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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Sem negar o papel da intuição na fala e na escrita, os juízos de correção linguística têm sustentação frágil quando simplesmente baseados na maneira como a cada qual soa esta palavra ou aquela frase. É frequente resvalar para apreciações difíceis de generalizar ou confirmar; e, curiosamente, esta atitude não é alheia à doutrina e à tradição prescritivas, com autores e visões por vezes em conflito. Por isso, vale a pena refletir um pouco – como se faz na presente atualização do consultório – acerca do substantivo início, cuja sinonímia com começo certa perspetiva normativa tem querido condenar. Também em dúvida o emprego das preposições com verbos, focando a associação da preposição de ao verbo usarusar de prudência»). Finalmente, uma resposta traz de novo o tema da concatenação dos tempos verbais entre orações subordinantes e orações subordinadas, ao focar as orações condicionais.

2. O português convive frequentemente com outros idiomas, gerando situações de bilinguismo. Um consulente do Rio de Janeiro escreveu-nos para chamar a nossa atenção para um interessante trabalho publicado no blogue Isto é Japão! Vivendo e aprendendo... sobre o discurso híbrido que é característico da comunidade brasileira radicada no Japão (os chamados decasséguis). Recheado de palavras e expressões de origem nipónica, o "decasseguês" constitui um fenómeno interlinguístico muito interessante; um exemplo: «Tudo genki desuka?» (para saber o significado, consultar aqui).

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1. Ao consultório, chegam três novas questões:

– Aspas direitas, encurvadas, inclinadas... Afinal, como havemos de escrever as aspas?

– «Janelas de cor azul anil», «janelas de cor azul-anil» ou, simplesmente, «janelas de cor anil»?

– Como surgiu o substantivo folclore em português? Que significado e que conotações tem hoje a palavra?*

* Na imagem ao lado, A Volta da Feira (1905, Coleção Millennium-BCP), de José Malhoa (1855-1933).

2. Entre as várias iniciativas que se levam a cabo na região de Lisboa para projeção e conhecimento da diversidade da língua portuguesa, relevo para:

– O 2.º Encontro da Poesia Infanto-Juvenil da Lusofonia, evento que, até 27 de fevereiro p. f., se realiza nas instalações da Fundação O Século (S. Pedro do Estoril) e conta com a participação dos principais autores de língua portuguesa no referido género, bem como integra oficinas de escrita, narração e ilustração, além de uma feira do livro.

– O ciclo (Des)Encontros Galego-Portugueses, organizado pelo Centro de Estudos Galegos da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas/Universidade Nova de Lisboa, com apoio da Xuventude de Galicia-Centro Galego de Lisboa. Trata-se de seis sessões nas quais, de 4 de março a 20 de maio p. f., se abordam, entre outros temas, a língua, a fronteira, a emigração galega para Lisboa e a obra do poeta galego Manuel Maria (Outeiro de Rei, 1929–Corunha, 2004).

3. No programa de rádio Língua de Todos de sexta-feira, 26 de fevereiro (às 13h15* na RDP África; repete no sábado, 27 de fevereiro, depois do noticiário das 9h00*), fala-se do considerável aumento do número de alunos de português na Namíbia. O Páginas de Português de domingo, 28 de fevereiro (pelas 11h30*, na Antena 2), foca um projeto de investigação que evoca e avalia o impacto social e político de Novas Cartas Portuguesas, das escritoras Maria Isabel BarrenoMaria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, e da intensa polémica que, em 1972, esta obra desencadeou em Portugal.

* Hora oficial de Portugal continental.

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1. «Arduamente e lentamente», ou «árdua e lentamente»: o que é melhor? A resposta encontra-se no consultório, onde se levantam outras dúvidas: deve dizer-se e escrever-se «a fim que...», ou «a fim de que...»? Qual o plural de vígil, adjetivo que se aplica a quem permanece acordado? Na rubrica Controvérsias, ainda a propósito da expressão «os Portugueses e as Portuguesas», que ultimamente ocorre em vez do masculino «os Portugueses», empregado genericamente, disponibilizam-se os textos que enquadram a polémica: a crónica do escritor Miguel Esteves Cardoso, a criticar tal uso; contestando esta posição, o artigo do professor universitário Luís Aguiar-Conraria e o comentário que a deputada Edite Estrela deixou no Facebook.

2. No contexto das línguas irmãs da nossa, refira-se que, em espanhol, igualmente se recorre ao masculino para abranger os dois géneros. Contudo, em discurso, é cada vez mais frequente verbalizar essa distinção; daí que se ouçam e leiam sequências como «todos y todas» (= «todos e todas»), apesar da posição da Real Academia Espanhola, que as reprova. Para contornar o uso do masculino, tido por sexista, muitos falantes da língua de Cervantes servem-se ainda de um artifício gráfico, substituindo as letras o e a por @ ou x ou *, escrevendo "tod@s" ou "todxs" ou "tod*s", com o significado de «todos e todas». No português, existe prática paralela com os sinais @ e x (ou outros),  que a norma-padrão não legitima.

3. Entre as notícias a respeito da língua portuguesa, selecionam-se as seguintes:

– No Brasil e não só, comentou-se com preocupação a retirada da literatura clássica portuguesa dos programas escolares, na sequência de um projeto (Base Nacional Curricular Comum) para uma nova terminologia linguística e para a definição de metas curriculares por parte do ministério da Educação brasileiro. Em Portugal, a Sociedade Portuguesa de Autores manifestou publicamente o seu desagrado, considerando que a decisão ministerial «pode enfraquecer o espaço e a força da lusofonia eliminando a relação de grande apreço e afecto de muitas gerações de leitores com a literatura portuguesa no Brasil».

– Na capital de Timor-Leste, Díli, foi lançado em 18/02 p. p. um dicionário timorense de português-tétum, trabalho elaborado por uma equipa de 12 pessoas do Departamento de Português da Universidade Nacional de Timor Lorosae.

4. No programa de rádio Língua de Todos de sexta-feira, 26 de fevereiro (às 13h15* na RDP África; repete no sábado, 27 de fevereiro, depois do noticiário das 9h00*), Angelina Costa, coordenadora adjunta do Ensino do Português no Estrangeiro (EPE), colocada na Namíbia, fala sobre o aumento notável do número de alunos de português, que cresceu de 280 para 1800, na sequência da assinatura, em 2011, de um memorando de entendimento com o governo português, e também resultado da necessidade de os médicos namibianos saberem atender os numerosos pacientes angolanos que atravessam a fronteira em busca de cuidados de saúde. No Páginas de Português de domingo, 28 de fevereiro (pelas 11h30*, na Antena 2), apresenta-se Novas Cartas Portuguesas 40 Anos depois, um projeto coordenado pela professora e poetisa Ana Luísa Amaral, com o qual se pretende perceber o impacto do polémico livro que a censura do regime marcelista proibiu: houve processo criminal, houve repercussão internacional; a situação portuguesa e o discurso no feminino assumiam novos contornos no país.

* Hora oficial de Portugal continental.

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1. Uma língua é uma visão do mundo: mencionam-se com frequência as palavras saudade e jeito ou o contraste entre ser e estar, como marcas culturais do mundo de língua portuguesa. Vem, assim, a propósito a polémica gerada em Portugal por uma crónica publicada no jornal Público (12/02/2016), na qual o autor, o escritor Miguel Esteves Cardoso (MEC), critica acerbamente o uso recente de «os Portugueses e as Portuguesas»* (em lugar do plural «os Portugueses»). Para MEC, a referida inovação «não é apenas um erro e um pleonasmo: é uma estupidez [...]», porque «quando alguém fala em "portugueses e portuguesas" está a falar duas vezes das mulheres portuguesas». Ao que a professora e política Edite Estrela contrapõe o ideal de língua inclusiva, em comentário: «A língua portuguesa promove a igualdade? Umas vezes sim, outras vezes não, porque a língua reflete os valores, usos e costumes da sociedade. Promove a desigualdade se usarmos uma linguagem que consagra a ideia do masculino como universal [...].» Perante tudo isto, recorde-se que as gramáticas descrevem o masculino plural como forma referente não só ao género masculino mas também ao género feminino; por exemplo, o predicativo do sujeito toma a forma de masculino plural quando os sujeitos da frase são realizados por substantivos de géneros diferentes: «o livro e a caneta são novos» (Celso Cunha e Lindley Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, 1984, pág. 276). Poderá a reivindicação da igualdade de género alterar alguma vez a gramática?**

* Há quem use também «as Portuguesas e os Portugueses», pondo o feminino primeiro, de forma a contestar a primazia do género masculino.

** Sobre esta mesma controvérsia, vide, ainda: Pai e Mãe que estais no céu, de Luís  Aguiar-Conraria.

2. No consultório, falamos da subclasse de palavras de zero, da aceitabilidade da expressão «morrer morte natural» e do angolanismo chota. Na rubrica Acordo Ortográfico, disponibiliza-se um artigo que, sobre o debate ortográfico, a linguista Maria Helena Mira Mateus, professora catedrática jubilada da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, escreveu no jornal português Público (17/02/2016). Por último, no Pelourinho, um apontamento de Paulo J. S. Barata sobre uma nova confusão: a grafia "acessor", em vez da forma correta assessor.

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1. No consultório, retoma-se o tópico da flexão de certos adjetivos, a propósito do adjetivo marrom, que tem plural (marrons), mas mantém estas formas tanto no masculino como  no feminino. Outra questão liga a etimologia à morfologia e à ortografia: porque se diz e escreve asteroide, com e no meio, se este substantivo parece ter relação com astro? Na Montra de livros, apresenta-se Português Revisitado – Dúvidas e Erros Frequentes, um guia de usos do português, da autoria da professora Isabel Casanova.

2. Assinale-se o artigo que Maria Helena Mira Mateus, professora catedrática jubilada da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, escreveu para o jornal Público (17/02/2016), comentando declarações do político e historiador português Pacheco Pereira (P. P.), o qual considera que o Acordo Ortográfico de 1990 provoca um "abastardamento da língua". Observa Maria Helena Mira Mateus: «[...] “abastardamento” da língua”? O que significa esta expressão? O dicionário informa-nos [de] que o “abastardamento” trata de “degeneração ou perda da genuinidade”. Considera então P. P. que a variação da língua no decorrer dos séculos, ou melhor, a sua evolução é uma degeneração? Em relação a quê? Ao latim vulgar, ao português do século XV ou do século XVIII? Ora ninguém de boa-fé poderia afirmar que deveríamos voltar à forma de falar de há 500 anos, ou mesmo ao século XIX e à época da polémica entre Leite de VasconcellosCândido de Figueiredo precisamente sobre ortografia

3. O programa de rádio Língua de Todos de sexta-feira, 19 de fevereiro (às 13h15* na RDP África; repete no sábado, 20 de fevereiro, depois do noticiário das 9h00*) foca o português de Moçambique e os seus usos sintáticos. No Páginas de Português de domingo, 21 de fevereiro (pelas 11h30*, na Antena 2), fala-se do aumento notável do número de alunos de português na Namíbia, o qual cresceu de 280 para 1800.

* Hora oficial de Portugal continental.

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1. Porque será que numas vezes se usa x, e noutras, ch, para representar o mesmo som? Existe alguma regra? Pode dizer-se que, no meio de palavra, se escreve geralmente x depois de ditongo, como acontece com baixo e seixo; contudo, a distribuição dos dois grafemas – o ch de cheque e o x de xeque – só por razões etimológicas se entende cabalmente, relacionadas com um contraste fonológico que a norma-padrão perdeu, mas que parte dos dialetos setentrionais de Portugal ainda mantém. A propósito das muitas dúvidas que a escrita de x e ch ocasiona, o Pelourinho divulga um apontamento de Paulo J. S. Barata sobre a confusão de coxo com cocho nas legendas de um programa de um dos canais da televisão portuguesa.

2. Outras dúvidas em foco nesta atualização, mais precisamente no consultório: que significa a palavra espirado num texto do historiador e escritor quinhentista João de Barros (1496-1570)? Estará errado pronunciar a palavra fêmea com e aberto? O substantivo sorriso tem complemento na expressão «o sorriso da Maria»?

3. O programa de rádio Língua de Todos de sexta-feira, 19 de fevereiro (às 13h15* na RDP África; repete no sábado, 20 de fevereiro, depois do noticiário das 9h00*) é dedicado ao português de Moçambique e a certos usos sintáticos que lhe são característicos, como o uso de nascer como verbo transitivo. O Páginas de Português de domingo, 21 de fevereiro (pelas 11h30*, na Antena 2), entrevista Angelina Costa, coordenadora adjunta do Ensino do Português no Estrangeiro, a respeito do aumento do número de alunos de português na Namíbia, o qual cresceu de 280 para 1800.

* Hora oficial de Portugal continental.

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1. A presente atualização traz para o consultório três novas perguntas com um tema comum: a identificação de figuras de estilo no discurso poético em português. Fala-se, assim, de hipálage acerca de um poema de Ricardo Reis, um dos heterónimos de Fernando Pessoa (1988-1935); comenta-se uma enumeração que ocorre em versos de outro heterónimo pessoano, Álvaro de Campos; e, finalmente, recua-se até ao século XVI, ao encontro da anástrofe, da perífrase e da metáfora em versos da obra épica de Luís de Camões (1524?-1580).

2. Qual a origem de muitos apelidos terminados em -es, como Fernandes, Nunes ou Rodrigues? Trata-se de antigos patronímicos, isto é, nomes que, na Idade Média, derivavam do nome paterno; por exemplo, o primeiro rei de Portugal, Afonso Henriques, era (e é) assim chamado porque, além de Afonso, era «filho de Henrique» – o conde D. Henrique (1057?-1112). No Pelourinho, o jornalista português João Querido Manha tece algumas considerações sobre a estranha situação de que é vítima o jogador de futebol Renato Sanches, cujo apelido – um antigo patronímico – anda a ser pronunciado erradamente à espanhola (Sánchez).

3. De entre várias iniciativas que contribuem com a investigação e a reflexão sobre a história da língua portuguesa, salientem-se:

– a palestra do professor universitário e crítico literário galego Isaac Lourido, com o título Das Irmandades da Fala ao Ano Castelao: cem anos de cultura galega moderna, a qual se realiza em 16 de fevereiro p. f., pelas 16h00, na sala polivalente da Universidade Sénior de Almada (trata-se de um evento promovido por esta instituição com a colaboração do Ciberdúvidas; mais informação aqui e nas Notícias);

– o curso Onomástica e Línguas Pré-latinas no Ocidente da Península Ibérica, que o professor galego Carlos Búa Carballo (Universidade de Leipzig) lecionará de 15 a 19 de fevereiro p. f. na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa;

– a conferência internacional O espaço das línguas. A língua portuguesa no mundo do início da Idade Moderna (séculos XV a XVII), que  decorrerá entre 17 e 19 de fevereiro p. f., na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (mais informação).

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1. Perante uma série de formas linguísticas equivalentes e igualmente aceitáveis, será possível identificar uma melhor que as outras? Serão a norma e a padronização inimigas da variação? Ou o problema, sem residir propriamente nas variantes, tem antes que ver com a sua proliferação? E a quem caberá a decisão de as limitar? É esta a discussão que subjaz a três novas perguntas em linha no consultório: diz-se sem erro nem hesitação «centésimos de segundo», mas tem sentido empregar «centésimas de segundo»? Para designar um instrumento típico do Mali e da Guiné, ocorrem djambé, djembé e djembê: utilizamos todas, algumas ou nenhuma? E porque não jembê, forma mais de acordo com a fonia e a grafia do português? E, no domínio da linguagem científica, deve escrever-se permease, como parece ser o uso generalizado entre os especialistas, ou perméase, que certos dicionários registam como vocábulo mais correto?

2. Das miríades de tópicos que, à volta da língua portuguesa, se discutem na Internet, relevamos dois que nos chamaram a atenção:

– Um tem que ver com a renovação do léxico e prende-se com o neologismo sexalescente, o qual replica a formação do inglês sexalescent, «indivíduo na casa dos 60 anos que se recusa a envelhecer». O termo inglês é resultado de um processo de amálgama, ou seja, provém da associação de sequências truncadas das palavras sexagenary (= sexagenário) e adolescent (= adolescente). Como as palavras inglesas visadas têm origem latina, facilmente se transpõe a sua fusão para o português e obtém-se sexalescente. Esta palavra poderá incomodar os mais puristas, mas, dada a sua associação ao tratamento mediático mais ligeiro de temas muitas vezes efémeros, ligados à moda e ao estilo de vida moderno, não tem de estar sujeita ao rigor filológico.

– O outro tópico relaciona-se com a história linguística do território hoje ocupado por Portugal. Que línguas se falavam antes da chegada dos Romanos ou mesmo antes dos Lusitanos? O tema dá asas a conjeturas por enquanto inverificáveis, como sejam, por exemplo, a existência de uma língua semítica ancestral [ver A Origem da Língua Portuguesa (2013), de Fernando Rodrigues de Almeida] ou a fantástica escrita de Alvão, que ocultaria palavras de tempos muito recuados. Palpável é o que chegou até nós: as estelas que apresentam a escrita do Sudoeste, usada provavelmente entre os séculos VII e V a. C., no sul do Alentejo e no Algarve, para representar uma língua ainda desconhecida*, apesar das muitas propostas de filiação linguística; e as inscrições da chamada «língua lusitana», datáveis num período posterior ao da conquista romana no século I a. C. e dispersas numa área que vai do Alto Alentejo à Beira Alta.

* Estes documentos epigráficos encontram-se sobretudo reunidos no Museu da Escrita do Sudoeste, em Almodôvar (distrito de Beja).

3. O programa de rádio Língua de Todos de sexta-feira, 12 de fevereiro (às 13h15* na RDP África; repete no sábado, 13 de fevereiro, depois do noticiário das 9h00*), entrevista João Laurentino Neves, presidente do Instituto Português do Oriente, acerca de uma iniciativa apoiada por esta entidade, o curso de verão O Ser e Saber da Língua Portuguesa 2016, que é organizado pelo Gabinete de Apoio ao Ensino Superior de Macau. O Páginas de Português de domingo, 14 de fevereiro (pelas 11h30*, na Antena 2), entrevista Rute Costa sobre um projeto por ela coordenado, a Base de Dados Terminológica e Textual (BDTT), a qual resulta da colaboração multidisciplinar entre o núcleo de tradução do Gabinete de Relações Internacionais e Protocolo da Assembleia da República e o Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa.

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1. Depois da brevíssima interrupção do Carnaval, o Ciberdúvidas regressa neste dia às atualizações e, para começar, retoma o (eterno) debate da ortografia do português. No Pelourinho, a desleixada aplicação das novas regras ortográficas num jornal português que passou a segui-las motiva um comentário de José Mário Costa, sobre esses e outros erros – que não só ortográficos – nos media nacionais. Na área das Controvérsias da rubrica Acordo Ortográfico, fica em linha uma divertida Chronica de Carnaval, transcrita, com a devida vénia, do Facebook do escritor e professor universitário português Frederico Lourenço, a propósito também da querela ortográfica que tantas paixões ateia em Portugal. E, ainda a respeito da aplicação do Acordo Ortográfico de 1990, registem-se dois artigos saídos no jornal português Público, em 9/02/2016: a favor, "O Brasil e o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa", do embaixador do Brasil em Portugal, Mário Vilalva, esclarecendo, uma vez mais, que ele se encontra oficialmente em vigor no seu país, desde 2009 e em pleno desde o início deste ano; rotundamente contra, "O 'Acordo Ortográfico' de 1990 não está em vigor", do embaixador Carlos Fernandes, que o considera inconstitucional.

2. Em O nosso idioma, um artigo do professor Guilherme de Almeida aborda um outro tema, centrado na construção e fixação de terminologias: deve dizer-se apenas «grau Celsius», ou também se aceita «grau centígrado»? O consultório está também de volta com cinco novas perguntas: o que é uma «narrativa por encaixe»? A palavra reequilibrante estará bem formada? E o neologismo "namorido"? Que interpretação se pode dar à expressão «aristocrático pessimismo»? Poderá alguma vez usar-se vírgula antes de que consecutivo?

3. De França, chegam notícias sobre os protestos contra as alterações ortográficas que a Academia Francesa aprovou em 1990 e que agora estão a ser aplicadas a muitas palavras do francês. A comunicação social daquele país dedicou ampla atenção às novas grafias, mas, como já aconteceu na Alemanha e, em certa medida, em Espanha, sem esquecer a enorme controvérsia gerada em Portugal, também muitos franceses têm reagido mal às mudanças na escrita. Um debate com ecos também em português. Por exemplo, nestes registos: "Eu sou circunflexo: Franceses protestam contra mudanças na língua", TSF, 5/02/2016; "Reforma ortográfica criada há 26 anos gera polêmica na França", NZ Notícias, 5/02/2016.

4. O programa de rádio Língua de Todos de sexta-feira, 12 de fevereiro (às 13h15* na RDP África; repete no sábado, 13 de fevereiro, depois do noticiário das 9h00*), entrevista João Laurentino Neves, presidente do Instituto Português do Oriente, acerca de uma iniciativa apoiada por esta entidade, o curso de verão O Ser e Saber da Língua Portuguesa 2016, que é organizado pelo Gabinete de Apoio ao Ensino Superior de Macau. O Páginas de Português de domingo, 14 de fevereiro (pelas 11h30*, na Antena 2), entrevista Rute Costa sobre um projeto por ela coordenado, a Base de Dados Terminológica e Textual (BDTT), a qual resulta da colaboração multidisciplinar entre o núcleo de tradução do Gabinete de Relações Internacionais e Protocolo da Assembleia da República e o Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa.

* Hora oficial de Portugal continental.

5. Na perspetiva da aprendizagem ao longo da vida, várias são atualmente em Portugal as entidades que organizam cursos, seminários e encontros destinados a quantos desejam continuar a exercitar, a desenvolver ou a enriquecer as competências adquiridas ao longo de cada percurso educativo (formal ou não formal) e profissional. É neste contexto, e no intuito de promover o debate de temas da língua portuguesa, na sua vertente histórica e cultural, que o Ciberdúvidas da Língua Portuguesa colabora numa iniciativa levada a cabo pela Universidade Sénior de Almada (USALMA), no âmbito das atividades da sua área de Línguas e Literaturas: trata-se da palestra intitulada Das Irmandades da Fala ao Ano Castelao: cem anos de cultura galega moderna, que o investigador e crítico literário galego Isaac Lourido (Prémio Carvalho Calero de Ensaio em 2014), leitor do Centro de Estudos Galegos – Universidade Nova de Lisboa, profere no dia 16 de fevereiro, às 16h00, na sede da USALMA, na Rua da Cerca, 21, em Almada. A entrada é livre (mais informação aqui).

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. É Carnaval, ou, como ainda se diz, com certo sabor ancestral, é o tempo do Entrudo, um introito festivo e enganador para a aproximação austera da Quaresma (na imagem, máscara do Carnaval de Lazarim; fonte: Wikipédia). Para retemperar forças, o consultório fecha alguns dias (poucos), mas já com regresso marcado para quarta-feira, dia 10 de fevereiro. Sobre esta nossa “Língua (também) de Carnaval”, deixamos o convite a quantos nos consultam por esse mundo fora: uma (re)visitação a algumas das muitas respostas e outros textos em arquivo alusivos ao tema. Por exemplo, estes: A palavra confete + Do Carnaval ao futebol + Natal, Carnaval, Páscoa: palavras variáveis"Enfezar o carnaval": etimologia + «O Carnaval e o futebol são o ópio do povo» + "Enfezar o carnaval: etimologia, mais uma vez" + Entrudo, novamente + Portugal, Alentejo, no Carnaval + Partidas de Carnaval.

2. Apesar da folia, o consultório ainda consegue receber três novas perguntas. A quem cante e faça exercícios vocais, interessará saber que pode empregar quer vocalise quer vocalizo. E, a quem se intrigue com os nomes de lugar, importará perceber a razão por que se deve preferir Ceide a "Seide" – a propósito da localidade de S. Miguel de Ceide ou "Seide" (no concelho de Vila Nova de Famalicão), para sempre associada ao nome de Camilo Castelo Branco (1825-1890) –, ou até iniciar-se nos mistérios da etimologia do topónimo Monte Avó (Matosinhos).

3. O programa de rádio Língua de Todos de sexta-feira, 5 de fevereiro (às 13h15* na RDP África; tem repetição no sábado, 6 de fevereiro, depois do noticiário das 9h00*), em conversa com o professor Paulo Serra, leitor do Instituto Camões no Botsuana, discute o muito que há por fazer pela língua portuguesa em África, tanto nos países que integram a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa como fora desta organização. O Páginas de Português de domingo, 7 de fevereiro (pelas 17h00*, na Antena 2), entrevista João Laurentino Neves, presidente do Instituto Português do Oriente, acerca de uma iniciativa apoiada por esta entidade, o curso de verão O Ser e Saber da Língua Portuguesa 2016, que é organizado pelo Gabinete de Apoio ao Ensino Superior de Macau. 

* Hora oficial de Portugal continental.