da aparência de uma piada ou de uma banalidade.»
Acho que deveríamos importar a palavra humblebrag. Junta o adjectivo humble (humilde, modesto) ao verbo brag (gabar-se) para apanhar aquelas instâncias em que alguém se gaba a si próprio disfarçadamente, como quem não quer a coisa.
Imaginemos que eu me orgulho de uma biblioteca que organizei para as crianças do meu bairro, mas acho que me fica mal estar a chamar a atenção para a minha generosidade cívica.
Para me gabar sub-repticiamente, integro a minha boa acção num episódio corriqueiro em que pareço estar a fazer pouco de mim próprio.
Por exemplo: «Hoje, dei cá um trambolhão! Ia todo lampeiro com um saco cheio de livros para a biblioteca infantil quando escorreguei à saída de casa e fui parar ao meio da estrada!»
O humblebrag habilidoso faz passar a imagem de santinho por baixo da aparência de uma piada ou de uma banalidade.
Não se diga que não nos fazia falta nenhuma mais uma palavra estrangeira. É que não é uma palavra: é um conceito, é um achado moral e cultural. Para poder denunciar a prática – que deve existir desde que existem seres humanos em sociedade – é preciso uma maneira prática de denunciá-la: uma palavra.
A prova é que, desde que a palavra (e a acusação) humblebrag começou a aparecer nos media de língua inglesa, as instâncias de auto-elogios disfarçados diminuíram substancialmente.
Já agora, também faz falta o fishing for compliments: aquele jeito de falar de forma a colher elogios. Classicamente quem pesca parabéns utiliza como isco uma auto-crítica declaradamente violenta: «estou tão feio!» ou «esta crónica não presta para nada!».
E como chamaremos ao humblebrag? Gabarolice encapotada? Auto-fanfas? Elogios de contrabando? Sub-gabarolices? Humilfanfas? Ou Autopromoções disfarçadas?