No caso em apreço, o verbo alargar constrói-se com complemento direto e complemento oblíquo.
Se atentarmos na frase (1)
(1) «Ele alargou os benefícios a todos os habitantes.»
percebemos que o verbo tem como complemento direto o constituinte «os benefícios» e como complemento oblíquo o constituinte «a todos os habitantes».
A função sintática desempenhada por este último constituinte pode desencadear algumas dúvidas pelo facto de ele ser introduzido pela preposição a, o que o torna semelhante a um complemento indireto.
Esta questão poderá ver-se esclarecida, por um lado, pelo facto de o verbo alargar reger a preposição a (como pode reger também as preposições até e para) e, por outro, pelo comportamento sintático do constituinte. Para o testar, devemos saber que o complemento direto não pode ser substituído por um sintagma preposicional constituído por «preposição a + pronome pessoal forte», o que é possível, todavia, com um complemento oblíquo1. Vejamos as diferenças entre a aplicação do teste à frase (1) e à frase (2):
(1a) «Ele alargou os benefícios a eles.»
(2) «Ele deu benefícios aos habitantes.»
(2a) «*Ele deu benefícios a eles.»
Na frase (1), é possível substituir o constituinte «a todos os habitantes» por «a eles», ao passo que, na frase (2), não é possível substituir «aos habitantes» por «a eles». Estas diferenças justificam-se pelo facto de o constituinte da frase (1) ter a função de complemento oblíquo, enquanto o da frase (2) tem a função de complemento indireto.
Pelo exposto, é possível verificar que na frase apresentada o constituinte «a um maior número de leitores» tem a função de complemento oblíquo.
Disponha sempre!
*assinala a inaceitabilidade da frase.
1. Para maior aprofundamento, cf. Gonçalves e Raposo in Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, p. 1172.