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É verdade que há contextos em que meter pode substituir pôr, como acontece em «pôr/meter gasolina». No entanto, verificam-se exemplos da estrutura «meter a» + infinitivo descrita como construção reflexiva que faz referência à situação em que alguém atribui a si próprio uma competência que não possui: «apesar do desconhecimento, meteu-se a falar inglês» (Dicionário Houaiss). Ou seja, a expressão sugere uma situação em que alguém se atreve a alguma coisa, não costumando usar-se com um complemento direto com o papel semântico de paciente da ação verbal. Isto explica, por exemplo, a estranheza de «meti o meu filho a aprender inglês», visto a noção de atrevimento associada a «meter-se a» dizer respeito apenas ao agente da ação (de quem «se mete a fazer qualquer coisa»), e não a um eventual paciente forçado ou aliciado a atrever-se. Sendo assim, do ponto normativo, consideramos que o exemplo enviado tem fraca aceitabilidade e parece-nos preferível o emprego de pôr na frase: «A tentativa de pôr os indianos a gostar de futebol.»*
* Em alternativa à construção com pôr causativo, são também possíveis as frases: «a tentativa de fazer os indianos gostar(em) de futebol»; «a tentativa de fazer com que os indianos gostem de futebol»; «a tentativa de incentivar os indianos a gostar(em) de futebol»; «a tentativa de inculcar nos indianos o gosto pelo futebol, etc.» (sugestões do consultor Luciano Eduardo de Oliveira).