A forma apresentada está correta.
O quantificador todos pode combinar-se com o pronome pessoal de diferentes formas, colocando-se antes ou depois da forma pronominal, como se observa em (1) e (2):
(1) «Todos eles vieram à aula.»
(2) «Eles todos vieram à aula.»
Como é sabido, o pronome pessoal, quando tem a função de complemento direto, assume a forma o(s) / a(s), dita forma fraca (=clítico):
(3) «Encontrei-os na escola.»
Ora, se este complemento direto incluir uma quantificação operada por todos, o pronome pessoal terá de assumir a forma forte (eles), pois, como adverte Bechara, «O pronome ele, no português moderno, só aparece como objeto direto quando precedido de todo ou só (adjetivo)»1:
(4) «Encontrei todos eles na escola.»
O quantificador todos pode ainda ser associado a uma construção de redobro do pronome, que corresponde a uma construção que repete o complemento direto com uma intenção enfática, como se observa em (5):
(5) «Encontrei-os a todos (eles).»
Por fim, a construção apresentada em (6) é também aceitável, sendo eventualmente uma opção sentida como menos normativa2, na medida em que corresponde à colocação do quantificador todos depois do pronome (como acontece em (2)), o que levará a que o pronome retome a sua forma fraca:
(6) «Encontrei-os todos na escola.»
Pelas razões expostas, a construção apresentada pelo consulente está correta. Nela, o constituinte «todos eles» desempenha a função de complemento direto, assumindo o pronome a forma forte (eles) devido à presença do quantificador todos:
(7) «Não resisti a tornar todos eles personagens»
Em nome do Ciberdúvidas, agradeço a gentis palavras que nos endereça.
Disponha sempre!
1. Bechara, Moderna Gramática Portuguesa. Ed. Lucerna, p. 147.
2. A este propósito, leia-se esta resposta.