Aberturas - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. A eutanásia está, de novo, em discussão em Portugal. A Assembleia da República debate, pela terceira vez, a lei da eutanásia, que foi já objeto de dois vetos presidenciais. No plano linguístico, o termo formou-se a partir do grego eu- + thanatos, que se poderá traduzir como «boa morte» ou «morte sem dor». A par desta palavra, encontramos outras da mesma família que referem diferentes conceitos relacionados com o fim de vida: distanásia, que descreve o prolongamento da vida de um doente em fase terminal e do seu sofrimento através de processos artificiais (trata-se de uma opção eticamente reprovável por se tratar de uma morte lenta com dor); ortotanásia, que refere o ato de suspender os tratamentos que prolongam a vida de um doente de forma artificial e sem melhoria do seu estado de saúde. Este é também um momento pertinente para revisitar alguns textos disponibilizados no Ciberdúvidas que se relacionam com o tema: "Eutanásia", "Eutanásico" e "O direito à eutanásia".

2. A expressão «envelhecimento mais rápido», relativa aos resultados de um estudo sobre os sinais de envelhecimento patentes nos jovens no período pós-pandemia, é a nova entrada em A covid-19 na língua.  

3. A origem da palavra periclitante leva-nos até ao latim e ao verbo periclitare, como se explica na primeira das seis novas respostas da atualização do Consultório. A ela juntam-se «Município e concelho (Portugal)», «Mandar com oração subordinada infinitiva», «Coesão referencial e coesão frásica», «Os nomes prédio e edifício» e «A expressão latina odium figulinum».

4. A identificação da classe de pertença da palavra olhar na frase «O olhar é fundamental» e o processo de formação de palavras por conversão dão matéria à rubrica Dúvida da semana, apresentada pela professora Carla Marques no programa Páginas de Português da Antena 2. 

5. Na Montra de Livros, apresentamos duas novas publicações:

 – Porque se chama assim?, da jornalista Vanessa Fidalgo (ed. Oficina do Livro), que se dedica ao estudo de topónimos portugueses "estranhos", como Mil Almas ou Degolados;

Brevíssimo dicionário dos snobs, da escritora Rita Ferro (ed. D. Quixote), no qual, de forma bem-humorada, se faz o levantamento de algum léxico usado pela alta sociedade portuguesa. 

6. Com a devida vénia, partilhamos os seguintes artigos:

– A professora universitária e linguista Margarita Correia redige um artigo de apresentação do Encontro Nacional "Universidade: chave para o futuro", que assinala os 50 anos da criação do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, a reforma da universidade em Portugal, promovida por Veiga Simão, e o papel da universidade; 

Miguel Faria de Bastos, advogado e estudioso de interlinguística, apresenta as linhas gerais da tese de doutoramento da investigadora belga Heidi Goes, dedicada ao estudo da língua quiconga, falada em várias regiões de África, como por exemplo em três províncias de Angola;

– A malagueta e outros produtos naturais mais ou menos picantes são apresentados no artigo do vice-presidente da Sociedade Portuguesa de NaturologiaMiguel Boieiro

7.  A RTP, no âmbito do projeto #EstudoEmCasa, disponibiliza cursos de livre acesso, que permitem aos alunos dos diferentes ciclos de ensino não universitário estudar autonomamente diversas matérias.  

 

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1. Será que dizer ou escrever «a horrivelmente hipócrita sociedade contemporânea», com o adjetivo hipócrita anteposto ao nome, é uma expressão incorreta, por trair interferência gramatical do inglês? O tópico é comentado numa das sete respostas que atualizam o Consultório e que tratam ainda dos seguintes temas: os termos bifólio e epíteto; o uso de defunto e falecido; a elipse nas expressões «jornalista RTP» e «Mercedes-Benz Portugal»; e a contração daí.

2. Quando se fala de língua franca e de língua universal, supõe-se que generalizar um único idioma a toda a humanidade seja extremamente benéfico, por facilitar a comunicação. Ao longo da história, o inglês e outras línguas – naturais ou planeadas – têm ido ao encontro desse sonho, mas o monolinguismo pode bem ser, afinal, um pesadelo. Tal é o ponto de partida do jornalista francês Philippe Descamps para o editorial do recente número da revista Le Monde Diplomatique, texto que se traduz e disponibiliza na rubrica Diversidades.

3. No mês de dezembro, é com frequência que a comunicação social se refere aos passatempos que empresas da área editorial promovem para seleção das palavras que marcaram o ano que finda. É o caso da Porto Editora, que, em 01/12/2022, divulgou uma lista de dez palavras «[elaborada] através das sugestões recebidas no site da iniciativa, das pesquisas dos utilizadores feitas no Dicionário da Língua Portuguesa e do trabalho permanente de observação e acompanhamento da realidade da língua portuguesa». As palavras sujeitas a votação para escolher “a palavra do ano” de 2022 são abusos, ciberataque, energia, guerra, inflação, juros, nuclear, rainha (referente a Isabel II), seca e urgências (pormenores em Palavra do Ano e nas notícias do Público).

4. Registo de três dos programas dedicados à língua portuguesa na rádio pública de Portugal:

Língua de Todos, transmitido na RDP África, (sexta-feira, 02/12/2022, 13h20*; repetição no dia seguinte, 09h05*), centra-se no debate "Internacionalização da universidade e o português como língua de conhecimento", que se realiza em 07/12/2022, integrado nas comemorações do 50.º aniversário do ISCTE.

– Em Páginas de Português, difundido pela Antena 2 (no domingo, 04/12/2022, 12h30*; repetição em 10/12/2022, 15h30*), fala-se do lançamento do Dicionário da Língua Portuguesa Medieval, resultante de um projeto desenvolvido no Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa (CLUNL), e de classes de palavras (apontamento da professora Carla Marques).

– Refira-se ainda o programa Palavras Cruzadas, realizado por Dalila Carvalho e transmitido na Antena 2, de segunda a sexta, às 09h50 e 18h50*.

* Hora oficial de Portugal continental.

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1. O futebol relata-se, analisa-se, questiona-se, sempre por meio de uma língua veicular. Por essa razão, o português é também língua de futebol. Este está presente nas transmissões em direto ou em diferido, nos tempos de antena, nas entrevistas, nas conferências de imprensa ou nos momentos de debate. No entanto, a língua portuguesa, como fonte fundamental de comunicação, não tem, no Campeonato Mundial de Futebol 2022, tido direito ao cuidado e à atenção que merecia, ora porque é facilmente substituída pelo inglês ora porque a ortoépia deixa muito a desejar, ora simplesmente porque a pobreza lexical grassa à mistura com uma informalidade que não se coaduna com o contexto e que chega a ser constrangedora. Estes e outros aspetos são assinalados no apontamento Futebol a rodos – e o pior do futebolês, da autoria do jornalista José Mário Costa, cofundador do Ciberdúvidas. 

2. Em A covid-19 na língua, registamos a entrada da expressão Centros de quarentena, que dá conta da medida extrema que está a ser adotada na China como medida de contenção da evolução da pandemia face ao aparecimento de novas infeções, com os  correspondeentes protestos da pppulação, sem precedentes no país.  

3. A questão da linguagem inclusiva, que se vai impondo a par da crescente procura por situações de igualdade de género em diferentes contextos, oferece dúvidas em muitas situações de escrita formal por ainda não existirem usos estabilizados e considerados normativos. É esta situação que dá origem à dúvida relacionada com o uso do artigo definido com nomes como trabalhador. O significado algo opaco da expressão «Aqui há atrasado» é explicado noutra resposta disponível na atualização do Consultório. A estas questões juntam-se outras três: «Ato ilocutório assertivo: «Ele assegura que ela dialoga»», «Coesão: «duas irmãs mais velhas» e «a irmã mais nova» e «O uso de ante  em Pernambuco (Brasil)».

4. A escrita de Saramago e, em particular, a sua forma de transpor o discurso direto da oralidade para a escrita constitui o assunto nuclear do apontamento da professora Carla Marques no programa radiofónico Páginas de Português da Antena 2, que aqui se pode ler na sua versão escrita.

5. O lançamento do Dicionário da Língua Portuguesa Medieval, coordenado por João Malaca CasteleiroMaria Francisca Xavier e Maria de Lourdes Crispim, constitui o foco do artigo da professora universitária e linguista Margarita Correia, publicado no Diário de Notícias (aqui transcrito com a devida vénia).  

6. Um registo final para o portuglish, um produto do contacto de línguas que designa utilização de palavras adaptadas do inglês pelas comunidades portuguesas a viver nos Estados Unidos, de que são exemplo jumpar ou ou ringar, tal como se pode ler neste apontamento

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1. É certo que, em Portugal, o Mundial de Futebol, que decorre no Catar até 18 de dezembro, concentra as atenções por motivos desportivos e fortemente políticos. Mas há mais mundo, e as notícias continuam a documentar tristemente o clima de confronto vivido não só na Ucrânia mas também noutras latitudes. Entretanto, a pandemia regressa à ordem do dia por causa do confinamento forçado de mais de seis milhões de pessoas na cidade chinesa de Zhengzhou. Esta medida do governo chinês, muito criticada por vários setores, motiva o registo da expressão «confinamento forçado» no reportório vocabular e fraseológico A covid-19 na língua, que inclui ainda duas outras entradas: «hesitação vacinal», relativo às conclusões de um estudo internacional sobre a eficácia dos apelos à vacina; e vacinómetro (no Brasil, vacinômetro), que denomina os projetos de monitorização da taxa de cobertura da vacinação contra a gripe.

2. Diz-se «António Silva estreia-se "a" titular» ou «estreia-se "como" titular»? A primeira frase, que está incorreta, foi proferida no contexto do Mundial de Futebol de 2022 e é comentada no Consultório, onde encontram resposta ainda mais seis perguntas, num total de sete: a que classe de palavras pertence «ao fim de»? Que verbos se associam à expressão idiomática «pedra no sapato»? Adicionar e acrescentar são sinónimos perfeitos? Que modalidade configura o aviso «não deves pisar a relva»? Como se usa a locução latina ex vi («por força») numa frase? E como se explica a expressão «nada não», uma negação que parece típica da região da Covilhã (Beira Baixa)?

3. Na Montra de Livros, apresentam-se duas publicações: Roteiro Afetivo das Palavras Perdidas (ed. Tinta-da-China), da autoria de António Mega Ferreira, que resgata 80 termos em desuso, «envelhecidos pelo tempo ou caídos no esquecimento»; e o número 9 da Revista da Associação Portuguesa de Linguística, composto por 20 artigos apresentados no XXXVII Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística, realizado em 28 e 29 de outubro de 2021.

4. Continuando no âmbito da investigação linguística, inclui-se um miniglossário desta área em O Nosso idioma. Trata-se da tradução de uma lista de termos que faz parte do número 186 (dezembro de 2022 e janeiro de 2023) de Le Monde Diplomatique

5. O que significa almeirão? É palavra empregada para designar uma variedade do Cichorium intybus, segundo Miguel Boieiro, autor de um apontamento que, nas Diversidades, se transcreve, com a devida vénia, da revista Todos P'ra Mesa. Na mesma rubrica, outro tema, este bem afastado do mundo natural: a tradução automática, cada vez mais aperfeiçoada, com aplicações e equipamentos extremamente ágeis, como são os tradutores de bolso, conforme dá conta Sara Mourato numa reflexão à volta do impacto tecnológico na necessidade de aprender línguas.

6. Ainda a propósito das profundas alterações (boas e más) trazidas pelos equipamentos eletrónicos à comunicação humana, refira-se a crónica que o escritor e jornalista Miguel Esteves Cardoso assinou com o título "Isto foi escrito por ti?" no jornal Público em 25/11/2022 e da qual se seleciona o seguinte comentário: «Há uma vítima da saturação telemobilista: a caligrafia. Nunca vi tanta gente bem-educada com letras tão feias. Algumas nem sequer sabem segurar uma caneta de tinta permanente.»

7. Já se falou aqui de tradução, atividade sempre estimulante, pelo contacto que supõe com outras visões do mundo, presentes e passadas. Da noite dos tempos, vem a epopeia de Gilgamés (ou Gilgamesh)*, uma das primeiras obras da literatura mundial, de origens sumérias e hoje atestada por registos que remontam ao segundo milénio a. C. A obra tem tido tradução em português, e o seu maravilhoso mitológico é susceptível de adaptações para cativar um público mais alargado. Tudo isto justifica, portanto, que se assinale a iniciativa do contador, escritor e ilustrador Rodolfo Castro, que concebeu O Abismo de Gilgamesh, obra que é apresentada em 26/11/2022, às 16h30, no CONTAMINA – Festival de Contos da Maia.

* Gilgamés é a forma portuguesa registada no Vocabulário Onomástico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras. Também é possível a forma Gilgamexe.

8. Sobre os temas de três dos programas transmitidos pela rádio pública de Portugal, nos quais se fala da língua portuguesa:

– as VIII Jornadas de Língua Portuguesa – Investigação e Ensino, que decorreram na Cidade da Praia, em Cabo Verde, entre os dias 8 e 11 de novembro em  Língua de Todos, na RDP África (sexta-feira, 25/11/2022, às 13h20*; repetido no dia seguinte, c. 09h05*);

– ainda as homenagens a José Saramago, por ocasião do centenário do seu nascimento, em Páginas de Português, na Antena 2, no domingo (27/11/2022, 12h30*; repetido em 03/12/2022, às 15h30*), programa que inclui um apontamento da professora Carla Marques a respeito da originalidade do discurso direto na obra saramaguiana;

– de 28 de novembro a 2 de dezembro, O Brevíssimo Dicionário dos Snobs, da escritora Rita Ferro, em Palavras Cruzadas, um programa de Dalila Carvalho na Antena 2, de segunda a sexta (às 09h50* e 18h50*).

* Hora oficial de Portugal continental.

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1.Mundial de 2022 arrancou a 20 de novembro e prolonga-se até 18 de dezembro, envolvendo 32 equipas que disputam o troféu de campeão da competição futebolística. No entanto, o esplendor e a glória do chamado desporto-rei têm sido em muito ofuscados pelos casos relacionados não só  com os milhares de mortos resultantes dos trabalhos de construção das infraestruturas do evento, mas também pelas opções políticas que caracterizam o regime do emirado organizador da competição: desde a pena de prisão para homossexuais, à repressão das mulheres sem esquecer a falta de direitos dos trabalhadores migrantes (ver aqui e aqui). No plano linguístico, as constantes referências ao local de realização do torneio justificam que se recorde que, em português, Catar se deve grafar preferencialmente com letra c em maiúscula inicial, por ser forma mais concordante com a grafia portuguesa, e que os gentílicos associados serão catarense ou catariano (a forma catari, adaptação do inglês qatari, também já se encontra dicionarizada). Recorde-se ainda que o fenómeno de aportuguesamento das palavras de origem estrangeira procura habitualmente respeitar as regras ortográficas da língua. Por esta razão, para se referir a capital do Catar, a forma mais ajustada ao português será Doa (preferível a Doha). Também não deixa de ser verdade que, no que se refere à toponímia, na falta de um organismo que regule a adaptação dos nomes ao português, tem sido a necessidade da sua referência em português que tem conduzido à estabilização de uma forma. Foi isso que aconteceu, por exemplo, com Chernobil (adaptação de Tchornobil') e será esse fenónemo que ainda não gerou uma tradição de uso em termos que só recentemente começaram a ser usados no português, como acontece com a forma Zaporíjia (adaptação de Zaporijjia), cujo uso se pode aconselhar, por ser mais próximo da grafia portuguesa, mas que regista variantes escritas como Zaporijjia ou Zaporizhzhia

A propósito destas questões, recordamos o registo de sugestões para outros topónimos da Ucrânia (aqui) e as respostas «Catar, equivalente português de Qatar», «Ainda sobre o topónimo Qatar» ou «A grafia de algumas cidades asiáticas».  

 2. A questão do recurso à língua inglesa para designar realidades portuguesas volta a motivar um texto para a rubrica Pelourinho. Desta feita, o jornalista José Mário Costa, cofundador do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, aponta o exemplo de Housing First, nome dado a um projeto desenvolvido em Portugal e destinado a pessoas sem-abrigo.    

3. O significado do uso particular da vírgula e do ponto em muitos textos de José Saramago deu mote ao apontamento da professora Carla Marques, no programa Páginas de Português da Antena 2. O texto encontra-se disponível em O nosso idioma.

4. Os gentílicos estrangeiros, quando ouvidos por falantes de outras línguas, podem assumir formas deturpadas que ganham novos sentidos no processo de evolução da língua. Este processo de formação e evolução parece ter ocorrido com o nome briche, do qual terão derivado as formas brincheiro, bricheiro e talvez Brinches. Esta é uma explicação que integra a atualização do Consultório, onde se encontram ainda as respostas «Dêixis e o verbo saltar», «Dizimista e dizimador», «Formação e uso de compactuação», «Fazer uma pergunta» e «colocar uma questão», «A expressão "nacionalidade estrangeira"», «Corrigido (particípio passado) vs. correto (adjetivo)». 

5. O Portugués Esquecido, de Xosé M. Sánchez Rei, é a nova obra apresentada na Montra de Livros. Trata-se de uma publicação que versa a questão da unidade linguística presente em muitos traços dos dialetos setentrionais portugueses e dos dialetos galegos. 

6.  A professora universitária e linguista Margarita Correia apresenta um balanço da presença da língua portuguesa na Internet. Com base numa perspetiva comparativa, analisa a posição do português entre as línguas usadas na Internet e identifica os conteúdos mais procurados em língua portuguesa (a partir do estudo associado ao projeto Presença da Língua Portuguesa na Internet). Num espaço em constante evolução e mutação, o português tem ainda muito que crescer no sentido da sua afirmação no espaço virtual. Texto transcrito, com a devida vénia, em O nosso idioma.

7. O ISCTE promove a 7 de dezembro de 2022, o Encontro Nacional Universidades: Chave para o Futuro, para assinalar a fundação do ensino superior contemporâneo em Portugal e debater os desafios para o futuro da ciência no Ensino Superior (cf. notícia).

 

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1. No Afeganistão, um ano depois do seu regresso ao poder, os talibãs impõem as execuções públicas, amputações e flagelações, visando os casos de «ladrões, raptores e sediciosos». A expressão «execução pública», supostamente evocativa de tempos pretéritos e bárbaros, marca, afinal, a atualidade em 2022, o que justifica registo em O Afeganistão de A a Z.

2. A perceção da fragilidade da vida aumentou com a pandemia, mas parece assistir-se, finalmente, a um «virar de página». A expressão tem entrada em A covid-19 na língua e documenta as declarações, em 11/11/2022, do ministro da Saúde português, Manuel Pizarro, para quem o pior da pandemia terá passado; contudo, não será ainda tempo de «decretar o fim da pandemia da covid-19 ou desvalorizar essa e outras infeções», razão por que a vacinação contra a covid-19 continua a ser de extrema importância.

3. Quando se diz «creio...», declara-se uma certeza ou fala-se de uma possibilidade? A questão, respeitante à categoria gramatical da modalidade, que «exprime a atitude do locutor face a um enunciado ou aos participantes do discurso» (Dicionário Terminológico), faz parte da atualização do Consultório, a qual abrange outros sete tópicos, num total de oito: a colocação dos pronomes pessoais átonos depois da expressão «todos os dias»; a identificação da coesão referencial, frásica e interfrásica; a redução vocálica no português de Portugal e as vogais nasais; a regência do nome inspiração; a concordância verbal na construção «não poder deixar de ser»; a expressão «sujeito passivo»; e a relação de hierarquia (hiperonímia/hiponímia) entre cozinhar e cozer.

4. «Língua ajuizada é sempre moderada» é um dos provérbios respigados na  II Série de Sabedoria Popular – Provérbios e Alguns Ditos, uma recolha da professora Fernanda Costa Franco que foi publicada em 2002 e se mantém como excelente fonte de consulta em matéria de ditos populares e regionalismos. Na Montra de Livros, apresenta-se esta obra. 

5. Na rubrica Ensino, transcreve-se com a devida vénia parte de um trabalho da revista Sábado (10/11/2022), assinado pela jornalista Raquel Lito, sobre a situação das escolas de Portugal quanto ao multilinguismo decorrente do cada vez maior número de alunos provenientes de comunidades imigradas.

6. Em 17 de novembro, festejou-se o Dia Mundial da Filosofia, instituído pela UNESCO em 2005. No ano de 2022, o programa de cerimónias e eventos, que se desenrolaram entre 16 e 18 de novembro, centrou-se no tema «O ser humano do futuro», ao encontro de preocupações com o significado do conceito de «humanidade» num mundo hipertecnológico (cf. notícia de 17/11/2022 na ONU News). Em Portugal, o estado da filosofia no currículo do ensino secundário causa alguma apreensão, como acontece com a jornalista Bárbara Reis, que, em artigo de opinião incluído em 05/11/2022 no jornal Público, sustenta que os exames da disciplina não têm avaliado «a capacidade de o aluno pensar, especular, argumentar e persuadir» – capacidade que, observe-se, mobiliza competências na língua culta.

Na imagem à esquerda, O Pensador (1904), de Auguste Rodin (1840-1917), no Museu Rodin (Paris).

7. Acerca de programas dedicados à língua portuguesa, na rádio pública de Portugal:

– O centenário de José Saramago é tema comum aos dois programas produzidos pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa – Língua de Todos, na RDP África, (sexta-feira, 18/11/2022, 13h20*; repetido no dia seguinte, c. 09h05*), e Páginas de Português, na Antena 2, domingo (20/11/2022, 12h30*; repetido em 26/11/2022, às 15h30*). O convidado destas emissões é Carlos Reis, professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, renomado especialista em Estudos Literários e também comissário do programa com o qual se assinala a efeméride em Portugal. Em Páginas de Português, conta-se ainda com a participação da professora Carla Marques, sobre os sinais de pontuação dominantes na escrita de Saramago, a sua interpretação à luz da norma e a sua função estilística.

Na Antena 2, de segunda a sexta, às 09h50 e às 18h50, transmite-se o programa Palavras Cruzadas, realizado por Dalila Carvalho.

 * Hora de Portugal continental.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Assinala-se a 16 de novembro de 2022 o centenário do nascimento de José Saramago. Ao longo de um ano, um pouco por todo o lado, em Portugal e no mundo, o autor e a sua obra foram celebrados, repensados, reinterpretados. Saramago, Prémio Nobel da Literatura, deixou aos seus leitores uma obra ímpar que se abre a temas de natureza humana e ao questionamento do mundo. A língua que dá forma às suas histórias é também ela um elemento de particular importância para o autor, que sempre a trabalhou de forma original e com a qual se preocupou, como ficou patente no texto que em 2003 escreveu especialmente para o Ciberdúvidas: «Uma língua que não se defende, morre». É nesta mesma forma de se apropriar da língua que encontramos marcas da presença de outras línguas, nomeadamente do castelhano, o que foi realçado pelo linguista Fernando Venâncio, no artigo «Saramago, o ibérico». Uma das originalidades de Saramago encontra-se também na forma como reinterpreta a escrita. Desde a pontuação à sintaxe, inúmeras circunstâncias demonstram a particular sensibilidade do autor para a sua língua e para as suas potencialidades. Neste campo, há que recordar a forma particular como utilizou a pontuação, tal como registava, em 2008, a jornalista Isabel Coutinho no artigo  «Saramago, o escritor que brinca com a pontuação». Entre as particularidades da escrita saramaguiana, podemos ainda recordar o uso particular de cujo, que o autor utiliza nalgumas ocasiões como um pronome (e não como determinante, como acontece atualmente), por vezes, com um comportamento equivalente ao de um genitivo, com a sintaxe típica dos clássicos, noutras inserido numa estrutura com usos registados pontualmente nos séculos XVIII e XIX, equivalente a “do qual” e noutros casos a “o qual”. Em Memorial do Convento, escreve «Ao outro dia, aí pelas onze horas dele, bateu à portaria do convento um estudante, cujo convém dizer logo que desde há tempos andava pretendendo o hábito da casa». 

A este propósito, recorde-se ainda a nota do Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa sobre a exposição dedicada a Saramago na Biblioteca Nacional de Portugal, intitulada A oficina de Saramago e aconselha-se o documentário Viagem a Portugal, inspirado na obra homónima de José Saramago, apresentado pelo ator e humorista brasileiro Fábio Porchat.

Primeira imagem: pintura de Saramago, por Sofía Gandarias, 1995; segunda imagem: Estátua de José Saramago em Azinheira do Ribatejo.  

2.  A colocação da vírgula, desta feita numa perspetiva normativa, é tema do apontamento da professora Carla Marques, no programa Páginas de Português da Antena 2, onde se aborda a possibilidade de ocorrência de vírgula após Pedro, no enunciado «Pedro (,) abre a porta». 

3. A integração de uma palavra numa classe de palavras pode não ser um processo linear. Esta dificuldade fica patente, por exemplo, na análise de um, cujas especificidades se consideram na resposta «Um terço perto da catedral». Na atualização do Consultório, é possível ainda consultar as respostas «Dado + conjuntivo», «Adjetivo+ oração de infinitivo: «é interessante de ler», «Percentagem + adjetivo»: «31% maior» e «A locução «em contracorrente», «Nomes deverbais sufixados com -mento».

4. Tempos houve em que chamar alguém português ou galego foi considerado um  insulto. Atualmente, o recurso a estes gentílicos para atacar alguém parece ter caído em desuso, como se conclui no apontamento do jornalista Jorge Sá Eusébio, que aqui transcrevemos com a devida vénia.  

5.  Em Israel, encontrou-se inscrita num pente uma frase alfabética, que é considerada a mais antiga do mundo, o que se relata neste artigo (aqui transcrito com a devida vénia). 

 6. Entre os prémios atribuídos recentemente, destaque para os seguintes: 

– O Grande Prémio da Literatura de Viagens Maria Ondina Braga, atribuído a Mega Ferreira, escritor e jornalista, pela obra Crónicas Italianas;

– O Prémio Literário José Saramago, atribuído ao escritor brasileiro Rafael Gallo, pela sua obra Dor Fantasma.

7. Uma nota final para o comentário do humorista português Ricardo Araújo Pereira, no Programa cujo nome estamos legalmente impedidos de dizer (12/11, na SIC Notícias), onde este afirmou, sem total certeza, diga-se, que a expressão «pelos vistos» teria sido censurada pelo Ciberdúvidas. Esclarecemos que, na perspetiva do Ciberdúvidas, a expressão não está errada. Trata-se de uma construção cristalizada que se usa como equivalente a  «ao que tudo indica», tendo registo dicionarístico. Já em 1997, nesta resposta, se considerava correto o uso (aqui).   

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Estados Unidos, China, Ucrânia, COP27... Longa se torna a enumeração dos nomes próprios que, na atualidade, se associam a situações de tensão política, feroz conflito bélico e catástrofe ambiental globalizada. Em Portugal, o cenário pode ser mais calmo, mas há mal-estar político, com o caso da demissão do secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, após o Ministério Público o ter acusado de prevaricação. Para justificar os seus atos, o político em causa usou (bem) o termo evidência, palavra que, em contexto completamente diferente, outro governante também empregou (mal). No Pelourinho, o cofundador do Ciberdúvidas, José Mário Costa, dá conta de como o modismo evidência voltou à tona mediática em Portugal.

2. A atualidade continua igualmente marcada pela persistência das infeções causadas pelo coronavírus e pelas suas variantes. Em A covid-19 na língua, surge, portanto, uma nova entrada: «vacinação de maiores de 50», a propósito de um apelo feito em Portugal pela secretária de Estado da Promoção da Saúde Portuguesa, a infecciologista Margarida Tavares.

3. «Há uns tempos, um aluno [de Português como Língua Estrangeira] perguntou-me se o "desculpa lá" que tinha ouvido na rua significava "I’m sorry"...». Assim começa, em O Nosso Idioma, uma reflexão da professora Inês Gama sobre a função da palavra na expressão «desculpa lá».

4. Plausível  é equivalente a verosímil? E fecho e fechamento ocorrem nos mesmos contextos? Estas questões, à volta da relação de sinonímia, fazem parte da atualização do Consultório, onde se abordam mais seis perguntas: qual a classe de palavras de mesmo em «mesmo bem»? E, em frases como «cheguei o mais rapidamente que pude», que é o quê, gramaticalmente? Diz-se «os desafios que nos aguardem» ou «os desafios que nos aguardam»? A palavra monitorando existe? Poucos tem o mesmo valor que vários? Como se pronuncia líquido?

5. A data de 11 de novembro é a da independência de Angola, proclamada neste dia em 1975. Em Lusofonias, transcreve-se com a devida vénia a crónica que a linguista e professora universitária portuguesa Margarita Correia dedicou à realidade linguística de Angola, no Diário de Notícias, em 07/11/2022.

6. «De um ponto de vista tanto epistemológico quanto metodológico, a gramática é uma tecnologia derivada da linguística, do mesmo modo como a engenharia é uma tecnologia derivada da física ou a medicina uma aplicação da biologia» – sustenta o linguista Aldo Bizzocchi a respeito das relações entre gramática e linguística, num texto de opinião publicado no mural Língua e Tradição (Facebook, 07/11/2022) e agora também disponível nas Controvérsias.

7. Quanto a programas à volta da língua portuguesa, na rádio pública de Portugal, salientam-se:

–  em Língua de Todos, transmitido na RDP África, na sexta-feira (11/11/2022, 13h20*), a proposta de criação, em Portugal, de um grupo de trabalho para discutir a aceitação das variedades linguísticas codificadas do português nos exames nacionais do ensino secundário;. 

– em Páginas de Português, difundido pela Antena 2, no domingo (13/11/2022, 12h30*), os próximos projetos do Plano Nacional de Leitura (PNL) e um apontamento da professora Carla Marques sobre a colocação da vírgula;

Mencione-se ainda Palavras Cruzadas, programa realizado por Dalila Carvalho e transmitido na Antena 2, de segunda a sexta, às 09h50 e às 18h50, hora oficial de Portugal continental).

 * Hora oficial de Portugal continental

8. Dois registos:

– O pesar geral pela morte de Gal Costa, em 09/11/2022. A cantora fica na história da música popular brasileira, como um dos vultos da geração que a partir das décadas de 60 e 70 soube explorar as virtualidades da palavra cantada em português. 

– A aproximação do centenário de José Saramago, em 16/11/2022. Estão programados diferentes acontecimentos culturais não só em Portugal mas também noutros países quer de língua portuguesa quer de domínios linguísticos diferentes, confirmando a universalidade da obra que Saramago deixou.

 9. Finalmente, uma breve referência a uma festa tradicional de Portugal e doutros países na Europa: o Dia de São Martinho, uma celebração do outono e dos seus produtos agrícolas. Sobre palavras associadas a esta efeméride, consultem-se "Sobre a origem do termo magusto", "Mangusto", "O São Martinho no léxico do português", "Castanha", "Água-pé", "A propósito de jeropiga", "Jeropiga, de novo", «O neologismo castaneícola». Outra sugestão: o visionamento de um dos episódios (RTP1, 06/11/2017) do programa  «Cuidado com a Língua! com uma vendedora de castanhas».

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. A COP27 (sigla inglesa para Conference of the Parties), conhecida também como Cimeira do Clima, tem lugar em Sharm el Sheikh, no Egito, entre 6 e 18 de novembro. Este encontro, que conta com representantes de 200 países, é, como alertou António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, de importância decisiva, pois aqui procura-se uma resposta para o «desafio central do século». Com um discurso incisivo, centrado na ideia de que o problema das alterações climáticas não deve ser relegado para segundo plano, Guterres usou a metáfora da velocidade para mostrar o quão rapidamente se avança para um ponto de não retorno, que associou à destruição total: «Estamos numa autoestrada para o inferno, com o pé no acelerador», afirmou. No plano linguístico, a COP27 traz para primeiro plano expressões que apontam para aspetos que contribuem para a degradação do planeta («alterações climáticas», «aquecimento global», «combustíveis fósseis», «pegada carbónica», «fenómenos climáticos extremos», «temperatura global») e outras que assinalam caminhos que poderão conduzir à salvação do planeta («adaptação climática», «desenvolvimento sustentável», «investimento sustentável», «neutralidade carbónica», descarbonização, «energias alternativas»). A atual situação traz ainda um neologismo, a palavra ecocídio, formada a partir dos elementos compositivo eco- e -cídio, que significa a «destruição metódica de um ecossistema ou de uma comunidade vegetal ou animal». A este propósito ainda da questão do clima e das temperaturas, recorda-se que a grafia correta de graus centígrados é °C (pequeno círculo superior à linha, sem sublinhado e sem ponto, seguido, sem espaço, de C).

Outros termos relacionados com as questões que esta cimeira convoca poderão ser encontrados no artigo «Palavras e expressões da crise climática mundial». E ainda: "Do clima à ortografia" + "Climático" + "Climatérico"

2. Em A covid-19 na língua, deixamos registo da expressão «pandemia tripla», que se refere às três doenças que ameaçam alastrar de forma proeminente neste inverno que se avizinha.  

3. A Construção «bem mal» pode ser equivalente a «muito mal»? Esta questão abre o Consultório, centrando-se numa abordagem aos usos e à diversidade de significações que são exploradas pela língua. Nesta atualização, ficam disponíveis ainda outras cinco novas respostas: «A grafia de reflito e reflita em 1940», «Porque a começar frase», «Modalidade epistémica com valor de possibilidade: «as explicações podem ser encontradas», «Sessepe, serelé, arredobrar-se (Guimarães Rosa)» e «Terém». 

4.  A professora Carla Marques retoma a questão da concordância do verbo. Desta feita, para analisar o fenómeno quando em presença da expressão «a maior parte» (texto divulgado no programa Páginas de Português da Antena 2). 

5. Na rubrica Montra de Livros, apresentamos o livro Histórias do Mundo (Lidel), de Ana Sousa Martins e Ana Paula Gonçalves, destinado à aprendizagem do português por meio de um processo de leitura extensiva. 

6. Os fenómenos de correção e de hipercorreção estão muito associados ao uso da língua e levam, não raro, à condenação de determinadas opções linguísticas. Entre eles, podemos assinalar o plural de saudade ou a expressão «maior atenção», o que, na ótica de Gabriel Lago, revisor e escritor brasileiro, não respeita os usos ou a expressividade da língua, tal como argumenta no artigo "Alho não tem dente" (transcrito com a devida vénia). 

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1. No rescaldo inseguro das eleições presidenciais realizadas em 30 de setembro no Brasil, assinala-se a criatividade linguística deste país, alimentada por semanas de tensão. Em O Nosso Idioma, disponibiliza-se uma lista de expressões coligida pelo jornalista português João Almeida Moreira (Diário de Notícias, 30/10/2022), documentando a campanha eleitoral que culminou na vitória, por estreita margem, de Lula da Silva. Mas a par dos neologismos, outra dinâmica se desenha, a do uso de numerosos modismos e estrangeirismos descaracterizadores do idioma, conforme testemunha, na referida rubrica, o jornalista e escritor brasileiro Joaquim Ferreira dos Santos, em crónica publicada em O Globo (31/10/2022).

2. Passando a Portugal, os «brandos costumes» lusitanos transmutam-se em preconceituosa aversão no concernente às pronúncias regionais. O reparo é feito com ironia pelo jornalista Luís Pedro Nunes, que fala de glotofobia («aversão, discriminação, desrespeito ou preconceito contra determinado(s) sotaque(s) ou pronúncia(s)», Infopédia), em crónica publicada no semanário Expresso (28/10/2022) e igualmente disponível em O Nosso Idioma. Inclui-se ainda aqui um apontamento do professor universitário Marco Neves (Certas Palavras, 30/10/2022) a respeito do vocábulo golo (gol no Brasil) e de um seu homónimo, derivado do radical do verbo engolir. Refira-se também o apontamento da professora Carla Marques, acerca da concordância verbal com o pronome relativo que.

3. Será possível que um texto de Sophia de Mello Breyner (1919-2004) apresente vírgulas erradas? No Consultório, analisa-se uma frase desta autora numa das novas respostas, nas quais se abordam outros tópicos, num total de oito: a origem e a grafia de paelha; o uso do verbo sentir-se com predicativo do sujeito; a subclasse dos nomes mês, semana, dia e hora; as orações de infinitivo introduzidas pela preposição a; o significado de uma numa enumeração; a associação de artigo definido ao topónimo Riachos; e a expressão «método D'Hondt».

4. Quem já ouviu falar de pera-melão? Em Diversidades, o vice-presidente da Sociedade Portuguesa de NaturalogiaMiguel Boieiro, dedica um apontamento à história e às propriedades terapêuticas deste fruto.

5. Aspeto frequentemente realçado na discussão geopolítica do português é o seu pluricentrismo, envolvendo polos emissores de normas diferenciadas. Na rubrica Lusofonias, transcreve-se o balanço que a linguista Edleise Mendes (Universidade Federal da Bahia) faz da formação de professores de Português numa perspetiva pluricêntrica, em crónica incluída no programa Páginas de Português na Antena 2 (30/10/2022).

Na imagem, pormenor da capa de Temas da Língua Portuguesa: do Pluricentrismo à Didática, volume organizado por Sónia Netto Salomão e editado em 2021 pelas Edizioni Nuova Cultura, para assinalar os vinte anos de fundação da cátedra de língua portuguesa na Sapienza Universidade de Roma

6. Como rápida nota de atualidade, mencione-se a realização, em Lisboa, da edição de 2022 da Web Summit. O acontecimento teve lugar entre 1 e 4 de novembro, como sempre, com intensa cobertura mediática em Portugal. Infelizmente, quanto à pressão do inglês e à (in)visibilidade da língua portuguesa, a situação não parece ter mudado grandemente desde a Abertura de 05/11/2018.

7. Relativamente a programas à volta da língua portuguesa, na rádio pública de Portugal:

– Em Língua de Todos, transmitido na RDP África (sexta-feira, 04/11/2022, 13h20*), entrevista-se o escritor brasileiro Silviano Santiago, galardoado em 2022 com o Prémio Camões.

– O manual Ensino da Leitura e da Escrita Baseado em Evidências, publicado pelo EDULOG, é tema em foco em Páginas de Português, difundido pela Antena 2 (domingo, 06/11/2022, 12h30*). Neste programa, participa igualmente a professora Carla Marques, com um apontamento sobre concordância: devemos dizer «a maior parte dos turistas visita este museu», ou «a maior parte dos turistas visitam este museu»?

– A cibersegurança, a sua terminologia e os seus conceitos preenchem, de 7 a 11 novembro, as emissões do programa Palavras Cruzadas, realizado por Dalila Carvalho e transmitido na Antena 2 (de segunda a sexta, às 09h50* e às 18h50*).

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