Na frase apresentada, o verbo seguir é transitivo indireto e «pela estrada alcatroada» ou «até à estrada alcatroada» são constituintes que têm a função de complemento oblíquo.
O verbo seguir pode ser usado como
(i) verbo intransitivo:
(1) «Ordenou que os trabalhos seguissem.»
(ii) verbo transitivo direto:
(2) «Ele seguiu os colegas.»
(iii) verbo transitivo indireto:
(3) «Ele seguiu por aqui.»
(4) «Ele seguiu (depois) pela estrada alcatroada.»
(5) «Ele seguiu até à estrada alcatroada.»
Para distinguir os casos em que o verbo está a ser usado como intransitivo daqueles em que surge como transitivo indireto, podemos fazer uso de testes sintáticos que focalizam o verbo e seus complementos. Entre eles, usaremos o teste da construção pseudoclivada. Apliquemo-lo às frases (3) e (4):
(3a) «O que ele fez foi seguir por aqui.»
(3b) «*O que ele fez por aqui foi seguir.»
(4a) «O que ele fez foi seguir depois pela estrada alcatroada.»
(4b) «*O que ele fez pela estrada alcatroada foi seguir depois.»
(4c) «O que ele fez depois foi seguir pela estrada alcatroada.»
(5a) «O que ele fez foi seguir até à estrada alcatroada.»
(5b) «*O que ele fez até à estrada foi seguir.»
Os testes mostram-nos que, na frase (3), o verbo pede um complemento oblíquo, daí não ser aceitável separar o constituinte «por aqui» do verbo, como se observa em (3b). Na frase (4), o verbo aceita separar-se do constituinte aqui, como se observa em (4c), mas não do constituinte «pela estrada alcatroada», como fica claro em (4b). Por esta razão, podemos concluir que o verbo tem, neste caso, um uso transitivo indireto e «pela estrada alcatroada» tem a função de complemento oblíquo, enquanto aqui tem a função de modificador do grupo verbal. A mesma situação se verifica na frase (5), na qual «até à estrada alcatroada» tem a função sintática de complemento oblíquo. Já na frase (3), «por aqui» desempenha a função sintática de complemento oblíquo.
Disponha sempre!
*assinala a inaceitabilidade da frase.