A interpretação proposta tem alguma adequação na atualidade, porque, na verdade, inovar é muitas vezes sinónimo de criar (alguma coisa nova), enquanto renovar é equivalente a «fazer com que fique como novo; mudar o que já existe» (ver Textos relacionados). Nesta perspetiva, dir-se-ia que inovar é intransitivo («o autor inova»), e renovar, transitivo direto («o autor renova o mundo»), legitimando assim o uso deste último verbo na conjugação reflexa («o mundo inova-se»). Contudo, vê-se que há registos dicionarísticos que abonam o uso transitivo e reflexo de inovar, numa aceção muito semelhante, se não idêntica, à geralmente atribuída a renovar:
(1) «Inovou a pintura de sua casa.» (Dicionário Houaiss, 2001, s. v. inovar)
(2) «É preciso inovar a empresa. » (Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa, 2001, s.v. inovar)
(3) «A sociedade inova-se, progride.» (idem, ibidem)
(3) «O engenheiro inovara o fabrico dos móveis.» (Dicionário Gramatical de Verbos Portugueses, Texto Editores, 2006, s. v. inovar)
(4) «A sua forma de pensar inovou-se após a emigração.» (idem ibidem)
Em todos estes exemplos, mesmo que se admita que a noção veiculada é a da novidade introduzida, deteta-se também o valor causativo que geralmente se associa a renovar («fazer com que fique/volte a ficar a novo»). A convergência semântica entre os dois verbos é, pois, possível, como sugerem os exemplos, os quais, no entanto, parecem ilustrar usos de inovar que lhe são menos característicos.