A investigação e a escrita: publicar sem perecer é uma coletânea da série Investigação, da Imprensa da Universidade de Coimbra, organizada pelas investigadoras do Centro de Estudo Sociais da Universidade de Coimbra (CES) Paula Sequeiros, Maria José Carvalho e Graça Capinha, que se encontra disponível em acesso aberto. 

Esta obra surge no contexto atual da produção científica em Portugal, a qual é marcada por uma pressão exercida sobre os investigadores no sentido de publicarem com uma frequência considerável. Como se afirma na introdução, «O espaço e o tempo da reflexão perdem terreno perante as bibliometrias hoje exigidas a qualquer preço, enquanto os jovens investigadores e investigadoras desesperam sob esta pressão e perdem o sentido do que verdadeiramente deve significar produzir conhecimento — um conhecimento que sirva a nossa humanidade e não, um conhecimento, dito, de pés na terra, que serve os valores economicistas dominantes.» (p. 7)

A obra agora editada é o resultado de um processo de formação avançada que se iniciou em 2016-17 e que agora se traz a lume com a intenção de promover a reflexão em torno da «aprendizagem e [d]a facilitação de saberes a estudantes em formação avançada, tentando auscultar e compreender as suas expectativas e as suas conclusões […], procurando descortinar de que forma a oferta destas formações se refletiu na melhoria da sua produção científica» (pp. 8-9). A escrita científica e o mundo editorial são também pontos nucleares da obra agora lançada.

A investigação e a escrita: publicar sem perecer organiza-se em sete secções onde se divulgam artigos de investigadores / formadores de áreas muito diversificadas. Nas primeiras duas partes, apresenta-se a análise de fenómenos como a literacia da informação, as políticas de acesso aberto e as várias dimensões da escrita académica, tópico que se desenvolve na última secção da obra. A obra debruça-se também, na sua terceira parte, sobre as questões relacionadas com as bibliotecas universitárias, nomeadamente a sua humanização e abertura. Já na quarta secção, trata-se a questão dos modelos formais de texto e das consequências da pressão no sentido de se melhorarem os indicadores de produtividade científica. É possível também acompanhar uma análise crítica sobre o investigador em início de carreira em Ciências Sociais, em Portugal, e ainda o tratamento de algumas questões no âmbito da saúde mental nos académicos e investigadores.

A presente obra é, no contexto da divulgação escrita de ciência, um documento que evoca o aforismo inglês "Publish or perish", que descreve a pressão para publicar no mundo académico, e que se revela importante para a compreensão da situação vivida pelos divulgadores de ciência e das dificuldades e especificidades desta área, desde o processo de escrita científica em si, ao acesso à informação, à literacia multilingue, num quadro onde os modelos vigentes e a pressão poderão gerar dinâmicas que é importante perceber.