Se olharmos para a língua de um ponto de vista “sexista”, poderemos, efetivamente, dizer que o masculino é predominante, pois, sempre que uma palavra tem as duas formas, o mais comum é ser dicionarizada a forma masculina. Acontece o mesmo nas concordâncias, dado que, se um adjetivo qualificar em simultâneo dois nomes, a atitude mais gramatical é a colocação do adjetivo no masculino…
Não creio, no entanto, que se justifique tal abordagem. Muitos dos aspectos da língua são convenções comummente aceites e usadas. Além disso, esse aspecto da língua não tem sofrido alterações. No caso das concordâncias, por exemplo, o género predominante no latim era o neutro, que era utilizado para designar muitos dos elementos da “Mãe Natureza”, seguindo-se o masculino. É, pois, uma prática que já vem de longe. Discutir se na base estava uma discriminação ou uma atitude «machista» é, creio, descontextualizar conceitos que não têm razão de ser fora do seu tempo, historicamente falando.