1. Depois da pandemia, que ceifou, em Portugal, já perto de 250 mil vidas humanas e mudou a forma como vivemos, como será o futuro? Em A covid-19 na língua regista-se a nova entrada futuro...pós-pandemia, a que se somam cinco outras: cronificação e cronificar, em referência às sequelas crónicas da covid-19; a palavra solidão, relativa às consequências do isolamento social decorrentes do(s) período de confinamento; o nome Tonga, país no Pacífico Sul, que só no fim de outubro de 2021 registou o primeiro caso; e o da Polónia, um dos países europeus com maior incidência de mortos de covid-19 e que teve de reforçar o seu plano de vacinação. Finalmente, a expressão «uma vergonha global», proferida por António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, em considerações sobre os cinco milhões de mortos com covid-19 em todo o mundo, associadas a novo apelo para a «equidade na vacinação» no mundo.
2. A propósito da convocação de eleições antecipadas em Portugal, por o parlamento não ter aprovado o Orçamento Geral do Estado para 2022, pode ler-se, em O Nosso Idioma, um apontamento da professora Carla Marques, que esclarece a origem da palavra orçamento a partir do verbo orçar, que remonta à linguagem náutica em italiano. Na mesma rubrica, transcrevem-se ainda, com a devida vénia, dois textos publicados na comunicação social portuguesa: um artigo de opinião da linguista Margarita Correia, que compara as políticas linguísticas da Catalunha com as da CPLP (Diário de Notícias, 01/11/2021); e a crónica da autoria do jornalista Vítor Bandarra, publicada na revista dominical do Correio da Manhã, de 31/10/202, sobre uma expressão muito na moda no discurso político em Portugal: «Eu diria que...».
3. Poder-se-á afirmar que certas construções que têm baixa ocorrência na língua do povo, como, por exemplo, a mesóclise, continuam a fazer parte da língua materna desse mesmo povo? No Consultório, reflete-se sobre esse assunto considerando-se que mesmo as construções pouco frequentes integram a língua materna de um falante. Analisa-se também a oração «como quiseres», uma subordinada substantiva relativa. Avaliam-se igualmente os diferentes significados atribuídos ao adjetivo simbólico e as expressões sinónimas de «havendo ocasião». Além disso, explicam-se os diferentes significados das expressões «cortar ao meio», «cortar no meio» e «cortar pela metade». A etimologia das palavras é igualmente objeto de resposta, nomeadamente, a palavra reino, um caso de mudança irregular, e as formas alagoa e alagar, variantes populares de, respetivamente, lagoa e lagar.
4. Depois de uma edição virtual em 2020 por causa da pandemia, a Web Summit, que decorre em Lisboa de 1 a 4 de novembro, regressa em 2021 ao formato presencial. Este evento, dos mais importantes eventos mundiais de tecnologia, empreendedorismo e inovação, atrai uma lista diversificada de oradores mundiais. Embora mais conhecido pela vertente tecnológica, este fórum internacional aborda outras temáticas – do marketing e dos media à sociedade e aos tempos atuais, passando pelo desenvolvimento de negócios.
À volta deste acontecimento, que tem lugar em Lisboa desde 2016, sugere-se a leitura dos comentários – muitas vezes associados a críticas aos excessos da anglofonia e da anglicização – que Ciberdúvidas lhe tem dedicado ao longo anos: "Web Summit, start-up e feature: como usar em português?" (2016), "No Dia da Mobilidade, palavras de maior trânsito nos usos do português, o regionalismo prosmeiro e os anglicismos Web Summit e start-up" (2016), "10 novas respostas no consultório do Ciberdúvidas, a Web Summit 2017 e (um)a Urban Beach à beira-Tejo" (2017), "Uma Web Summit que angliciza Lisboa" (2018), "A evolução de plafom, o cinema no Cuidado com a Língua!, a invasão linguística da Web Summit e os alertas de Jorge de Sena" (2019) e "Um ano de palavras da pandemia, «que será dele?», cyberbullying, o falecimento de Eduardo Lourenço e o centenário de Clarice Lispector" (2020).
5. Registo de várias iniciativas a decorrer no mês de novembro de 2021, no âmbito dos estudos linguísticos em e sobre língua portuguesa:
– A 3.ª edição das Jornadas dos Dicionários, promovida em 12 de novembro pelo Centro de Linguística da U. Nova de Lisboa e que, em 2021, põe em contacto profissionais das áreas da lexicologia e da lexicografia com especialistas de áreas de conhecimento específicas.para discutir a lexicografia e a dicionarística de especialidade.
– O Texto Oral e a Sala de Aula é o tema da nova edição das Jornadas de Ensino e Aprendizagem de Língua Portuguesa (JEALP), que reúne linguistas brasileiros e portugueses, ao longo de sessões agendadas de 17 de novembro a 2 de dezembro p. f.
– Nos dias 19 e 26 de novembro, sexta-feira, o II Encontro de Fonologia PHONOSHUTTLE OPO-LIS – Ponte aérea de Fonologia, realizado para partilha e discussão entre linguistas da área da Fonologia (encontro realizado à distância, através da plataforma Zoom).
6. Um destaque final para a exposição Aristides de Sousa Mendes: o Exílio pela Vida, patente na Biblioteca Palácio Galveias, em Lisboa, até 15 de dezembro p. f.
Cf. Aristides de Sousa Mendes «mudou a História e colocou Portugal no mundo»
1. A partir de domingo, dia 31 de outubro, até 12 de novembro, tem lugar, em Glasgow, a Conferência das Nações Unidas sobre as alterações climáticas, conhecida como COP26. Este termo formou-se a partir da combinação de elementos de 26th Conference of the Parties, a designação em inglês do encontro (em português). A importância desta reunião é decisiva numa altura em que os problemas climáticos são evidentes e exigem uma ação conjunta das forças políticas, sociais e económicas. Um dos aspetos cruciais do evento passa pelo anúncio, por parte de diferentes países, das regras que implementarão para, finalmente, cumprir o Acordo de Paris. No âmbito ainda das questões climáticas, destaque ainda para o Prémio Gulbenkian para a Humanidade, no valor de 1 milhão de euros, que foi atribuído ao Global Covenant of Mayors for Climate & Energy – GCoM, uma aliança global para a liderança climática das cidades, constituída por mais de 10 600 cidades e governos locais de 140 países, incluindo Portugal.
A realização da 26.ª Conferência do Clima das Nações Unidas convida a uma (re)leitura de alguns textos disponíveis no arquivo do Ciberdúvidas. Entre eles, destacamos Climático vs.climatérico, Etimologia de meio ambiente, Poluição dif. de contaminação, Poluente, nome e adjetivo e Despoluição. Outros termos e expressões relacionados com este acontecimento planetário: descarbonização; desertificação # desflorestação # salanização # savanização; ecocídio; Greennwahing (i.e., «impostura ambiental»); Green New Deal (Pacto Ecológico Europeu, em português); IPCC (sigla do inglês Intergovernamental Panel on Climate Change, em português Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas); littering («detritos» ambientais); rio atmosférico; e resíduo zero. [Sobre esta temática, cf. a recomendação para o espanhol da Fundéu RAE: Crisis climática, claves para una buena redacción + Glossário do clima para entender a COP26]
.]
2. As perguntas de natureza ortográfica assumem relevo nesta atualização do Consultório. Neste domínio, indica-se qual a grafia correta do termo «nó de pinho» e esclarece-se que os nomes de moedas não têm de ser grafados em itálico. Uma questão ainda da mesma natureza pretende saber se o nome Mercado da Ribeira se escreve com maiúsculas iniciais. No plano da análise sintática, regressamos ao tema da colocação do clítico com orações completivas infinitas e à análise de uma frase que inclui um constituinte com a função de predicativo do complemento indireto, elucidando ainda sobre a colocação de vírgula com constituintes topicalizados. Por fim, explora-se a diferença entre o uso de nomes comuns com e sem artigo definido.
3. Em O Afeganistão de A a Z, registamos três novas entradas, que descrevem também a evolução da situação no âmbito dos direitos humanos: AIHRC, Pelo regresso às escolas das meninas afegãs e Shaharzad Akbar.
4. O eufemismo é, por vezes, apresentado como antónimo da hipérbole. Contudo, como defende o professor brasileiro Chico Viana, tal interpretação não é correta porque «a hipérbole diz respeito ao "pathos" (paixão), enquanto que o eufemismo está ligado ao ethos (caráter)». Este é o tema desenvolvido na crónica do autor, intitulada «O oposto da hipérbole», aqui transcrita com a devida vénia.
5. No dia 1 de novembro, os católicos celebram o Dia de Todos os Santos, uma festividade religiosa em honra dos santos e mártires, que se associa a outras manifestações, como o tradicional pão-por-deus. Neste dia, existe a tradição (em Portugal e noutros locais do planeta) de as crianças saírem à rua, em pequenos grupos, para pedirem «pão-por-deus». É tradição também oferecer-lhes pão, broas, frutos ou castanhas. Este peditório estará relacionado com o hábito muito antigo de repartir pão com os pobres no dia dos defuntos. Trata-se, no entanto, de uma manifestação que vai perdendo terreno em Portugal face ao festejo de 31 de outubro, dia em que se celebra o Dia das Bruxas. Esta é uma contaminação oriunda do mundo anglófono, onde o evento se designa Halloween, que se vai espalhando um pouco por todo o lado, num fenómeno global de aculturação*. Este dia convida também à leitura de alguns textos divulgados no Ciberdúvidas: «A propósito do «Dia das Bruxas», sim ou não?», «Dias das Bruxas ou dia sagrado?» ou «Todos-os-Santos vs. «Todos os Santos»
6. O escritor cabo-verdiano Germano de Almeida, Prémio Camões em 2018, é o homenageado da 14.ª edição do Festival Literário Escritaria, que decorre em Penafiel entre 24 e 31 de outubro. Neste festival, o escritor apresentará ainda o seu novo romance intitulado A Confissão e a Culpa, que constitui o terceiro volume da Trilogia do Mindelo. A título de curiosidade linguística, refira-se que o autor afirmou não gostar do termo lusofonia, sendo, na sua ótica, preferível o temo lusografia.
7. Nos programas produzidos pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa para a rádio pública portuguesa, destacamos em Língua de Todos, da RDP África a presença da linguista moçambicana Inês Machungo, que abordará o tema dos neologismos no português moçambicano (sexta-feira, 29 de outubro, às 13h20*, com repetição no dia seguinte, pouco depois das 09h00*). O programa Páginas de Português, da Antena 2 convida a professora Ana Martinho, que virá falar sobre escritora moçambicana Paulina Chiziane, recentemente galardoada com o Prémio Camões 2021. Neste programa passa ainda a crónica da professora Carla Marques dedicada aos termos orçar e orçamento, relacionados com a crise política que se vive em Portugal (domingo, 31 de outubro, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte, 6 de novembro, às 15h30*).
8. Registo ainda para o programa Palavras Cruzadas, no qual Dalila Carvalho tratará a linguagem do mundo automóvel (de 1 a 5 de novembro, na Antena 2, às 9h50 e 18h20*).
9. Com o feriado de 1 de novembro em Portugal, a nova atualização do Ciberdúvidas será na quarta-feira, dia 3 de novembro.
* Hora oficial de Portugal continental
1. A data de 27 de outubro marca o Dia Mundial do Património Audiovisual sob o lema «Sua Janela para o Mundo». Neste dia a UNESCO destaca o papel cada vez mais relevante do tipo de espólio para promover intercâmbio global e homenageia os funcionários nos campos da preservação audiovisual e instituições protegendo o património. A data promove ainda o «fluxo livre de ideias por palavras e imagem como uma representação da herança e da memória compartilhada», destacando o papel do património na consolidação da paz. Entre as comemorações virtuais estão projeções de filmes que assinalam esta comemoração promovida pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, UNESCO e pelo Conselho Coordenador das Associações de Arquivos Audiovisuais, CCAAA.
Sobre os temas do audiovisual e do património, sugere-se a leitura de "Audiovisual", "Os filmes são coisas filmadas", "Legendagem de filmes", "A 'sétima arte' no cenário da Cinemateca de Lisboa", "As línguas da ficção audiovisual" e "A expressão 'património mundial'". Na imagem principal, o cartaz comemorativo com que o Instituto Politécnico da Guarda assinala a data.
2. Sabe o que significa garrular? Que variantes desse verbo estão contempladas nos dicionários? E será que se deve escrever o nome dos dias das efemérides com letra maiúscula? O Consultório tem as respostas, bem como outras que contemplam temas como a sintaxe, relativamente à análise da expressão «jogar à bola»; a morfologia do nome interesse, a estrutura da locução prepositiva «perto de» e o uso de preposições com o verbo regurgitar. Comenta-se ainda a legitimidade linguística da expressão «comprovativo de recebimento».
3. Na rubrica do Ensino, transcreve-se, com a devida vénia, o artigo de opinião "O ensino sob o signo do absurdo e da assobiadela para o lado", da autoria professora de Português Maria do Carmo Vieira, saído na edição de 23 de outubro de 2021 do jornal Público. Neste artigo, focando situação particular em Portugal, a autora considera incompreensível que, sendo a escola inclusiva, o número de alunos por turma não constitua uma preocupação pedagógica. Além disso, salienta o papel primordial da escola pública, no sentido de garantir boas condições e qualidade de ensino para todos, o que sem investimento financeiro e professores motivados não acontecerá.
4. Em O Nosso Idioma, apresentam-se os significados da palavra apneia,num apontamento escrito pela consultora do Ciberdúvidas Lúcia Vaz Pedro – «Está na moda praticar apneia!» –, que dá conta da evolução semântica da palavra, que, para além do sentido original relacionado com a medicina («paragem transitória da respiração»), denomina, atualmente, uma modalidade aquática. Na mesma rubrica, disponibiliza-se igualmente um artigo publicado na revista brasileira Gama no dia 20 de outubro de 2021, "Neofobias: qual é o nome do seu novo medo?". Nele, o autor, o diretor artístico e Marcello Dantas, lista uma série de fobias raras e incomuns que são um aspecto importante para a compreensão da nossa era e da nossa saúde mental.
5. Nos programas produzidos pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa para a rádio pública portuguesa são temas principais:
♦ Os neologismos do português moçambicano são explicados e comentados pela linguista Inês Machungo (Universidade Eduardo Mondlane), em Língua de Todos, transmitido pela RDP África, na sexta-feira, 29 de outubro, às 13h20* (e repetido no dia seguinte, pouco depois das 09h00*).
♦ A respeito da escritora moçambicana Paulina Chiziane, recentemente galardoada com o Prémio Camões 2021, entrevista-se a professora Ana Martinho, no Páginas de Português, que vai para o ar na Antena 2, no domingo, 31 de outubro, às 12h30* (repetição no sábado seguinte, 6 de novembro, às 15h30).
* Hora oficial de Portugal continental.
1. A ideia de trajetória ou de percurso delimitados associa-se à sequência das preposições desde até no mesmo enunciado: «Conduziu desde Tomar até Lisboa». Mas estará incorreta a ocorrência da conjunção coordenativa copulativa e com a preposição até: «conduziu de Tomar e até Lisboa»? A resposta encontra-se no Consultório, em cuja atualização também se aborda o género de PayPal. Além disso, distinguem-se os diferentes tipos de coesão (lexical, referencial, interfrásica, temporal e frásica), enumeram-se os atos ilocutórios declarativos e comenta-se a concordância verbal entre sujeito e predicado na frase "onde ficam os bombeiros?". Analisa-se ainda o caso particular do adjetivo melhor, grau comparativo de superioridade do adjetivo bom e do advérbio bem.
2. No Pelourinho, volta a chamar-se a atenção para a expressão "à séria", um uso desleixado, próprio da linguagem informal, infelizmente recorrente na imprensa portuguesa, em lugar de «a sério», que é a locução adverbial correta e devidamente dicionarizada. Desta vez, foi numa notícia publicada no Expresso, no dia 23 de outubro, a propósito de o ator Alec Baldwin ter matado uma pessoa da equipa de filmagens de um western em que ele também é o produtor.
3. Em O Nosso Idioma, Lúcia Vaz Pedro dá conta da função e do valor dos adjetivos qualificativos, neológicos uns, outros raros e caídos em desuso, mas que revelam a riqueza vocabular da língua portuguesa. Na mesma rubrica, transcrevem-se, com a devida vénia, dois textos da edição do jornal Público de 23 de outubro de 2021:
♦ "As palavras que empobrecem a nossa cabeça" artigo de opinião que o historiador e político José Pacheco Pereira assinou para dar conta de quatro palavras que, pela sua distorção e perda de sentido, fazem estragos na política em Portugal: liberdade, socialismo, bloco central, clarificação;
♦ "Em inglês é mais snobe", de José Manuel Barata-Feyo, que parte da banalização do erro gramatical para um comentário sobre a profusão pretensiosa de anglicismos nos media portugueses em geral e, em particular, no jornal no qual ele é o atual provedor dos leitores.
4. Recorde-se que, no Palavras Cruzadas, de Dalila Carvalho, o ambiente e o clima são temas de análise nesta semana. Este programa vai para o ar na Antena 2 de segunda a sexta (de 25 a 29 de outubro, às 09h50 e às 18h20*).
5. Assinala-se na presente data o Dia Mundial da Ópera, coincidindo com os aniversários de Georges Bizet (1838-1875) e de Johann Strauss II (1825-1899), compositores de algumas das mais conhecidas óperas e operetas. Esta comemoração foi instituída em 2019 por iniciativa da Opera América, Ópera Latino-América e Ópera Europa. Em Portugal, é ocasião para um diagnóstico da arte operática, que tem atravessado uma profunda crise, de acordo com o balanço preocupante da cantora lírica, produtora e diretora artística Catarina Molder, que, no jornal Público, sublinha: «Não tem havido uma estratégia de serviço público exigida pela tutela na gestão do único teatro de ópera português – o Teatro Nacional de São Carlos – que devia ter responsabilidades acrescidas e teima em ser impermeável ao meio e produção cultural portugueses, ao público de hoje, aos criadores de hoje e à ópera dos nossos dias.»
Sobre a ópera e à volta do seu contexto cultural, recordamos, entre outros, os seguintes textos disponíveis no aquivo do Ciberdúvidas: A evolução da palavra latina opera para português, Prima-dona, «Um meio-soprano», ou «uma meio-soprano»? Bartoli esdrúxula, Aïda, A origem do nome Aida", «As expressões da ópera D. Quixote, de António José da Silva», Cultura popular e cultura erudita e O crioulo ca, bo-verdiano em ópera". Na imagem, a fachada do único teatro de ópera em Portugal, o Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa. Fica também um registo da ária "Près des remparts de Séville" da Carmen de Bizet, interpretada pela meio-soprano espanhola Teresa Berganza, a contracenar com Plácido Domingo, na produção que a Opéra National de Paris levou a cabo em maio de 1980.
1. O norte de Portugal orgulha-se das suas tradições, entre elas, as de um certo acinte e pitoresco de linguagem cuja exibição escandaliza (ou escandalizava) os ouvidos mais delicados dos nados e criados na capital lisboeta. Na Montra de Livros, o jornalista José Mário Costa apresenta o Dicionário de Calão do Norte, de João Carlos Brito, um trabalho que se faz anunciar como uma recolha do «português mais português de Portugal».
Na imagem principal, o santuário de Santa Luzia, em Viana do Castelo (foto: Tereza Cidade, Marcos Santos e Amazonas e Mais)
2. No Consultório, cinco novas respostas integram a nova atualização, sujeitas aos seguintes tópicos: a locução «de coração»; a sintaxe da locução «dar-se conta de» e dos verbos depender, aprender e designar; e tipos de antropónimos (nome próprio, apelido, alcunha, patronímico, etc.).
3.Vivemos tempos de revisão de toda a história da colonização europeia, sendo agora frequente fazerem-se apreciações negativas das memórias imperiais, entre elas, as do domínio ultramarino português. Mas subsistem traços de um convívio cultural que encontrou formas saborosas de apelo aos sentidos, como aponta o jornalista Leonídio Paulo Ferreira num texto que se transcreve, com a devida vénia, na rubrica Diversidades e que evidencia o impacto português na doçaria da Índia e do Japão (artigo do Diário de Notícias, 21 de outubro de 2021).
4. A escritora moçambicana Paulina Chiziane (n. 1955, Manjacaze, Gaza) foi a vencedora do Prémio Camões de 2021. Como fez questão de frisar o Ministério da Cultura português em nota à comunicação social, foi por unanimidade que o júri escolheu o nome da primeira mulher a publicar um romance no seu país , destacando «a importância que [a autora] dedica nos seus livros aos problemas da mulher moçambicana e africana» e «o seu trabalho recente de aproximação aos jovens, nomeadamente na construção de pontes entre a literatura e outras artes». As Notícias dão conta do acontecimento, salientando as declarações que esta contadora de histórias moçambicana deixou registadas num vídeo difundido pela Euronews (21 de outubro de 2021): «Eu vim do chão! Portanto, [este prémio é] um reconhecimento para alguém que veio de lugar nenhum, sem dúvida, é um motivo de inspiração para uma outra geração.»
5. "A palavra do ano em Portugal" é uma iniciativa que a Porto Editora leva a cabo habitualmente nos meses finais de cada ano, pelo tratamento de dados recolhidos nos meios de comunicação social, nas redes sociais e no registo de consultas em linha e pela rede móvel dos dicionários desta empresa. Além disso, a Porto Editora tem também em consideração as sugestões dos Portugueses, que podem comunicá-las através de uma página para o efeito, que se disponibiliza aqui.
6. Temas dos três programas emitidos pela rádio pública portuguesa e dedicados à língua portuguesa:
♦ O pleonasmo e o neologismo, em Língua de Todos (RDP África, sexta-feira, 22/10/2021, 13h20*).
♦ O Congresso Internacional Fernando Pessoa, realizado na Fundação Calouste Gulbenkian em 13 a 15 de outubro de 2021, no Páginas de Português, (Antena 2, domingo, 24/10/2021, 12h30*), emissão que inclui ainda uma pontamento sobre o centenário da revista Seara Nova e a crónica de Edleise Mendes sobre o estatuto do português no espaço da lusofonia.
♦ No Palavras Cruzadas, de Dalila Carvalho, estão em discussão o ambiente e o clima. Via Antena 2 de segunda a sexta (de 25 a 29 de outubro, às 09h50 e às 18h20*).
*Hora oficial de Portugal continental.
1. A nova entrada em A covid-19 na língua tem uma configuração menos vulgar: molnupiravir. Assim se chama o medicamento, que, a confirmarem-se as expectativas, se tornaria o primeiro tratamento antiviral oral contra o vírus SARS-CoV-2. Trata-se de um produto da empresa farmacêutica norte-americana Merck, que foi buscar a sua denominação ao onomástico da mitologia nórdica – em Mjölnir, o martelo de Thor, deus do trovão, de modo a sugerir o efeito esmagador do medicamento sobre o coronavírus. Segundo os primeiros estudos anunciados, o medicamento é ministrado logo após a infeção, mas não substitui a vacinação.
Na imagem, O combate de Thor contra os Gigantes, quadro de 1872 do pintor sueco Mårten Eskil Winge (1825-1896).
2. A pandemia lança desafios, e nem todos os países «têm facilidade em enfrentá-los» – ou «têm facilidade em os enfrentar»? Este é mais um exemplo dos caprichos da colocação dos pronomes átonos na frase, tópico que é abordado na presente atualização do Consultório. Incluem-se igualmente outros pedidos de esclarecimento: porque não se deve usar «pelo o», mas, sim, «pelo» em «CR viajou pelo Brasil»? Como identificar o predicativo do sujeito em «ela está doente com gripe»? Diz-se «ele acarretou as culpas» ou «ele acarretou com as culpas»? O futuro do indicativo tem algum valor de incerteza? No português de Portugal, como se pronuncia o e do verbo arrestar?
3. «Ter macacos no sótão», ou seja, «ter medos infundados», é expressão recorrente, por exemplo, como chamada à realidade dirigida muito em especial a crianças receosas. Na rubrica Montra de Livros, apresenta-se o livro Onde Moram os Teus Macaquinhos?, livro de Ana Markl, cuja escrita menos convencional desmistifica o sentido de várias expressões idiomáticas para entretenimento e tranquilidade dos jovens leitores.
4. De expressões idiomáticas e metáforas fala também a professora Carla Marques num apontamento intitulado "Cortar" e disponível em O Nosso idioma. Esta rubrica inclui ainda outro novo texto, da autoria de Carlos Rocha, a propósito de três nomes geográficos e de aspetos das suas histórias: Portugal, Canadá e Califórnia.
5. O Dicionário Priberam da Língua Portuguesa faz 25 anos, aniversário que é também pretexto para recordar o que era a Internet em 1996. Mais informação nas Notícias.
6. Registo dos programas de rádio produzidos pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa para a rádio pública portuguesa:
♦ O pleonasmo e o neologismo dão tema para a participação da professora Sandra Duarte Tavares em Língua de Todos, emitido na RDP África, na sexta-feira, 22 de outubro de 2021, pelas 13h20* (com repetição no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00*).
♦ No contexto do Congresso Internacional Fernando Pessoa, realizado na Fundação Calouste Gulbenkian em 13 a 15 de outubro de 2021, convida-se o filósofo italiano António Cardiello (Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa) para falar da sua comunicação acerca dos textos pessoanos alusivos à língua portuguesa no Páginas de Português, transmitido na Antena 2, no domingo, 24 de outubro de 2021, pelas 12h30* (com repetição no sábado seguinte, 29 de outubro, às 15h30*). Ainda no mesmo programa, intervém o professor António Sampaio da Nóvoa para assinalar o centenário da Seara Nova, destacar a marca indelével desta revista na vida cultural e política do século XX português e sublinhar o papel de António Sérgio (1883-1969). Finalmente, a crónica da professora Edleise Mendes sobre o estatuto do português no espaço da lusofonia: língua materna, segunda língua ou língua estrangeira?
1. Em A covid-19 na língua existe uma nova entrada: descovidificação, que se refere ao tratamento – ou seja, à análise e à modelação por meio de tecnologia avançada – dos dados disponíveis sobre e para a vacinação contra a covid-19 em Portugal. É um termo alusivo a outro, descodificação, e esporadicamente usado em português. Dê-se como exemplo o título "Os dados ao serviço da 'descovidifcação' de Portugal", um artigo da autoria de Pedro Saraiva, diretor da escola de Gestão de Informação da Universidade Nova de Lisboa, e incluído há meses no jornal Público de 6 de janeiro de 2021. Não é claro tratar-se de criação exclusivamente portuguesa, pois uma consulta do Google faculta contextos de ocorrência do verbo inglês to decovidify («descovidificar») – como é o caso do jornal eletrónico irlandês The Journal, em 30 de abril de 2020 –, podendo aqui encontrar-se a motivação dos neologismos descovidifcar e descovidificação, que são possíveis e estão corretos. Na mesma rubrica, outra entrada: «(novos) hábitos alimentares».
2. No Consultório, explica-se por que motivo se deve dizer «Ordem dos advogados» e não «ordem de advogados». Analisa-se a presença do complemento indireto na frase «apresentou-me à Maria», através de exercícios de substituição. Relativamente à palavra contemporaneidade, explica-se o processo de formação (contemporâneo + -idade). Além disso, analisa-se uma frase em que o adjetivo apresenta um valor não restritivo. O uso e a origem de Algueirão (Sintra) são também esclarecidos. Esclarece-se ainda a eventual omissão do artigo definido com África em expressões como «vento de África» (sem qualquer artigo) ou «vão para a África» (com artigo definido). Por último, responde-se a uma dúvida acerca da utilização do futuro do conjuntivo (subjuntivo) do verbo dizer (disser), que não deve ser confundida com dizer, que é a forma de infinitivo do verbo em apreço.
3. Na rubrica Montra de Livros, apresenta-se o Manual de Técnicas de Expressão e Comunicação (Universidade Aberta), uma publicação da autoria do professor e investigador Paulo Nunes da Silva. Apesar de o público-alvo serem os estudantes da licenciatura em Línguas Aplicadas (LLA), poderá interessar a professores, jovens investigadores, alunos em geral e a todos aqueles que têm a escrita como ferramenta de comunicação.
4. Sobre o Dia Mundial para a Erradicação da Pobreza, assinalado em 17 de outubro, lembramos o termo aporofobia, que significa «ódio a pessoas pobres ou desfavorecidas». Foi criado pela filósofa espanhola Adela Cortina (Universidade de Valência), nos anos 90 do século passado, a partir dos elementos de origem grega áporos, «sem recursos, pobre», e fobia, «medo, aversão, ódio». Atualmente ocorre também em textos em português, como é o caso da crónica «O aporófobo» do jornalista português João Almeida Moreira (in Diário de Notícias de 6/05/2021).
5. Em Portugal a incerteza quanto a haver ou não acordo escrito entre o Governo de António Costa e o Bloco de Esquerda para a viabilização do Orçamento de Estado trouxe de novo ao espaço mediático a errónea pronúncia do plural acordos. Vale pois a pena lembrar que sua prolação é exatamente a do singular: /acôrdo(s)/
6. Um registo final, cabo-verdiano¹, a propósito da eleição do novo Presidente do país, José Maria Neves, e do lançamento, em Portugal, do livro Manifesto A Crioulização, da autoria do músico, compositor, escritor e ex-ministro da Cultura Mário Lúcio Sousa. E um outro, luso-francês, relacionado com a homenagem ao cônsul de Portugal em Bordéus durante a ocupação nazi de França, Aristides de Sousa Mendes (1885 – 1954) , cujos restos mortais são trasladados para o Panteão Nacional², em Lisboa, na terça-feira, dia 19 de outubro de 2021.
¹ Cf. Cabo-verdiano + O bilinguismo em Cabo Verde e o ensino da expressão escrita + Oficializar a língua cabo-verdiana?
² Cf. Papa Francisco evoca Aristides de Sousa Mendes no "Dia da Consciência" + Aristides de Sousa Mendes: desobedecer para salvar + Aristides: “A história foi ontem”, mas resgatá-la está a ser difícil em Cabanas de Viriato + Livro desvenda a “A Lista de Aristides de Sousa Mendes” + Cuidado com a Língua!... no Panteão Nacional, em Lisboa
1. Do Brasil, chega ao Consultório uma pergunta relativa à existência de um termo específico para designar o estudo da língua e cultura japonesas. Esta é a matéria de uma resposta que explora a significação e o processo de formação das palavras japonólogo e nipólogo. São as palavras ainda que estão na base de uma resposta sobre a grafia de «contra vontade» e uma outra sobre a correção do termo subestimativa. Noutro âmbito, o plano da disposição das palavras na frase motiva uma resposta sobre a colocação do determinante possessivo em relação ao substantivo e outra sobre a anteposição do adjetivo. Por fim, reflete-se sobre alguns aspetos da relação semântica entre os advérbios antigamente e modernamente e o verbo da frase onde surgem e sobre a possibilidade de omitir o artigo definido em expressões como «prémio Nobel da Literatura».
2. Na rubrica Montra de Livros, José Mário Costa, cofundador do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, apresenta a obra Dar à Língua, da autoria de Guilhermina Jorge e de Suzete Jorge. Trata-se de uma publicação que recolhe expressões idiomáticas, provérbios, expressões populares, entre tantas outras construções que caracterizam e dão cor à língua portuguesa.
3. O escritor e jornalista angolano João Melo levanta uma questão nuclear para a verdadeira existência de uma comunidade de língua portuguesa: por que razão os falantes de português não podem circular livremente entre os vários países onde se fala a língua? Este é um problema que se estende à própria circulação de livros e que funciona como uma barreira à divulgação cultural e literária (artigo publicado no Diário de Notícias e aqui transcrito com a devida vénia).
4. Uma visita à serra de Monchique motiva o texto de Miguel Boieiro, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Naturalogia, no qual apresenta a designação de algumas das espécies botânicas que por ali se encontram, para se deter numa planta particular: a adelfeira, um endemismo ibérico com mais de 60 milhões de anos.
5. Entre os programas emitidos na rádio pública portuguesa relacionados com o português, destacamos:
♦ A entrevista à ensaísta e professora universitária Inocência Mata, a propósito da relação entre os currículos escolares e a divulgação da literatura portuguesa (no programa Língua de Todos, da RDP África, na sexta-feira, 15 de outubro de 2021, pelas 13h20* e com repetição no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00*);
♦ Uma conversa com a linguista moçambicana Perpétua Gonçalves, sobre a variedade da língua portuguesa no seu país e, ainda, uma crónica da professora Carla Marques dedicada às significações do verbo cortar e às expressões idiomáticas com ele relacionadas (no programa Páginas de Português, da Antena 2, no domingo, no dia 17 de outubro de 2021, pelas 12h30* (com repetição no sábado seguinte, 23 de outubro, às 15h30*).
♦ O "portunhol" bem como os falsos amigos linguísticos entre o português e o espanhol são o tema de Palavras Cruzadas, programa de Dalila Carvalho que é transmitido pela Antena 2, de segunda a sexta (de 18 a 22 de outubro), às 09h55 e às 18h20. Para explicar alguns destes casos de contacto linguístico, o convidado desta semana é o jornalista alemão Thomas Fischer.
* Hora oficial de Portugal continental.
6. Um registo final para assinalar que o escritor, poeta e jornalista Luís Carlos Patraquim (Maputo, 1953), também colaborador do Ciberdúvidas, ganhou o Prémio Lusofonia 2021 da área da literatura da Gala "Prémios da Lusofonia". O galardão, justificado pelo percurso literário deste autor, pela excelência por ele revelada no tratamento da língua portuguesa e pela originalidade da sua abordagem temática, vai ser recebido na V Edição da Gala "Prémios da Lusofonia", em 23 de outubro (mais informação em Notícias). Da autoria de Luís Carlos Patraquim, entre outras colaborações, salientam-se os textos que tem na Antologia: "Língua" "A cabeleira da língua", "Língua" (II), "O lago da língua", "Mandela (1918-2013)" e "Se os provérbios pudessem ritmar a ação...".
1. No início do outono, no hemisfério norte, as preocupações centram-se no facto de gripe e covid-19 se encontrarem, o que exige uma preparação acrescida por parte dos hospitais. O cidadão comum deve conhecer alguns dos sintomas da gripe que se distinguem dos da covid-19. À volta de notícias que dão conta destas e outras situações, a rubrica A covid-19 na língua recebe três novas entradas: «gripe + covid 19», «(mais) infeções respiratórias e alergias» e «léxico militarista da pandemia».
2. No Consultório, explicita-se o termo «mais-que-perfeito anterior», referindo-se a possibilidade documentada de o auxiliar ter dos tempos compostos assumir as formas do mais-que-perfeito quando entra nas formas de mais-que-perfeito do conjuntivo e de condicional composto. Explica-se, ainda, a colocação do advérbio aqui na frase, tendo por base a ordem canónica e outras possibilidades de colocação, nomeadamente as de ordem pragmática. Ainda no Consultório, expõem-se as regras subjacentes à concordância verbal na construção «um dos que», a diferença, no conjuntivo/subjuntivo, entre o pretérito perfeito e o pretérito mais-que-perfeito e a aceitabilidade da expressão «lógica colaborativa», apontando para uma questão interpretativa.
3. Na rubrica Diversidades, destaca-se o artigo de Margarita Correia publicado no Diário de Notícias de 11 de outubro de 2021 sobre a Carta Europeia para as Línguas Regionais e Minoritárias (CELRM), de 1992, que Portugal assinou no passado dia 7 de setembro.
4. Em O Nosso Idioma, no artigo "Influencer, influente ou influenciador", Lúcia Vaz Pedro chama a atenção para a importância do saber falar, quando se é influenciador e do uso da palavra em português, substituindo o respetivo anglicismo. No artigo "As metáforas militaristas da pandemia: batalha, inimigo, heróis, vitória", Estrela Serrano alerta para o facto de, relativamente à pandemia, as metáforas poderem prejudicar a transparência e conduzirem à aceitação acrítica da suspensão de regras democráticas, admitindo o seu poder enquanto recurso simbólico.
5. Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, voltam a ter uma nova edição, desta vez ilustrada por 10 mulheres e com texto adaptado à língua contemporânea. Do lançamento, que tem lugar em 21 de outubro p. f. na 3.ª Bienal de Ilustração de Guimarães, dá-se conta nas Notícias.
6. Acerca de património e da disponibilidade de bibliografia em português, refira-se a tradução de Guia Significância 2.0: um guia para avaliar o significado das coleções do património cultural, de Roslyn Russell e Kylie Winkworth. Trata-se de um trabalho colaborativo realizado no Brasil, entre profissionais especialistas em património que transpuserem a obra em espanhol e português, adaptando-o ao contexto ibero-americano (notícia aqui e livro aqui).
7. Um registo final, para lembrar os temas dos programas produzidos pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa para a rádio pública portuguesa: o conhecimento mútuo das literaturas em português nas escolas dos diferentes países da CPLP, em Língua de Todos, na RDP África, transmitido na sexta-feira, dia 15 de outubro de 2021, pelas 13h20 * (com repetição no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00); e a génese do português moçambicano nas Páginas de Português, na Antena 2, no domingo, 17 de outubro pelas 12h30 * (repetido no sábado seguinte, 16 de outubro, às 15h30).
* Hora oficial de Portugal continental.
1. Em 9 de outubro de 2021, os EUA e os talibãs reuniram-se presencialmente para discutir a situação do Afeganistão, um país conhecido pela sua história conturbada. Lembramos, por isso, em O Afeganistão de A a Z as reflexões do escritor português Eça de Queirós a propósito da guerra travada pelo então império britânico no Afeganistão, vertidas nas Cartas de Inglaterra (Porto, Livraria Chardon de Lello & Irmão – Editores, 1905). Ainda sobre o tema explicita-se a questão da Guerra Anglo-Afegã. Outras novas entradas: Estado Islâmico de Coraçone e Hazaras.
Na imagem, Cabul, capital do Afeganistão (fonte: Wikipédia).
2. No Consultório, abordam-se os nomes que vinham do francês com o sufixo -age, por exemplo, viagem (de viage), que convergiram por analogia com os nomes que evoluíram de outros latinos terminados em -ine, tal como virgem. Além disso, explica-se em que situações o, a, os, as pode ser considerado um pronome demonstrativo. Relativamente à palavra Taiwan, refere-se que o topónimo ainda não foi completamente adaptado ao português. Ainda no Consultório, comenta-se o uso da locução «por mais de». Por último, levanta-se a questão gráfica nas palavras convectivo e transdução, que não têm grafia dupla nem em Portugal nem no Brasil.
3. Na rubrica O Nosso Idioma, apresentamos a crónica Caminhos da linguística em Angola e que demonstra a necessidade de reflexão por parte dos linguistas sobre o processo de formação do português angolano. Ainda na referida rubrica, transcrevemos, com a devida vénia, uma crónica de Miguel Esteves Cardoso, com o título "Consoantes de gato", uma reflexão sobre os sons, as onomatopeias e os verbos que estão associados à linguagem dos gatos.
4. Na Montra de Livros, apresentamos Feira dos Anexins de D. Francisco Manuel de Melo (1608-1668), um dos autores mais notáveis do século XVII literário português. Este livro reaparece em 2021, numa nova edição a cargo Maria Sofia Silva Santos, com a chancela da editora Guerra & Paz.
5. Da atualidade com impacto no vocabulário, urge destacar os seguintes aspetos:
– Relativamente à decisão do Tribunal Constitucional da Polónia quanto à prevalência das leis do país sobre as da União Europeia¹, surgem há algum tempo ocorrências da forma Polexit (ver aqui e aqui), nome próprio que refere o risco de a Polónia sair do espaço comunitário. A palavra evoca outra saída recente, a do Reino Unido, e forma-se como Brexit, uma amálgama de «British exit», ou seja, «saída britânica» (ver Abertura de 22/07/2016). Polexit constitui-se de maneira análoga, com elementos de «Polish exit», e vem a ser, portanto, o mesmo que «saída polaca».
¹ A sentença do Tribunal Constitucional da Polónia declara incompatível com a Constituição do país o artigo 1.º do Tratado da União Europeia (é o que constitui a UE através de uma atribuição de competências dos Estados-membros) e o artigo 19.º ( que estabelece o Tribunal de Justiça da União Europeia como intérprete do direito europeu).
– A crise vulcânica na ilha canária de La Palma continua presente na comunicação social, para mais com o agravamento da situação após o desabamento da ala norte do vulcão Cumbre Vieja. À volta do tópico da vulcanologia recordamos os seguintes textos disponíveis no arquivo do Ciberdúvidas: O neologismo eruptir (verbo); Erupção/irrupção; Peleano; e O aportuguesamento de Krakatoa (vulcão). E, ainda, Vulcão (in "A Mitologia no nosso vocabulário quotidiano").
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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