1. Desenrola-se o processo de imunização em Portugal, onde se estima que as pessoas vacinadas são já quatro milhões. Não estando longe a preocupação com os efeitos de algumas vacinas, preveem-se, para certas faixas etárias, situações de vacinação (só) com consentimento e, entretanto, desenvolve-se uma segunda vacina portuguesa. Mas corre-se sempre o risco de retrocessos, por exemplo, em ocasiões festivas que dão azo a manifestações coletivas. Foi o caso da multidão de adeptos que em Lisboa, em 12 de maio p.p., comemoraram desabridamente a vitória do seu clube (cf. «[O] vírus não sabe que o Sporting foi campeão»), ou, aqui já com as devidas precauções, a tradicional peregrinação do 13 de maio em Fátima. Como prevenção, surge um kit do adepto para competições desportivas com público reduzido e sensibiliza-se toda a população para a importância da vacinação, como bem ilustra o webinar da UNESCO intitulado "Dentro de uma vacina há futuro". São as sete novas entradas na rubrica A covid-19 na língua.
2. Que relação tem o verbo proibir com o valor modal de permissão que está associado a poder (p. ex., em «podem sair»)? O esclarecimento desta questão faz parte do conjunto de oito novas respostas do Consultório, à volta dos seguintes tópicos: a classificação do que da expressão «será que...?»; de novo, a diferença entre valor iterativo e valor habitual de um enunciado; a análise morfológica de plataforma; a boa formação de rócheo; e reconvívio; a razão de estender ter s mas extensão ter x; e o contraste entre onde e em que («tem reações onde se nota o medo», ou «tem reações em que se nota o medo»?).
3. Nos últimos meses, em Portugal, com a publicação de O Cânone (Tinta da China/Fundação Cupertino de Miranda, 2020), relançou-se o debate sobre a definição do cânone literário, isto é, do elenco de obras literárias consideradas importantes de vários pontos de vista (patrimonial, educativo, crítico). Na rubrica Montra de Livros apresenta-se outra proposta neste âmbito, um pequeno volume intitulado Vamos Ler! – Um Cânone para o Leitor Relutante (Guerra e Paz 2020), em que o autor – o ensaísta e crítico literário Eugénio Lisboa (Maputo, 1930) – não poupa a energia das suas convicções para criar novos apreciadores da literatura portuguesa.
4. É tempo de o português do Brasil se tornar a língua brasileira? O jornalista e escritor brasileiro Sérgio Rodrigues é dessa opinião, em crónica publicada na Folha de S.Paulo em 12 de maio de 2021. O historiador e político português Rui Tavares reage com outra crónica (Público, 14 de maio de 202) e, entendendo embora os motivos dessa reivindicação, considera estar na altura de a CPLP e, em especial, Portugal se tornarem politicamente eficientes na gestão da língua comum, pois o português arrisca-se a perder projeção. Ambos os textos estão disponíveis na rubrica Controvérsias.
5. Ainda em referência à comemoração do Dia Mundial da Língua Portuguesa, a rubrica O Nosso Idioma disponibiliza um artigo de Ana Paula Laborinho, diretora em Portugal da Organização de Estados Ibero-americanos, a respeito do lugar da língua portuguesa no mundo e das formas de a conceber.
6. Herança dos Egípcios, os obeliscos – do grego ὀβελίσκος, diminutivo de ὀβελός, «espeto, pilar aguçado» – ainda hoje se recriam com a finalidade comemorativa de antanho. Contudo, uma experiência recente de arte pública na cidade de Oeiras distinguiu-se pela troca "disortográfica" de lazer («ócio») por laser (raios), conforme se relata numa peça jornalística transcrita, com a devida vénia, nas Notícias.
7. Da atualidade de Portugal que envolve a sua realidade histórica, linguística e cultural, mencionem-se:
– A exposição Não me calo!, inaugurada em 10/05/2021, no Espaço Exposições do Edifício II do Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) e patente até 30 de junho do corrente, que é constituída pela coleção de cartazes do arquivo Ephemera, do historiador e político José Pacheco Pereira, na qual se incluem peças manuais criadas para protestar; e
– O fim do Ramadão (no Brasil, Ramadã)* em 12/05/2021 – o Eid al-Fitr, ou «festa do fim do jejum» –, cerimónia que reuniu centenas de fiéis muçulmanos na Praça Martim Moniz, em Lisboa.
Ramadão ou Ramadã designa o nono mês do calendário islâmico e o jejum ritual que é praticado nesse mês. A palavra vem do árabe ramadán, do verbo ramida, «ser ardente, escaldante», em alusão à época mais quente do ano em que calha este mês (Dicionário Houaiss). Sobre o Islão, consultem-se "Palavras do Islão" e "Palavras referentes ao Islão".
Cf. Ramadão: o que é o Eid al-Fitr?
8. Temas principais nos três programas que a rádio pública portuguesa dedica ao português:
— O livro As Literaturas em Língua Portuguesa, de José Carlos Seabra Pereira, em A Língua de Todos (RDP África, sexta-feira, 14/05/2021 pelas 13h20*);
— O Projeto de Intervenção Preventiva para a Aprendizagem da Leitura e da Escrita (PIPALE), no Páginas de Português (Antena 2, domingo, 16/05/2021, pelas 12h30*); e
– O protocolo militar, a propósito do II Fórum Mundial de Protocolo, Comunicação e Imagem, no programa Palavras Cruzadas, também na Antena 2, na semana de 17 a 21 de maio de 2021* (de segunda a sexta, às 09h50* e às 18h20*).
*Hora oficial de Portugal continental
1. Na Europa começa a instalar-se um aparente período de acalmia no que à evolução da pandemia diz respeito. Inclusive a situação na Índia, que tantas preocupações levanta, parece querer dar sinais de abrandamento. O léxico relacionado com a situação que domina o mundo inteiro mantém, não obstante, o seu dinamismo, o que se vai registando na rubrica A covid-19 na língua com sete novas entradas: «Abraços desconfinados», Aeromédico, Aquarentenar, Odemira, «Papa Francisco», «Salto digital» e Síndromes.
2. A dúvida quanto à necessidade de uso da maiúscula em determinadas palavras é um assunto que os consulentes do Ciberdúvidas trazem recorrentemente ao Consultório. Desta feita, a questão centra-se na expressão «Muro / Cortina de Ferro», à qual se juntam dúvidas relacionadas com a correção do uso do determinante artigo em construções como «alérgico a leite» vs. «alérgico ao leite», com a pronúncia de Madagáscar, com a subclasse do substantivo escravidão, com os processos de coesão lexical e com a correção da locução «um tanto (ou) quanto».
3. O adjetivo vulnerável foi a palavra escolhida para a crónica da professora Carla Marques no programa Páginas de Português, da Antena 2, numa viagem que vai dos significados gerais à significação específica da palavra, em contexto de covid-19 (reproduzida aqui).
4. A celebração do Dia da Língua Portuguesa na União europeia abriu espaço à reflexão sobre o pluricentrismo do português e a sua evolução desde a entrada na CEE, há 35 anos, num artigo da professora universitária e linguista Margarita Correia (publicado no Diário de Notícias e aqui transcrito com a devida vénia).
5. O verbo falecer tem sido assumido como um modismo que se sobrepõe aos usos do verbo morrer. Esta é a conclusão a que chega o cronista Miguel Esteves Cardoso na crónica intitulada «Anda tudo a falecer» (divulgada no jornal Público e aqui transcrita com a devida vénia).
6. O Dicionário do Português de Moçambique (DiPoMo), recentemente lançado, é um projeto em curso de grande importância para esta variedade do português e significa um grande avanço nos estudos de lexicografia a ela associados. Notícia e entrevista a Inês Machungo, coordenadora-geral do projeto, disponível aqui.
7. Uma nota final, de muito pesar, sobre o falecimento do radialista português Vítor Nobre (1944 – 2021), que durante muitos anos foi a (excecional) voz dos primeiros anos do programa Páginas de Português, produzido pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, na Antena 2. Vítor Nobre ingressou nos quadros da rádio pública portuguesa ainda antes do 25 de Abril, a então Emissora Nacional, em 1970, como locutor. Durante uma década foi locutor no então Rádio Clube de São Tomé e Príncipe. Em 1970 integrou os quadros da antiga Emissora Nacional, onde trabalhou no Desporto, Informação, Continuidade e Onda Curta. De Maio de 1974 a Junho de 1975, desempenhou funções de director da RDP/Algarve. Em 1998, montou, formatou e dirigiu a Rádio Expo, da RDP. Na década de 1980 foi voz-off na RTP, em regime de colaboração e júri dos concursos Palavra Puxa Palavra e Grande Pirâmide. Dirigiu ainda o Serviço de Programas Especiais da Antena 1 e ao longo de 12 anos realizou e apresentou os programas da manhã da Antena 2, Allegro Vivace e Despertar dos Músicos. Foi ainda monitor do então Centro de Formação da RDP e, posteriormente, no Cenjor, nas disciplinas de Locução, Animação e Produção/Realização Radiofónica, Animação e Produção/Realização Radiofónica. Já reformado, foi docente, na sua especialidade, na Universidade Autónoma de Lisboa depois de 1993. De grande cultura musical, destacou-se também como entrevistador, como esta entrevista que fez à pianista portuguesa Helena Sá e Costa (1913 – 2006). Ouvir, na íntegra, aqui.
1. Prossegue o plano de desconfinamento em Portugal, se bem que entre constantes preocupações com o impacto da pandemia e com retrocessos em alguns concelhos. É o caso de Odemira, onde um surto atinge os trabalhadores rurais imigrantes e expõe um quadro de abusos laborais. Mas com a covid-19 também proliferam formas de trabalho à distância que pedem regulação, as chamadas «regras e direitos para teletrabalho», expressão que, na rubrica A covid-19 na língua, se soma a outras quatro, num conjunto de cinco novas entradas: «custos da covid-19», a marcar preocupações com o estado da economia; e, em referência às dificuldades que comprometem diversas atividades desportivas e as festas tradicionais mais próximas, «impactos da covid 19 no desporto» e «marchas populares» (as de Lisboa, em junho, que em 2021 continuarão suspensas); e, por último, vinho, a documentar, em Portugal, o impacto negativo da pandemia na vinicultura.
2. Apesar dos muitos constrangimentos, o Dia Mundial da Língua Portuguesa, em 5 de maio, teve manifesto impacto nos diferentes países que a usam e/ou lhe dão estatuto oficial. Em O Nosso Idioma, apresenta-se uma seleção de peças jornalísticas publicadas em Portugal nessa data e respeitantes ao tema (ver aqui, aqui, aqui e aqui). Também no Brasil se assinalou a comemoração (ver aqui), tal como aconteceu, aliás, em Cabo Verde e Timor-Leste, com mensagens oficiais (aqui e aqui). Na imagem ao lado, fotograma do vídeo sobre sotaques realizado em 2017 por Miguel Gonçalves Mendes, a partir de O Paraíso São os Outros de Valter Hugo Mãe.
No contexto do ensino, entre várias iniciativas, mencione-se a edição especial da revista L/Atitude, inteiramente dedicada ao Dia Mundial da Língua Portuguesa de 2021 (acesso aqui). Trata-se de uma publicação da Direção de Serviços de Ensino e das Escolas Portuguesas no Estrangeiro (Direção-Geral da Administração Escolar, Ministério da Educação de Portugal).
3. O uso correto das preposições é um dos muitos desafios enfrentados por quem estuda o português como língua estrangeira. Na rubrica Montra de Livros, apresenta-se um livrinho que ajuda a enfrentar esse problema: trata-se de Preposições em Ação, uma edição da Lidel em 2021.
4. Estará correto o uso (sobretudo) brasileiro de feito como conjunção – por exemplo, como em «chorou feito um bebé»? Na presente atualização do Consultório, responde-se a esta e outras seis perguntas, distribuídas por diferentes facetas do funcionamento da língua – da sintaxe às classes de palavras e à morfologia (derivacional), passando pela variação linguística (ver aqui, aqui e aqui) e pela ortografia.
5. Nos três programas dedicados pela rádio pública de Portugal à nossa língua comum, têm relevo os seguintes temas:
♦ O ensino da língua portuguesa em contextos multilingues», uma entrevista com a professora Luísa Moreira, membro do Conselho Diretivo do Observatório da Língua Portuguesa – em A Língua de Todos (RDP África, sexta-feira, 7 de maio, pelas 13h20*; repetido no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00*), que inclui ainda a crónica da professora Edleise Mendes sobre a celebração do Dia Mundial da Língua Portuguesa.
♦ A natureza policêntrica do português, numa participação da professora Margarita Correia, e o ensino do português em Angola, numa entrevista ao reitor da Universidade Independente de Angola, professor Filipe Zau – no Páginas de Português (Antena 2, domingo, 9 de maio, pelas 12h30* (com repetição no sábado seguinte, 15 de maio, às 15h30*). Este programa conta igualmente com a crónica da professora Carla Marques sobre a palavra vulnerável.
♦ No programa Palavras Cruzadas, também na Antena 2, de segunda, dia 10/05, a sexta-feira, dia 14/05, às 9h50* e às18h20* (ficando o programa disponível posteriormente na RTP Play), Dalila Carvalho tem como convidado o desembargador no Tribunal da Relação de Évora, António Latas – à volta dos nomes, termos e demais formalismos lexicais usados numa sala de audiências.
*Hora oficial de Portugal continental.
6. Deixamos um registo de pesar pelo falecimento, por cancro, do ator português Cândido Ferreira (1948 – 2021) – lembrando a sua participação num dos primeiros episódios do magazine televisivo Cuidado com a Língua!, no papel de um sapateiro:
1. Celebra-se no dia 5 de maio o Dia Mundial da Língua Portuguesa, evento que contou com a sua primeira comemoração no ano de 2020, após a consagração da data pela UNESCO em novembro de 2019. Assinalado por uma comunicação especial do secretário-geral da ONU, o português António Guterres, as redes externas ao Camões, I.P. dedicam o dia com a realização de mais de 150 atividades, distribuídas por 44 países. Por sua vez, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) encontra-se a promover um ciclo de debates em torno do tema «Promoção e Difusão da Língua. Estratégias Globais e Políticas Nacionais» (sessões realizadas entre abril e maio de 2021; mais informações aqui). Em Portugal destacam-se o Lisboa 5L – um festival literário que se propõe celebrar simultaneamente a Língua, a Literatura, os Livros, as Livrarias e a Leitura – e o Seminário Comemorativo do Dia Mundial da Língua Portuguesa, coorganizado pela Câmara Municipal de Guimarães e pela Universidade do Minho, com lugar no Centro Cultural Vila Flor. Refira-se ainda que a Associação FORGES se encontra, neste âmbito, a promover a Semana da Língua Portuguesa, que engloba o «Ciclo de debates ensino superior em questão no espaço da língua portuguesa», entre 5 e 7 de maio, numa coorganização com a ANPAE – Associação Nacional de Política e Administração da Educação, com sede no Brasil (os debates poderão ser acompanhados aqui). A professora universitária Margarita Correia publicou também um texto alusivo a esta data, intitulado «O que queremos desta língua» (aqui transcrito, com a devida vénia).
Vide ainda a informação prestada pelo ministro do Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, sobre o primeiro dicionário de português de Moçambique; e o anúncio alusivo à comemoração do Dia Internacional da Língua Portuguesa, aprovado pela UNESCO:
2. O percurso da pandemia leva agora o mundo a centrar a sua atenção no aparecimento de novas variantes do vírus SARS-CoV-2, o que fica patente também no léxico com a criação de dois novos acrónimos: VOC e VOI. Em paralelo, as populações experimentam um sentimento de vulnerabilidade que se estende do plano sanitário às atividades económicas. O programa «Lisboa protege» é uma das respostas criadas para apoiar as empresas. Em simultâneo, continua a decorrer a campanha de vacinação, não sem alguns incidentes que, aqui e além, se associam à vacinação indevida. Esta situação levou à criação, em Portugal, da figura do controleiro. As quatro expressões destacadas integram a nova atualização na rubrica A covid-19 na língua.
3. Na frase «não me enviem cartões a essas pessoas» está presente uma forma de dativo ético (ou de pronome de interesse), cujo papel se analisa nesta resposta. A atualização do Consultório contempla ainda a etimologia do nome papa, a identificação do subclasse do advérbio incrivelmente, a grafia de subsidiodependência, o uso de embora nas orações concessivas, a construção do verbo sacar com a preposição de e a relação entre atos de fala e a modalidade.
4. Marco Neves, professor universitário e tradutor, acaba de lançar um novo livro: História do Português desde o Big Bang. Na rubrica Montra de Livros, deixamos a apresentação desta obra que se propõe contar a história da linguagem humana desde os seus primórdios.
5. No Pelourinho, disponibiliza-se um excerto da crónica de José Manuel Barata-Feyo, provedor do leitor do Público, que trata os sérios problemas de uma tradução mal conseguida. A propósito do título desta mesma crónica, «Viva as pandemias», refira-se, mais uma vez, que o uso da palavra viva é controverso. Com efeito, poderemos encontrar argumentos que justificam a invariabilidade da palavra por a considerarem uma interjeição, mas não é menos certo que, em frases desta natureza, faz mais sentido considerar a forma viva como um verbo que tem como sujeito as expressão «as pandemias». Nesta linha, recomenda-se a forma «Vivam as pandemias». Refira-se, ainda, que sendo a forma viva tomada como simples saudação ou manifestação de alegria, assumindo-se como interjeição, deveria ser seguida de vírgula ou de ponto de exclamação, e o nome pandemias, não deveria ser antecedido de artigo definido: «Viva, (!) pandemias».
Cf. «Viva, sejam bem-vindos e vivam, sejam bem-vindos», «Vivam os noivos! (e não "Viva" os noivos!)», «Vivam os Açores!» e «Morram as pandemias!»
6. A questão do desenvolvimento da linguagem artificial e as estratégias promovidas para construir modelos informáticos neste âmbito estão na base do artigo do professor universitário Arlindo Oliveira, sobre o processamento automático da linguagem e a sua relação com as línguas humanas (aqui transcrito, com a devida vénia).
7. Em Madrid, decorrem, a 4 de maio, as eleições autonómicas, facto da atualidade que justifica recordar alguns textos disponíveis na plataforma do Ciberdúvidas: «Cairota, madrileno, etc.», ««Museu Reina Sofia»... porquê?» e «O significado de movida».
1. Suspende-se em Portugal o 15.º estado de emergência, e entra em vigor a quarta e última fase do plano de desconfinamento, a partir das 00h00 do dia 1 de maio de 2021. Reinstaura-se agora a situação de calamidade, que marca o regresso na maior parte dos concelhos portugueses da prática de todas as modalidades desportivas e da atividade física ao ar livre, muito embora sem o dever cívico de confinamento (mais informação aqui). Entretanto, a covid-19 continua a grassar no mundo – a Índia continua a braços com uma segunda vaga catastrófica –, pelo que ainda é muito cedo para afirmar que o pior já passou. Assim vai a atualidade da pandemia, refletida pelas cinco novas entradas de A covid-19 na língua: «Desconfinamento, 4.ª fase», «É preciso (ainda) cerrar os dentes», «estado de emergência suspenso», «imunização vacinal» e «livro verde».
2. «Estou mortinho por ir ao teatro» é enunciado de gosto duvidoso nestes tempos ameaçadores, mas é também prova de vitalidade de uma expressão idiomática no idioma. Uma resposta sobre «estar morto/mortinho por» faz parte da presente atualização do Consultório, onde se esclarecem mais seis dúvidas: diz-se «oxalá corra tudo bem» ou «oxalá decorra tudo bem»? E terá o poeta Alberto Caeiro dado um erro quando escreveu «o rebanho é os meus pensamentos»? Qual a função sintática de «no contexto» em «a expressão incomum no contexto»? Aceita-se usar essenciais como o mesmo que «coisas essenciais»? Falando das cidades da Grécia antiga, como se pluraliza o nome pólis? E, sobre o nome do rio que passa pela cidade de Leiria, será Lis a grafia mais correta?
3. Na rubrica O Nosso Idioma, a atenção incide sobre o caso de Póvoa de Varzim, que frequentemente se diz como "Póvoa do Varzim", erro que reflete uma oscilação do uso e omissão do artigo definido com topónimos, conforme assinala Carlos Rocha num pequeno comentário dedicado ao tópico. Na mesma rubrica, outro apontamento, vindo do Brasil, no qual o revisor Gabriel Lago critica o emprego monótono do demonstrativo isso e propõe estratégias para o não repetir.
4. Assinalando já o Dia Mundial da Língua Portuguesa, decorre na capital portuguesa, entre 5 e 9 de maio de 2021, o Lisboa 5L – um festival literário que se propõe celebrar simultaneamente a Língua, a Literatura, os Livros, as Livrarias e a Leitura. Acontece por iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa, com o propósito de inscrever a cidade nos roteiros nacionais e internacionais dos festivais consagrados às letras, suas formas, seus lugares, seus públicos, seus agentes, seus amantes. O evento tira partido da vida cultural de Lisboa e conjuga o seu dinamismo com uma série de atividades organizadas propositadamente para o festival mas nascidas de um contexto que o precede. Toda a programação aqui.
5. Referência, ainda, para os festejos do 1.º de Maio, em que coexistem ritos ancestrais e a comemoração da luta sempre renovada por melhores condições de trabalho e pelo direito a salários justos. Em Portugal, como noutros países, a festa coincide com a primavera e, por isso, são recorrentes os motivos alusivos à época do ano e ao seu simbolismo, como sejam as maias que se penduravam (ou ainda se penduram) às portas e que se supunha terem o poder de esconjurar dianhos e demónios. A propósito deste feriado, desde 2020 condicionado pelas medidas de combate à covid-19, leiam-se: "Um «conjunto de diagnóstico» pelo 1.º Maio, o termo quotidianidade e os desafios da covid-19 enfrentados pelos professores", "Maio – festivo e sindicalista", "Um 1.º [de Maio] não é propriamente um 1.º [de Maio]" e "As abreviaturas dos meses do ano...".
6. Entre atividades relacionadas com a língua portuguesa que são notícia, tiveram relevo na semana que finda:
– Assinalando a publicação do seu novo livro História do Português desde o Big-Bang, o professor universitário e tradutor Marco Neves dinamizou também a primeira sessão de Conversas da Língua, um evento virtual com a participação do linguista Fernando Venâncio e de José Ramom Pichel, que debateram aspetos da génese e da variação do português.
– Incentivando a capacidade de apreciar cinema entre a população escolar e privilegiando também os filmes que fazem ouvir a língua portuguesa, os novos recursos do Plano Nacional de Cinema (PNC) – cadernos pedagógicos e uma plataforma de filmes para uso nos ensinos básico e secundário – foram apresentados em 29/04/2021 na Cinemateca Portuguesa, em sessão presencial e virtual. Estes recursos vão passar a estar disponíveis nas páginas do PNC – aqui.
7. Na rádio pública portuguesa, os temas centrais nos três programas focados na língua portuguesa:
– A propósito do Dia Mundial da Língua Portuguesa, Elias Torres Feijó, professor da Universidade de Santiago de Compostela, Galiza, fala da promoção do português em contexto académico em A Língua de Todos, emitido pela RDP África, na sexta-feira, 23 de abril, pelas 13h20* (repetido no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00*),
– Igualmente à volta desta comemoração, a secretária de Estado das Comunidades, Berta Nunes, sublinha o papel do idioma português junto da diáspora repartida pelo mundo, e Carlos Fiolhais, físico teórico e ensaísta, refere-se ao seu uso como língua de ciência no Páginas de Português, transmitido na Antena 2, no domingo, 2 de maio, pelas 12h30* (com repetição no sábado seguinte, 8 de maio, às 15h30*). O programa conta com uma crónica da linguista brasileira Edleise Mendes.
– As formas de cortesia e as regras da (boa) etiqueta da comunicação são tema de uma conversa da jornalista Dalila Carvalho com a professora Maria Regina Rocha, no programa Palavras Cruzadas, entre 3 e 7 de maio p.f. (Antena 2, às 09h50 e às 18h20).
1. Pelo mundo, a pandemia continua a dar sinais de evolução preocupantes, uma vez que, se há países que se encontram numa fase de recuperação da estabilidade, outros há que se encontram em verdadeiro estado de calamidade. É o que acontece na Índia, um país onde as infeções crescem descontroladamente e o número de mortos por covid aumenta a cada dia, atingindo números assustadores. Esta situação fica assinalada na rubrica A covid-19 na língua com a expressão «SOS Índia». A esta entrada juntam-se outras sete: «AstraZeneca processada», Fala, «2,5 mil milhões», Neurocovid, «Regresso aos palcos», «Vacinar o mundo» e «Venci a covid-19».
2. As dúvidas relativas aos processos de formação de palavras e a ausência de algumas palavras do dicionário podem levar os falantes a acreditarem que determinados vocábulos não têm uma existência atestada. É o que acontece com as palavras sudestino e centro-oestino, cuja natureza se explica numa nova resposta que integra a atualização do Consultório. Outras dúvidas versam os seguintes aspetos: o uso da locução «assim que» com conjuntivo; o uso do artigo definido em «umas pessoas não comem gatos»; o valor do adjetivo no sintagma nominal «peculiar rei»; o recurso expressivo presente num verso do poema "O Mostrengo", de Fernando Pessoa; o significado de «já não é/era sem tempo».
3. A diversidade de programas com nomes ingleses nas televisões portuguesas, de «All together now» a «Hell's kitchen», passando por muitos outros, motiva a reflexão de José Mario Costa, cofundador do Ciberdúvidas, na rubrica Pelourinho.
4. Na Montra de Livros, divulga-se o Dicionário Técnico de Termos Alfarrabísticos, da autoria de Paulo Gaspar Ferreira (edição In-Libris), obra que constitui «um breve e útil dicionário destinado a quem por diferentes razões procura os livros antigos, como esclarece o autor».
5. A palavra viver e os seus significados em contexto de covid-19 motivaram a reflexão da professora Carla Marques, apresentada na crónica divulgada no programa radiofónico Páginas de Português, da Antena 2 (aqui transcrita).
6. Refletindo sobre a língua espanhola, a professora universitária e linguista Margarita Correia aborda a questão da sua relativa unidade, que se afirma como superior à da língua portuguesa. O estudo da história da educação e das universidades poderá ser o caminho para a compreensão da atual situação das línguas, aventa a autora no seu artigo (aqui transcrito com a devida vénia).
7. A Associação de Professores de Português lançou um número duplo da revista Palavras (n.º 56-57). Nesta publicação, os leitores podem encontrar uma entrevista ao escritor e tradutor Paulo Faria, artigos dedicados a temas como a escrita processual e o ensino bilingue na Guiné-Bissau e ainda dois artigos dedicados às obras O ano da morte de Ricardo Reis e Memorial do Convento, de José Saramago.
8. Entre as notícias de relevo para a língua, destaque para:
— O lançamento do programa das celebrações do Dia Mundial da Língua Portuguesa, assinalado no dia 5 de maio. Vide, ainda, a programação do 5L — Festival Internacional de Literatura e Lingua Portuguesa, que decorre em Lisboa entre 5 e 9/05 de maio de 2021.
— Lançamento da plataforma digital da conferência sobre o futuro da Europa, sob o mote «O futuro está connosco», na qual todos os cidadãos podem participar. Esta inclui também áreas como a educação ou a cultura.
9. Assinalam-se no dia 27 de abril os quinhentos anos da morte do navegador português Fernão de Magalhães, facto que teve lugar no decurso da primeira viagem de circum-navegação, que este tinha iniciado três anos antes.
Sobre este tema, consultem-se as seguintes respostas e artigos: "Expansão da língua portuguesa"; "A influência do português no Oriente"; "A língua portuguesa no Brasil"; "Formação do léxico português no Brasil"; "A matriz negra da língua portuguesa no Brasil"; "A formação dos sotaques do Brasil"; "Língua portuguesa (emancipação do Brasil)"; "A dimensão africana da língua portuguesa"; "A nossa língua portuguesa"; "Influência do português nas línguas africanas"; "O português em Angola"; "A língua portuguesa em Angola"; "Português de Angola e Moçambique"; "O nosso império é a língua portuguesa"; "Será em África que teremos mais falantes de português"; "Que fazer com esta CPLP?"; "Os três círculos da lusofonia"; "Para as urtigas com a Lusofonia"; "Crioulos"; "As línguas crioulas"; "Crioulo, dialecto e pidgin"; "Dialeto, crioulo e patoá"; "As línguas crioulas de Cabo Verde e Guiné"; "A língua portuguesa e o crioulo cabo-verdiano"; "A teoria da simplificação e da relexificação do crioulo"; "Qual é a origem da língua cabo-verdiana?"; "Crioulo de Ceilão"; "Antigo crioulo"; "Uma língua à portuguesa no Sri Lanka?"; "O crioulo de Malaca"; "Diglossia".
Retrato de Fernão de Magalhães, Kunsthistorisches Museum, Viena.
1. Assinala-se em Portugal o 25 de Abril, o golpe militar que em 1974 pôs fim a um regime ditatorial que durava desde 1926 e à Guerra Colonial, que se arrastava em África desde 1961. Na rubrica O Nosso Idioma, a professora e linguista Carla Marques refere-se ao 47.º aniversário deste acontecimento configurador do Portugal contemporâneo, com breves comentários a 47 palavras, de neologismos a anglicismos, modismos ou erros, que refletem e marcam estes tempos.
Na mesma rubrica, transcreve-se com a devida vénia um artigo do professor universitário e político Guilherme d'Oliveira Martins (Diário de Notícias, 20 de abril de 2021) sobre o cuidado a ter com a língua portuguesa como património cultural compartilhado pelos muitos milhões de cidadãos que a falam e escrevem em diferentes países.
2. Na Europa, Portugal incluído, acelera o processo de vacinação com vista à imunidade de grupo, entre apelos à cautela e à contenção no convívio social. Mas, em todo o mundo, a ameaça da pandemia continua no horizonte, e é neste cenário incerto que o Japão prepara os Jogos Olímpicos, já adiados em 2020. A denominação deste acontecimento desportivo associa-se assim ao conjunto de novas entradas em A covid-19 na língua, oito ao todo: «as vacinas não têm nacionalidade», autoagendamento, incumprimento, plano nacional de testagem, «todos metidos no mesmo barco», variante indiana e velório.
3. O Consultório é atualizado com oito respostas: a expressão «dizer que» e outros modismos semelhantes; a (pouca) diferença entre maltratado e «mal tratado»; a construção concessiva «faça o tempo que fizer»; a associação do nome prioridade a adjetivos em frases comparativas; o uso das formas compostas e simples do pretérito mais-que-perfeito; o brasileirismo «o que que é isso»; o significado do verbo assistir quando referido a pessoas; e o funcionamento da concordância na sequência «todas quantas».
4. 23 de abril é o Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor, assinalado internacionalmente com diferentes programa de eventos. É uma festa que coincide com a de S. Jorge, que, com o nome Diada de Sant Jordi, tem forte tradição na Catalunha, quando entre namorados ou em sinal de estima se trocam livros e rosas. Em Portugal, a Direção-Geral dos Livros, dos Arquivos e das Bibliotecas lança um desafio (DGLAB): «Porque na cadeia do livro todos somos precisos – escritor e ilustrador, editor, tradutor, revisor, designer, gráfica, distribuidora, livraria, mediador, biblioteca e leitor, a 23 de Abril vá à livraria da sua zona ou encomende online, e envie um livro para quem lhe é mais querido.»
Sobre o vocabulário relacionado com os livros, além das muitas notas de apresentação da Montra de Livros, sugere-se a consulta de "Ler em todos os tempos", "No tempo do livro", "Os livros digitais", "Viagem a bordo da palavra livros", "Cerra-livros", "As iniciais nos títulos de livros e filmes" e "Bibliotecas".
5. Em três programas que a rádio pública portuguesa dedica à língua portuguesa, destacam-se os seguintes temas:
– Os projetos do Brasil para a promoção e difusão do português no mundo são abordados em A Língua de Todos, emitido pela RDP África, na sexta-feira, 23 de abril, pelas 13h20* (repetido no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00*);
– O “Fórum Virtual: A Língua Portuguesa e a Cooperação Académica Sino-Lusófona na Área da Grande Baía”, que decorreu em 20 de abril de 2021, no IPM de Macau, é comentado no Páginas de Português (Antena 2, domingo, 25 de abril, pelas 12h30*; com repetição no sábado seguinte, 1 de maio, às 15h30*), programa que conta ainda com um depoimento do professor e tradutor Marcos Neves sobre a sua mais recente obra – História do Português desde o Big Bang –, uma crónica de Carla Marques em torno do verbo viver e, a propósito do 25 de Abril, um apontamento de Sandra Duarte Tavares acerca da palavra liberdade.
– O vocabulário militar e as suas especificidades são tema de uma conversa da jornalista Dalila Carvalho com o general Carlos Branco, no programa Palavras Cruzadas*, transmitido também pela Antena 2 de segunda a sexta, às 09h50* e às 18h20*. Exemplos da singularidade desta linguagem: na Marinha ninguém anda «de barco», nem na Força Aérea se usa a palavra avião, ou «carro» no Exército; nem há balas, mas munições, nem existem tanques mas carros de combate. E qual, nos quartéis, o feminino de soldado, capitão e general?
* Hora oficial de Portugal continental, ficando depois os programas disponíveis aqui, aqui, e aqui respetivamente.
1. Numa altura em que se atinge o terrível número de 3 milhões de mortos por covid-19, registados em todo o mundo, o Brasil continua a lutar contra a evolução da pandemia, com efeitos intensos também sobre o pessoal ligado à saúde, o que levou já a que se considere esta situação uma «Guerra desleal». As palavras destacadas integram as nove novas entradas na rubrica A covid-19 na língua, a que se juntam as seguintes: Amêijoas, «Annus horribilis», Cabo Verde, Ecocídio e «É para o bem de todos», MIS-C e Patentes.
2. A formação de palavras é um conteúdo abordado em diferentes momentos do ensino-aprendizagem do português, enquanto disciplina de estudo. Trata-se de uma área complexa pelas variáveis que envolve, pelo que suscita com alguma frequência dúvidas de âmbito diversificado. Exemplo desta realidade é a questão que pretende aferir se o nome floresta se terá formado a partir de flor, aspeto que se analisa na nova atualização do Consultório. No plano da semântica, as respostas incidem sobre os valores de nexo expressos pela locução «uma vez que» e sobre os valores expressos pelo advérbio só em diferentes contextos de uso. Exploram-se ainda os sentidos do provérbio «Tenho uma gaveta, não sei que lhe faça nem sei que lhe meta» e o valor do substantivo ligeira, usado no interior de São Paulo. Por fim, regressa-se à colocação do pronome clítico em orações infinitivas com advérbios.
3. Contos com Nível (A1), da autoria de Ana Sousa Martins, linguista e coordenadora da Ciberescola da Língua Portuguesa, é o novo volume da coleção destinada a estudantes de português língua estrangeira, desta feita visando o nível inicial de aprendizagem da língua, como se explica na Montra de Livros, onde a obra é apresentada.
4. A linguista e professora universitária Margarita Correia aborda na sua crónica semanal, publicada no Diário de Notícias, aspetos relacionados com a língua espanhola no mundo, aproveitando o facto de a 23 de abril se comemorar o Dia Mundial da Língua Espanhola (texto aqui transcrito com a devida vénia).
5. A crónica da professora universitária Edleise Mendes apresenta os materiais destinados a alunos e professore de português língua estrangeira e português língua não materna, disponíveis na plataforma digital PPPLE. Este é um portal que foi criado em 2013 e, desde então, não parou de crescer ao serviço da aprendizagem da língua portuguesa (crónica apresentada no programa Páginas de Português, da Antena 2, aqui transcrita).
6. Entre os eventos relacionados com a língua portuguesa, destacamos os seguintes:
— A conferência proferida pelo professor universitário Augusto Soares da Silva sobre o tema "Variação construcional de significado: a alternância de construções entre "se" explícito e nulo no PB (disponível aqui);
— A chamada de resumos para o 14.º Encontro Nacional da Associação de Professores de Português, com lugar em 9 e 10 de julho de 2021, em Chaves, subordinada ao tema "Português: avaliação na aprendizagem" (mais informações aqui);
— O anúncio da criação do Prémio Literário Luis Sepúlveda, um ano após a morte do autor, promovido pelo Festival Literário Correntes de Escrita e pela Porto Editora;
— A disponibilização pela Direção-Geral de Educação de um guia para escrita / leitura clara, no âmbito da educação inclusiva (recurso disponível na página da DGE).
1. Enquanto a pandemia se agrava, por exemplo, na Alemanha, o parlamento português aprovou o 15.º estado de emergência (até 30 de abril p. f.). De acordo com o plano governamental, Portugal passa também à 3.ª fase do desconfinamento em 19 de abril, data em que se retomam várias atividades, designadamente com o regresso às aulas presenciais no ensino secundário e no superior. Ao mesmo tempo, tendo sobretudo em mente os alunos mais novos, vários especialistas defendem medidas para a recuperação de aprendizagens e propõem as chamadas «escolas de verão». A esta expressão juntam-se sete outras novas entradas que, documentando as consequências da pandemia e os esforços de desconfinamento a três velocidades, constituem mais uma atualização do glossário A covid-19 na língua: «confinamentos locais», «Estado de emergência XV», fala, «incidência vizinha», «névoa mental», «kit de intubação» e voz.
2. A língua portuguesa tem um importante significado para a história e identidade timorenses. A propósito desse contributo estruturante, dedica-se na Montra de Livros uma breve nota de apresentação ao livro Identidade e Resistência da Língua Portuguesa em Timor Leste, de João Pedro Góis.
3. «Tem-se amigos» ou «têm-se amigos»? O que será mais correto quando se usa o pronome se, como forma de não identificar o sujeito? A esta questão, que envolve o se indeterminado e o se passivo, a atualização do Consultório junta outras seis: que significados pode ter o mais-que-perfeito do conjuntivo nas orações concessivas? Morador é nome ou adjetivo? Como explicar a forma verbal da frase «é chegada a hora da partida»? É legítimo formar o nome segurês e o verbo reconceber? Como classificar que e o que em frases interrogativas?
4. Que impacto na unidade e diversidade da língua estão a ter os conteúdos do Youtube e doutras plataformas? Um trabalho da BBC Brasil – "O YouTube influencia o jeito de falar da minha filha" (13/04/2021) – reúne depoimentos e conclusões sobre as consequências linguísticas das novas modalidades de comunicação e consumo mediáticos entre os mais jovens (artigo partilhado pelo Ciberdúvidas no Facebook).
5. Entre publicações com interesse para o conhecimento da língua portuguesa, destacam-se:
– o lançamento em 20 de abril de um novo livro do professor universitário e tradutor Marco Neves, com o sugestivo título de História do Português desde o Big Bang, numa edição da Guerra e Paz;
– e um novo dicionário destinado a estudantes de Português como Língua Estrangeira (PLE), que passou a estar disponível na Infopédia.
6. Temas e horários de programas dedicados à língua portuguesa:
– Nos programas produzidos pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa para a rádio pública portuguesa fala-se da situação do ensino de português em Cabo Verde (A Língua de Todos, RDP África, sexta-feira, 16 de abril, 13h20*; repetido no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00*), bem como da política do Brasil para o ensino internacional do português, do Portal do Professor de Português Língua Estrangeira (PPPLE) e da obra As Literaturas em Língua Portuguesa, de José Carlos Seabra Pereira (Páginas de Português, Antena 2, domingo, 18 de abril, pelas 12h30*; com repetição no sábado seguinte, 24 de abril, às 15h30*).
* Hora oficial de Portugal continental.
– O programa Palavras Cruzadas*, concebido e conduzido pela jornalista Dalila Carvalho, emitido também na Antena 2**, tem como tema a linguagem complicada dos organismos oficiais e privados em Portugal
** De segunda a sexta-feira, dias 19-23/04, às 09h50 e às 18h20, ficando posteriormente disponível na RTP Play.
1. Parecendo ainda longe de chegar ao fim do túnel, a pandemia vai deixando um rasto de consequências em vários planos: a nível sanitário, financeiro, económico, entre muitos outros. A expressão «novos pobres» ilustra, de forma expressiva, uma nova realidade que emerge no contexto em que se vive. Esta expressão faz-se acompanhar de seis outras novas entradas em A covid-19 na língua, que vão dando conta dos passos que a língua vai dando para descrever a realidade. São elas: Bactéria, «Endemias, epidemias, pandemias e pragas», «Epidemias bacterianas ≠ víricas (ou virais)», "Mão de Deus", Nanómetro e Olhos.
Primeira imagem: Pobres na praia, de Pablo Picasso, 1903.
2. À distância de um século encontra-se a famosa carta que Fernando Pessoa endereçou a Adolfo Casais Monteiro, na qual, a certa altura, o autor considerava a forma «eu mesmo» mais correta do que «eu próprio». Não deixa de ser curioso que, na atualidade, continuem a ter lugar dúvidas baseadas na relação entre mesmo e próprio, como se observa na questão que incide sobre a possibilidade de sinonímia entre os dois numa dada construção. Na atualização do Consultório, aborda-se ainda o significado da expressão «ter cada uma», procura-se um caminho didático para minimizar os usos indevidos da preposição por por parte de hispanofalantes e reflete-se sobre a construção «ainda + gerúndio». Ainda uma questão relacionada com os valores aspetuais habitual e iterativo e, por fim, um esclarecimento sobre a redação de números numa ata.
3. O acompanhamento da evolução da pandemia em Portugal tem levado a que expressões como Rt e incidência tenham destaque no léxico quotidiano, situação que motivou a crónica da professora Carla Marques para o programa Páginas de Português da Antena 2 (aqui transcrita).
4. O Dia Mundial da Língua Chinesa, que se celebra a 20 de abril, abre portas à reflexão da professora e investigadora Margarita Correia sobre a diversidade de línguas existentes na China e sobre a emergência do mandarim (crónica publicada no Diário de Notícias e aqui transcrita com a devida vénia).
5. O ensino do português no Canadá é o tema central da obra Teaching and Learning Portuguese in Canada (Ensino e Aprendizagem de Português no Canadá) da autoria dos professores universitários Inês Cardoso e Vander Tavares, que aqui se apresenta por meio de um artigo da responsabilidade da agência Lusa (transcrito com a devida vénia).
6. O Dia Mundial das Artes será comemorado no dia 15 de abril. Neste dia celebra-se a importância da arte em todas as áreas da vida humana, como forma de educar, transformar, intervir, consciencializar. Entre as inúmeras manifestações artísticas, encontra-se o trabalho com a língua que se liga, de forma inalienável, à importância da literatura, um espaço onde as palavras e as ideias que estas veiculam proporcionam fruição, reflexão e, não raro, ação.
Sugerimos alguns textos disponíveis no Ciberdúvidas, que poderão propiciar a reflexão sobre a importância da língua: «Sobre a palavra literatura», «O texto literário e a literatura», «Literatura popular», «Promover a literatura portuguesa», «A literatura regional e a linguagem» e «O uso literário do português».
7. No Brasil decorre a inscrição na 7.ª edição das Olimpíada da Língua Portuguesa, destinada a professores e alunos do 5.º ano do ensino fundamental ao 3.º ano do ensino médio, das escolas públicas. A edição deste ano subordina-se ao tema "O lugar onde vivo".
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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