A expressão «não tem nada que enganar» ocorre, pelo menos, em Portugal (ver resultados de pesquisa Google), com significado equivalente à sequência «é muito fácil».
Apesar de não se encontrar registada em nenhum dos dicionários aqui consultados1, é uma expressão fixa muito utilizada no discurso informal. Nela, apesar do verbo enganar não figurar como pronominal, é usado com o sentido de enganar-se: «errar involuntariamente, agindo ou pensando de modo diferente do que se desejava ou se era capaz; equivocar-se» (Dicionário Houaiss). Portanto, imagine-se, num diálogo como:
– Sabe indicar-me o caminho para o hospital?
– Não tem nada que enganar... Vire à direita, depois....
O que se pretende dizer é que «é muito fácil/não tem como equivocar-se/não tem como errar».
A expressão já se atesta, por exemplo, na letra da canção Playback, da autoria de Carlos Paião (1957-1988) e que representou Portugal no Festival Eurovisão da Canção de 1981: «Só precisas de acertar/Não tem nada que enganar/ E, assim mesmo, sem cantar vais encantar/ Em playback...».
1 Ver Dicionário Priberam, Infopédia e Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea de Academia das Ciências. Consultar também o Dicionário Houaiss, Michaelis Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa, o Dicionário de Caldas Aulete (versão digital).