«(...) o FC Porto soma até agora 13 derrotas, situando a época 2015 entre as mais piores da história do clube.»
[jornal “Público”, 12/04/2016]
O mau emprego do comparativo de superioridade do adjetivo mau1 ou do advérbio mal é dos deslizes mais recorrentes na imprensa portuguesa, anos e anos a fio... sem emenda [cf. Textos Relacionados, ao lado]. Mas, por este, de facto, ainda não se tinha dado por ele. Saído, ainda por cima, num jornal que faz do Acordo Ortográfico o pior que aconteceu à língua portuguesa, convenhamos que é mesmo... péssimo!...
1 O deslize mais frequente tem que ver com o emprego adverbial de pior em vez de mais mal (por exemplo, «os jogadores pior preparados, em lugar de «os jogadores mais mal preparados») – assim como em relação às formas do comparativo de superioridade do advérbio bem – melhor e mais bem («os jogadores melhor preparados», em vez de «os jogadores mais bem preparados»). Recordando anteriores esclarecimentos: pior ou melhor são comparativos, respetivamente, de mau/mal ou bom/bem («este jogo foi pior/melhor que o anterior»; «hoje jogaram pior/melhor»); como adjetivos, pior e melhor ocorrem também no superlativo relativo de superioridade: «a pior/melhor derrota de todas». Pelo contrário, usam-se a formas analíticas adverbiais mais mal ou mais bem junto de particípios passados usados adjetivalmente: «os jogadores mais mal/bem preparados». Nada, pois, que ver com aquele advérbio mais associado ao adjetivo pior, a querer expressar incorretamente o grau superlativo relativo de superioridade («as mais piores»): é que pior marca, já, por si, os graus comparativo e superlativo relativo de mau, sem necessidade de mais.