Em contexto não universitário, o constituinte em questão poderá ser classificado como complemento oblíquo.
Em português, verbos como (com)portar-se, cheirar, funcionar, vestir-se combinam-se com expressões que têm um valor de modo. Estas expressões são selecionadas pelo verbo e não podem ser eliminadas da frase sob pena de esta ficar agramatical:
(1) «O jardim cheira bem.» (vs. *«O jardim cheira.»)
(2) «Ele portou-se corretamente.» (vs. *«Ele portou-se.»)
Por esta razão, estes constituintes poderão ser classificados com a função de complemento oblíquo.
Em contexto universitário, identificar-se-ão diferenças entre a relação que estes constituintes mantêm com verbos como os assinalados acima e a relação que os constituintes mantêm com verbos como morar, pôr, viver (entre outros). Sustenta-se, neste contexto, que os advérbios com valor de modo desempenham uma função de “quase argumento”, pois não representam entidades que participem na situação descrita. Por esta razão, não serão efetivamente um complemento do verbo, constituindo uma situação de transição entre o complemento e o modificador1.
Disponha sempre!
*assinala a agramaticalidade da frase.
1. Para mais informações, cf. Raposo in Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 1594 – 1596 e Gonçalves e Raposo in Idem, Ibidem, p. 1187.