1. Precisaremos nós em Portugal de usar e inventar constantemente nomes ingleses para intitular programas e denominar espaços? Não será tudo isto caricato fora do contexto cultural anglo-saxónico? A rubrica O nosso idioma divulga um texto de Nuno Pacheco saído na edição deste dia do jornal Público, a propósito do abuso de anglicismos na vida mediática e institucional, como parece acontecer com o News Museum, que, em vernáculo, vem a ser o Museu das Notícias, localizado na portuguesíssima Sintra.1
1 Sobre o uso e abuso dos estrangeirismos em geral, entre outros apontamentos, lembramos estes textos disponíveiis no arquivo do Ciberdúvidas: Sobre os estrangeirismos; Estrangeirismos q.b.; Anglicismos desenfreados; E o humor foi também em inglês?; Talentos e talentaços; Por uma campanha de alfabetização de economistas, gestores e deputados; O anómalo "jihadista"; Porquê Panama Papers... em Portugal?; O aportuguesamento de vocábulos estrangeiros; O uso de anglicismos e o seus aportuguesamento nas ciências computacionais; Campeão português. Logo, em inglês; Falar português...
2. «A bombeiro», ou «a bombeira»? «Portugueses», ou «portuguesas e portugueses»? «Cartão de cidadão», «cartão da cidadania», ou (já agora) «cartão da cidadã e do cidadão»? Até que ponto há sexismo na marcação do género em português? No Correio, comenta-se a proposta de um consulente, que propõe encarar o masculino como um neutro, evitando assim querelas à volta da referência a um mundo onde as mulheres têm voz e ação, muitas vezes em maioria.2
2 Vide, ainda, entre outros textos: Dobrar a língua; Elas são eles e elas são eles?; O feminino de maestro; A juíza + a aprendiza; Primeira-ministra; Embaixadora e embaixatriz; Senadora e senatriz; O feminino de barão e de cônsul; Infanta, um caso particular de feminino; Sobre o uso da forma presidenta no Brasil e em Portugal; O feminino de músico; O feminino de general; Soldado ou soldada?; A tropa no feminino.
3. O consultório traz uma curiosidade: o que terá motivado chamar «sopas de cavalo cansado» às tradicionais (e controversas) sopas de vinho com açúcar? Após um tópico de efeitos inebriantes, pergunta-se nem de propósito: como se forma a palavra anestesia?
4. Ainda sobre a relação entre língua, cultura e sociedade, refira-se outro artigo do jornal Público, que assinala um estudo sobre a correlação entre o significado das palavras e a atividade cerebral de um conjunto de falantes de inglês. Os investigadores concluíram que são ativadas diferentes áreas cerebrais, tanto no hemisfério esquerdo como no direito, mas são culturalmente dependentes os mapas funcionais que tornam observáveis as associações semânticas: por exemplo, a palavra inglesa mug poderá não estimular as mesmas áreas que o seu equivalente habitual em português, caneca.
5. Temas da presente semana dos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa:
– no Língua de Todos de sexta-feira, 29 de abril (às 13h153, na RDP África; com repetição no sábado, 30 de abril, depois do noticiário das 9h003), Sandra Duarte Tavares, colaboradora do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, esclarece várias dúvidas;
– no Páginas de Português de domingo, 1 de maio (Antena 2, às 12h303, com repetição no sábado seguinte às 15h303), conversa com o diretor-geral da Educação, José Vítor Pedroso, sobre o Projeto de Cursos de Português Língua não Materna a Distância da Ciberescola, o qual assenta num processo de cooperação institucional e educativa entre o Ministério da Educação e Ciência de Portugal, através da Direção-Geral da Educação, a Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa/Ciberescola da Língua Portuguesa e os agrupamentos de escolas participantes (mais informação na Abertura de 27/04/2016).
3 Hora oficial de Portugal continental.