Em várias situações de uso, verifica-se uma sobreposição do futuro simples e do futuro composto do conjuntivo, o que significa que não existe uma especialização de sentidos associada à opção por um dos dois tempos verbais. É o que acontece em (1) e (2):
(1) «O João apresenta o livro quando acabarem o trabalho.»
(2) «O João apresenta o livro quando tiverem acabado o trabalho.»
Ambos os tempos se usam com orações subordinadas adjetivas relativas e adverbiais temporais ou condicionais.
O futuro simples do conjuntivo marca, de uma forma geral, um tempo futuro relativamente ao momento da enunciação, como se verifica em (3) onde a situação descrita aponta para um intervalo futuro relativamente ao momento em que o enunciado foi produzido:
(3) «Se quiseres estudar, não atendas o telefone.»
O futuro composto do conjuntivo aponta igualmente para uma situação de futuridade relativamente ao momento da enunciação, mas pode veicular uma leitura de situação concluída. Se atentarmos nas frases (1) e (2), veremos que é possível uma leitura que as distingue deste ponto de vista: em (1), a situação «acabar o trabalho» não é vista como concluída; já em (2), a mesma situação é vista como concluída, o que significa que o João só dará início à apresentação do livro depois de os colegas terem efetivamente acabado o trabalho que desenvolvem. Trata-se de uma diferença muito fina que nem sempre é verdadeiramente pertinente para o processo de comunicação.
De forma particular, o futuro composto pode ainda veicular um valor de passado relativamente ao momento da enunciação. Em (4), é possível uma leitura em que, no momento em que o locutor apresenta este enunciado, alguns alunos já terminaram efetivamente o trabalho:
(4) «Os alunos que já tiverem terminado o trabalho podem passar à outra sala.»
Com este valor, o futuro composto do conjuntivo pode ser substituído pelo pretérito perfeito simples do indicativo:
(5) «Os alunos que já terminaram o trabalho podem passar à outra sala.»
Não obstante, existe uma diferença entre (4) e (5) no plano modal: em (4), está presente um valor de possibilidade; em (5), uma leitura factual.1
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1. Para mais informações, cf. Oliveira in Raposo et al. Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 541-543.