A característica que o consulente refere é apontada pelos gramáticos Celso Cunha e Lindley Cintra na Nova Gramática do Português Contemporâneo, pág. 442 da edição de 1984.
Os autores referem na observação número 5 ao artigo relativo aos verbos abundantes que o verbo imprimir só tem dois particípios «…quando significa "estampar", "gravar". Na acepção de "produzir movimento", "infundir" usa-se apenas o particípio em -ido.»
Este aspeto não é valorizado nos dicionários consultados, embora alguns, como o Houaiss e José Pedro Machado no Grande Dicionário da Língua Portuguesa, alertem para a existência do duplo particípio.
Respondendo às questões colocadas, poderemos dizer, sim, que no caso do verbo imprimir, o sentido do verbo condiciona o uso do particípio, uma vez que só comporta duplo particípio quando significa «gravar» ou «estampar».
Quanto à segunda questão que coloca, há alguns verbos no português que parecem admitir uma dupla situação de uso do particípio no caso dos verbos compostos, por estarem em fase de transição, quer admitindo duplo particípio, como entregar – entregado, entregue («tem entregue»/«tem entregado») – quer perdendo essa característica, como ganhar – (ganhado), ganho («tem ganho»/«ganhado»).
No entanto, esse aspeto parece dever-se, sobretudo, à situação de mudança e não a alterações semânticas dos verbos em causa.
No caso da passiva, parece registar-se uma maior regularidade, sendo usado sistematicamente o particípio mais inovador: «foi entregue», «foi ganho».