Na frase em questão não estamos perante um caso de passiva sintética por várias razões que apresentaremos de seguida.
Para simplificar a análise extraímos da oração relativa «que se orienta pelas estrelas» uma frase simples que é equivalente:
(1) «O viajante orienta-se pelas estrelas.»
Tomando como base as características da passiva sintética (veja-se, por exemplo, esta resposta de Edite Prada), percebemos que a passiva sintética apresenta o verbo no mesmo tempo-modo da frase ativa, residindo a diferença entre esta forma e a ativa no facto de o complemento direto da frase ativa passar a sujeito na passiva sintética, sendo o sujeito da ativa omitido. Para além disso, na passiva sintética, o sujeito coloca-se após o verbo, como acontece na passagem de (2) a (3)
(1) «[O João]sujeito publicou [um belo romance]complemento direto.» (frase ativa)
(2) «Publicou-se [um belo romance]sujeito.» (passiva sintética)
Ora, no caso da frase apresentada, o sujeito não está após o verbo (no caso da oração subordinada relativa isso seria naturalmente impossível) e não corresponde ao complemento direto de uma frase na passiva, pelo que a frase (1) não é equivalente à frase (4):
(4) «Alguém orientou o viajante pelas estrelas.»
Para além do que ficou dito, é importante acrescentar que neste caso -se não é uma partícula apassivante, sendo antes um pronome integrante da forma pronominal do verbo orientar-se. Por fim, refira-se que o constituinte «pelas estrelas» também não desempenha a função de complemento agente da passiva (que na passiva sintética não se expressa) porque também não corresponde ao sujeito da frase ativa, como se observa em (5). Isto permite-nos concluir que a frase (1) também não é uma frase passiva, sendo sim uma frase ativa:
(5) «As estrelas orientam o viajante» (esta frase teria como forma passiva «O viajante é orientado pelas estrelas.»)
Disponha sempre!