Não nos parece correcto substituir o tradicional sector de hotelaria por restauração. Em Portugal, "restauração" está mais ligado a restaurar, isto é, reparar, consertar. É o trabalho que tem por fim pôr em bom estado uma obra danificada.
No entanto, a origem de restauração/restaurante é a mesma. Veja-se, por exemplo, o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa de José Pedro Machado: «Sobre o fr. restaurant, transcrevo Bloch-Wartburg: "restaurant, XVII.º, au sens d' «aliment qui restaure"; au sens moderne, 1765, date où fut ouvert le premier restaurant; on ne servait d'abord dans les restaurants que des bouillons, de la volaille, des oeufs, etc., mais non des ragoûts, comme le faisaient les traiteurs; le restaurateur Boulanger avait pris pour enseigne Venite ad me, omnes qui stomacho laboratis, et ego vos restaurabo, à l'imitation de certains passages de l'ÉvangiIe, mais la plaisanterie portait aussi sur de sens de restaurer en français», que era o de «redonner des forces en mangeant".».
Acreditamos que a adopção de restauração para designar o sector de hotelaria deve ter origem no francês restauration e nesse seu sentido de «restaurar forças». Ora, a verdade é que vamos ao restaurante para nos alimentarmos e não para restaurarmos forças. Quando precisamos de restaurar as forças, vamos ao médico, e não ao restaurante, porque "restaurar as forças" supõe degradação do organismo, ainda que pequena.
Por tudo isto, dadas as acima descritas conotações que possui na Língua Portuguesa, seria melhor encontrar outro vocábulo para designar o sector ou na falta dele, manter-se o de hotelaria.