1. Regressam as atualizações do consultório para novos esclarecimentos sobre aspetos do uso da língua: o mesmo vocábulo pode ter significados diferentes? O hífen de prova-modelo é obrigatório? Que forma tem o imperativo do verbo proteger na 2.ª pessoa do plural? E como se pluraliza guarda-noturno?
2. Sinal da sua vitalidade como veículo de comunicação e cultura será a capacidade de o português captar o interesse de quem o aprende. Indo ao encontro de quantos o ensinam ou estudam como língua não materna (PLNM), a Montra de Livros apresenta Português para o Mundo, uma obra didática das professoras Isabel Casanova e Rita Faria.
3. Saber falar a língua portuguesa é também contactar e envolver-se com as culturas que lhe estão associadas. Dois exemplos de como se impõe tomar consciência dessa relação:
– o sucesso dos fados de Mariza na promoção do estudo do português no Canadá, conforme notícia a respeito de uma experiência pedagógica levada a cabo no Colégio George Brown, em Toronto;
– no contexto dos preparativos para a conferência internacional Ensino e Aprendizagem do Português como Língua Estrangeira: o percurso na China, que se realiza em Macau nos dias 8 e 9 de abril, as declarações da sua organizadora, a linguista Inocência Mata, que considera que as universidades chinesas têm de ir mais longe no estudo do português, sublinhando: «É um erro pensar que basta conhecer a língua para fazer negócios, é preciso conhecer a cultura. Quanto melhor conhecermos culturalmente o nosso interlocutor, melhor é o diálogo, mais profícuo, mais produtivo. A ideia de que o que importa é o português comercial e utilitário é um equívoco» (ver artigo completo na edição em linha do jornal macaense Ponto Final).
1. Como anunciado, a atividade do consultório tem uma pequena pausa durante os dias de Páscoa*, ficando desativado o formulário para envio de perguntas (para outros assuntos que não o esclarecimento de dúvidas, agradecemos que o contacto seja feito por aqui). Enquanto se aguarda o regresso das atualizações já em 28 de março p. f., ficam disponíveis para consulta todas as respostas e os artigos que constituem o vasto e variado arquivo do Ciberdúvidas – sempre a respeito da língua portuguesa. Por isso, a propósito do período pascal e das palavras com ele relacionadas, sugerimos a leitura das seguintes respostas e artigos: "Etimologia e significado de Páscoa", "A primavera e as estações do ano", "Etimologia de Quaresma, Pascoela...", "Feriados conhecidos pelas datas: maiúsculas e minúsculas".
* Na imagem ao lado, Ascensão de Cristo (Museu Nacional do Azulejo, Lisboa).
2. Duas situações da atualidade que põem em causa o poder de afirmação da nossa língua:
– Em Portugal, a pausa pascal leva muitos estudantes finalistas a procurarem em Espanha momentos de diversão. Em viagem, os excessos são previsíveis, pelo que a Guarda Nacional Republicana (GNR) desencadeia ações de sensibilização e fiscalização nas estradas, em especial junto às fronteiras. Uma operação mais do que justificada, com o senão do nome dado em inglês – Spring Break, vernacularmente, «intervalo de primavera» –, um absoluto contrassenso, tendo em conta os seus destinatários específicos: jovens portugueses. Pior: sendo esta, de resto, uma prática continuada da GNR na preferência anglófona da denominação destas suas operações em situações de maior tráfego nas estradas nacionais, fica em causa a responsabilidade também linguística inerente a qualquer instituição ou organismo do Estado português. Sobre este assunto, leia-se o irónico apontamento no blogue Má(-)língua, de Paulo J. S. Barata.
– Uma notícia surpreendente vem do Vaticano, onde a Cúria Romana retirou do seu elenco de idiomas oficiais a língua portuguesa. A decisão suscitou desagrado (leiam-se as declarações do cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente), sobretudo tendo em conta que, tradicionalmente, o maior país católico é o Brasil... cuja população é, em esmagadora maioria, constituída por falantes de português. Recorde-se que o novo presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, foi recebido pelo papa Francisco no Vaticano, em 17 de março p.p.; do que é possível apurar dos ecos da visita, o destino inglório na Santa Sé da língua oficial de oito países – de mais de 240 milhões de falantes no mundo, a sexta mais falada do globo, sendo a quinta mais usada na Internet e a terceira nas redes sociais Facebook e Twitter – parece não ter merecido nenhuma atenção.
3. À volta ainda do excesso de anglicismos no espaço mediático português e de algumas das razões do menor cuidado no uso da nossa língua na imprensa, a rubrica O Nosso Idioma disponibiliza o artigo Falar português – uma língua que une pátrias, um trabalho assinado pelas jornalistas Sílvia Júlio e Teresa Joel. Publicado no jornal Tempo Livre (n.º 32 da 2.ª série, fevereiro/março de 2016), da Fundação INATEL, nele se registam considerações de Guilhermina Jorge, linguista e professora da Faculdade de Letras de Lisboa, e de José Mário Costa, jornalista e cofundador do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.
4. O programa de rádio Língua de Todos de sexta-feira, 25 de março (às 13h15* na RDP África; repete no sábado, 26 de março, depois do noticiário das 9h00*), dá relevo ao seminário sobre o português que o Centro Camões do King's College de Londres organiza em 29 de março p. f., com a presença das linguistas Esperança Cardeira e Alina Villava, ambas docentes na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Por seu lado, o Páginas de Português, que vai para o ar no Domingo de Páscoa, 27 de março (pelas 11h30*, na Antena 2), aborda uma notícia que intrigou e escandalizou: o Brasil retirava dos curricula do seu sistema de ensino alguns dos autores canónicos da língua portuguesa. Porque o idioma é comum, porque Camões ou António Vieira ou outras referências canónicas constituem a malha de uma referencialidade que abrange os dois países, o Páginas de Português foi em demanda das razões, dos factos e dos enquadramentos, e conversou com a professora Begmá Tavares Barbosa, assessora para a língua portuguesa da Base Nacional Comum Curricular do Brasil.
* Hora oficial de Portugal continental.
1. Durante o período da Páscoa, o consultório faz uma pausa, e fica desativado o formulário para envio de perguntas. Apesar disso, as atualizações regulares já têm regresso marcado para 28 de março p. f. Como sempre, além de não deixarmos de pôr em linha conteúdos que ainda aguardam divulgação, continuaremos a acompanhar no espaço mediático, para a selecionar e disponibilizar nas nossas diferentes rubricas, a atualidade que diga respeito à língua portuguesa nas suas múltiplas vertentes.
2. Antes da pausa anunciada, uma pergunta: escreve-se descriminar, ou discriminar? As duas formas são legítimas, na norma-padrão de Portugal são homófonas, mas os contextos em que uma e outra ocorrem fazem toda a diferença. Quem o recorda é Isabel Casanova, que, num apontamento disponível no Pelourinho, apresenta, explica e corrige um caso de desatenção por parte de uma instituição de utilidade pública que deveria ter mais cuidado com o bom uso da língua, dada a sua importante atividade.
3. Ainda a tempo de esclarecer ou comentar três dúvidas: será correto começar uma mensagem com um infinitivo independente, fora de construções que o enquadrem gramaticalmente («Boa tarde. "Dizer" que já recebi as fichas de avaliação...»)? E «golfada de ar» é expressão aceitável? Por último, existe ou terá existido em português a forma verbal "estremingar"?
4. No programa de rádio Língua de Todos de sexta-feira, 18 de março (às 13h15* na RDP África; repete no sábado, 19 de março, depois do noticiário das 9h00*), Sandra Duarte Tavares responde a várias questões gramaticais. No Páginas de Português de domingo, 20 de março (pelas 11h30*, na Antena 2), salienta-se o seminário sobre o português que o Centro Camões do King's College de Londres organiza em 29 de março p. f., com a presença das linguistas Esperança Cardeira e Alina Villava, ambas docentes na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
* Hora oficial de Portugal continental.
1. No Pelourinho, detetam-se dois erros com temporalidades diferentes. Um é bem antigo, devolvendo-nos à época em que a preocupação não eram os anglicismos, mas, sim, os numerosos galicismos que saturavam o discurso. Um texto de Filipe Carvalho capta um eco desses tempos na atualidade: a troca ainda insistente da locução «a fim de» pela forma incorreta «"afim" de». Outra confusão é bem recente e, em Portugal, decorre de uma generalização apressada, segundo a qual qualquer c antes de t desaparece por causa do Acordo Ortográfico. Não é assim: já aqui se disse repetidas vezes* que, nas normas europeia e africana, esse c é efetivamente pronunciado e, portanto, tem de ser escrito, como acontece com facto – «ação, coisa, ocorrência» (com tal significado, portanto, nunca, "fato", a não ser no Brasil). A propósito deste tópico, um apontamento de Paulo J. S. Barata foca mais um caso, o da palavra contacto, que, em terras lusitanas, aparece por vezes indevidamente grafada como "contato".
* Voltamos a lembrar que, na Internet, estão disponíveis os vocabulários ortográficos atualizados, quase todos integralmente, a saber: o Vocabulário Ortográfico do Português (ILTEC); o Vocabulário Ortográfico Comum (IILP), que inclui vocabulários ortográficos nacionais, entre eles, o de Portugal; o vocabulário ortográfico da Porto Editora (acesso pela Infopédia); e o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras. Lembramos ainda que o Vocabulário Ortográfico Atualizado da Língua Portuguesa (VOALP) da Academia das Ciências de Lisboa se encontra em livro eletrónico, ao qual se pode aceder parcialmente nos Google Books.
2. O consultório recebe três novas perguntas: rio e ribeira escrevem-se com maiúscula inicial quando acompanham nomes próprios como Tejo ou Vinhas? Que preposições podem ocorrer depois do particípio passado do verbo adornar? Como classificar sintaticamente «de chocolate» no grupo nominal «um bolo de chocolate»?
3. No programa de rádio Língua de Todos de sexta-feira, 18 de março (às 13h15* na RDP África; repete no sábado, 19 de março, depois do noticiário das 9h00*), Sandra Duarte Tavares esclarece várias dúvidas: qual a diferença entre «ter de» e «ter que»? E uma coisa sem importância, que se pode desprezar, é desprezável, ou desprezível? O Páginas de Português de domingo, 20 de março (pelas 11h30*, na Antena 2), dá relevo a um seminário sobre o português que o Centro Camões do King's College de Londres organiza em 29 de março p. f., contando com a participação de duas linguistas e professoras na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa: são entrevistadas Esperança Cardeira, que fala sobre a visão histórica do galego-português, e Alina Villava, acerca das palavras parassintéticas nas línguas ibéricas.
* Hora oficial de Portugal continental.
1. Começando no século XVI, uma pergunta disponível no consultório foca a função literária que o chamado pai do teatro em língua portuguesa, Gil Vicente, deu ao grupo preposicional «à barca» no Auto da Barca do Inferno (1517)*. Já que se fala do período do Renascimento, uma outra questão aborda o curioso latinismo vale, que, em português clássico e não só, ocorre por vezes a encerrar os textos. Segue-se um salto até à atualidade, para abordar o funcionamento da língua oral e escrita: é legítimo associar ao verbo solicitar a preposição para e dizer-se «solicitar a alguém "para" fazer alguma coisa»? E, passando à pontuação, que cuidados requer a vírgula quando nos deparamos com as orações relativas?
* Na foto, ilustração do Auto de Moralidade... (1520?, Biblioteca Nacional de Espanha, Madrid), também conhecido como Auto da Barca do Inferno.
2. Voltamos a referir que foi criado um subtema – Critérios a rever – sugestões e propostas – na rubrica Acordo Ortográfico, destinado a divulgar contributos para a melhoria dos critérios de aplicação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, os quais estão a ser avaliados no âmbito dos trabalhos para os Vocabulários Ortográficos Nacionais e o Vocabulário Ortográfico Comum, por sua vez, integrados no quadro da atividade multilateral do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP). O novo subtema teve o seu início com um texto do nosso consultor D'Silvas Filho, ficando aberto a outros contributos.
1. Em Portugal, encontramos por vezes espaços cujo nome é ou inclui a palavra "páteo". Representará esta forma alguma coisa muito diferente da que pátio significa e refere? Parece que não... Então, porque ocorrerá ela como denominação de lojas e espaços de lazer? Indo ao encontro desta questão, uma das novas respostas do consultório sonda o passado de "páteo" para entender as motivações do seu uso presente*. A história da língua vem igualmente a propósito no esclarecimento de uma dúvida sobre o substantivo desaguisado. E quem evoca a memória do idioma pode falar ainda de variação na atualidade, quando se comenta a expressão «como assim», que é (mais) característica do Brasil. Voltando à diferença entre registos linguísticos, aborda-se por último uma questão à volta da fixação ortográfica do termo científico Gram-positivo (ou gram-positivo).
* Na imagem, o Pátio da Galé, em Lisboa (foto: Revista de Cultura, Lazer e Viagens).
2. Continuando em Portugal, assinale-se que o novo presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, captou a atenção mediática com um texto que escreveu conforme a anterior ortografia, gesto (polémico) que, segundo vários comentadores, indiciaria a maior probabilidade de o Estado português suspender a aplicação do Acordo Ortográfico de 1990. Sobre este assunto, o jornal i (7/03/2016) publicou um trabalho que recolhe várias reações: entre os detratores, as de Pedro Mexia, assessor cultural do novo presidente, e Artur Anselmo, presidente do Instituto de Lexicologia e Lexicografia da Academia das Ciências de Lisboa (ACL); entre os defensores, as de Malaca Casteleiro, sócio efetivo da ACL, Margarita Correia, professora da Faculdade de Letras de Lisboa e investigadora do ILTEC-CELGA, e José Mário Costa, jornalista e cofundador do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.
3. Lembramos também que, na rubrica Acordo Ortográfico, se abriu um novo subtema – Critérios a rever – sugestões e propostas –, um novo espaço com contributos para melhoria de algumas opções mais controversas, que iniciámos com um texto de D'Silvas Filho, ficando nós abertos a outras colaborações que nos sejam enviadas, tendo sempre como horizonte o âmbito multilateral do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) e os trabalhos para os Vocabulários Ortográficos Nacionais e o Vocabulário Ortográfico Comum.
4. O risco de os autores de Portugal ficarem excluídos dos programas escolares do Brasil continua a suscitar controvérsia. Em entrevista à agência Lusa, no contexto da 5.ª edição do encontro literário Rota das Letras, a decorrer em Macau até 19 de março p.f., o escritor moçambicano Luís Carlos Patraquim não poderia ser mais crítico: «Como é que um brasileiro ou um moçambicano pode desconhecer Camões? [...] Que eu saiba não há nenhum país da Commonwealth que retire Shakespeare [dos programas curriculares]. Não se pode, pura e simplesmente, [fazer isso], ou então deixa-se de falar inglês, vai-se falar outra língua qualquer. Estão a acontecer delírios completos.»
5. No programa de rádio Língua de Todos de sexta-feira, 11 de março (às 13h15* na RDP África; repete no sábado, 12 de março, depois do noticiário das 9h00*), dá-se relevo às expressões fixas, enquanto no Páginas de Português de domingo, 13 de março (pelas 11h30*, na Antena 2), o latim é o tema em foco.
* Hora oficial de Portugal continental.
1. Deverão as regras e os critérios da língua culta impor-se a tudo o que se diz? Se a resposta é afirmativa e categórica, as variantes fora da norma-padrão estarão sempre incorretas: qualquer regionalismo será uma tremenda asneira, quaisquer vocábulos ou giros populares têm de ser erradicados. Porém, como tudo em sociedade, há ocasiões para marcar solenidade ou distanciamento na comunicação, enquanto, entre amigos, em família, na intimidade, as liberdades na atitude e no trato se repercutem e fixam na expressão; deste prisma, um falante competente e com cultura linguística será visto como aquele que comunica com adequação, formal e informalmente. Motiva estas considerações a palavra "rasia", que os dicionários (ainda) não registam e a língua culta não tem de acolher, embora, como se observa no consultório, se use em Portugal, na locução «fazer uma rasia», isto é, «passar rente a alguma coisa ou alguém». Mas, lá porque se descreve o seu uso, não se julgue apressadamente que "rasia" já tem lugar na linguagem mais cuidada ou no discurso especializado; como é natural, nestes registos, as palavras são outras, como é o caso de eletrólito e exequível, ambas comentadas nesta atualização – a qual apresenta igualmente dúvidas sobre os significados do substantivo atacadista e do futuro perfeito (ou composto).
2. O programa de rádio Língua de Todos de sexta-feira, 11 de março (às 13h15* na RDP África; repete no sábado, 12 de março, depois do noticiário das 9h00*), aborda vários temas, entre eles, o das expressões fixas: o que quer dizer «nivelar por baixo». No Páginas de Português de domingo, 13 de março (pelas 11h30*, na Antena 2), está em foco o latim: países como Inglaterra, Alemanha e Espanha colocam, atualmente, o seu ensino nos curricula, por perceberem a sua relevância na aprendizagem de matérias tão diversas que vão desde a matemática à biologia, à filosofia, à literatura e à aprendizagem das línguas, entre elas o inglês e o alemão. Em Portugal parece que já se gastou todo o latim, visto que a aprendizagem do latim entre nós decresce como os sestércios que dizem já não haver. Que génese e novas razões podem explicar esta lenta agonia? O Páginas de Português ouviu a professora de latim Susana Marta Pereira, da Escola Secundária Pedro Nunes.
* Hora oficial de Portugal continental.
1. Três novas perguntas preenchem a atualização do consultório:
– A expressão «por isso» é uma locução conjuntiva, ou um conector?
– O que significa o verbo acadar, que se emprega em certas regiões do Norte de Portugal?
– A forma verbal agarra é também uma interjeição?
2. Na rubrica Acordo Ortográfico, (subtema Critérios a rever – propostas e sugestões*) um artigo do consultor D'Silvas Filho propõe alguns critérios para a adaptação de estrangeirismos, tendo em conta a aplicação do Acordo Ortográfico de 1990.
* Abre-se este novo espaço que, além deste contributo de D'Silvas Filho, passa a contemplar outros que venham a ser divulgados na comunicação social em língua portuguesa ou que sejam elaborados propositadamente para o Ciberdúvidas.
1. No consultório, a atualização deste dia foca a mudança de palavras e expressões no passado e no presente:
– Como é que, do ponto de vista semântico, a palavra cumprimento pôde passar a ocorrer como fórmula de despedida – «cumprimentos» – no discurso mais formal, sobretudo em mensagens escritas?
– Porque terá Camilo Castelo Branco (1825-1890) classificado como galicismo certo uso do verbo comprometer?
– Para referir a reação de embaraço que em nós eventualmente desencadeiam os comportamentos dos outros, estaremos a assistir a um processo de substituição, em que «vergonha reflexa» suplanta a expressão «vergonha alheia»?
2. Quando, a respeito do português, se fala de mudança, também se referem paradoxalmente as permanências que lhe dão identidade. É, pois, de realçar o anúncio do lançamento em 31 de março p. f. de uma nova edição de Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, por iniciativa do Colégio das Artes da Universidade de Coimbra. A epopeia quinhentista, obra mítica e ainda simbólica da excelência literária da nossa língua, regressa desta vez sem ilustrações, com um tratamento gráfico e tipográfico inovador que, no entanto, se inspira também nas fontes renascentistas e mantém a grafia do texto impresso pela primeira vez em 1572.
3. Na rubrica Montra de Livros, apresenta-se Estudos de Semântica, obra organizada por Purificação Silvano e António Leal, e publicada pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto com o Centro de Linguístico da Universidade do Porto.
4. No programa de rádio Língua de Todos de sexta-feira, 4 de março (às 13h15* na RDP África; repete no sábado, 5 de março, depois do noticiário das 9h00*), Sandra Duarte Tavares comenta as formas álibi e alibi. O Páginas de Português de domingo, 6 de março (pelas 11h30*, na Antena 2), centra-se na situação do ensino do português na Galiza.
* Hora oficial de Portugal continental.
1. Quando falamos de texto literário, referimo-nos a um tipo de discurso que tira partido de certas potencialidades da língua para oferecer as palavras à sua fruição. Perante um poema ou uma criação em prosa, somos chamados a decifrar expressões e frases, atividade a que a ideia de literariedade dá rumo, abrindo campo para a busca da coerência do conteúdo e da forma. No consultório, a presente atualização centra-se justamente nesses usos tão especiais em três novas respostas, que interpretam o valor da enumeração, da comparação ou da aliteração em expressões e frases de autores portugueses*. Numa outra resposta, mostra-se que estas figuras de estilo podem também ocorrer em provérbios e aforismos – por exemplo, a propósito do tempo, que não para.
* Na imagem ao lado, Tontura (1962), poema visual de E. M. de Melo e Castro.
2. Sabe aplicar corretamente os acentos gráficos (agudo, grave e circunflexo)? Na rubrica Pelourinho, um apontamento de Paulo J. S. Barata assinala dois dos poucos casos de emprego do acento grave (`), o qual, no entanto, tem grande importância e não pode ser descurado, porque se apõe a uma palavra de alta frequência: a recorrente e famosíssima contração à, conhecida no Brasil como crase.
3. No programa de rádio Língua de Todos de sexta-feira, 4 de março (às 13h15* na RDP África; repete no sábado, 5 de março, depois do noticiário das 9h00*), pergunta-se a Sandra Duarte Tavares: como é que se deve dizer – álibi ou alibi? O Páginas de Português de domingo, 6 de março (pelas 11h30*, na Antena 2), vai à Galiza falar com Antía Cortizas Leira, presidente da Associação de Docentes de Português daquela região autonómica espanhola.
* Hora oficial de Portugal continental.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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