A situação colocada situa-se no quadro da coesão textual1.
No exemplo que é apresentado – «Cuidamos de nossa família e fazemos questão de protegê-la. Sabemos que, para eles, é importante nos ver com saúde […]» – o pronome pessoal eles refere-se ao nome coletivo família2. Estamos, aqui, perante uma retoma anafórica em que o pronome eles tem a sua interpretação condicionada pelo antecedente família. Neste caso, e apesar de família2 ser nome coletivo feminino, eles retoma a referência de sentido de família que é «grupo de parentes» e, sendo parentes um nome masculino, o pronome deve vir também no masculino.
1 «A coesão textual assenta na retoma adequada de entidades referidas anteriormente no texto, na articulação de informação conhecida, já apresentada, com informação nova trazida por cada frase subsequente, na progressão dos temas introduzidos, na utilização de marcadores que asseguram a coesão entre as frases e na coesão temporal entre as situações expressas nas frases» (Fundação Calouste Gulbenkian. Gramática do Português. Vol II, p. 1694).
2 Família, nome coletivo que conta na lista de coletivos do dicionário Houaiss, caracteriza-se por ser [-Qdef +esp.lex], isto é, não fornece informação acerca da quantidade de entidades que nomeiam ([-Qdef]) e o seu sentido contém uma representação do tipo de entidades que o compõem ([+esp.lex]) (Fundação Calouste Gulbenkian. Gramática do Português. Vol I, p. 975).