Na perífrase ir + infinitivo, aceita-se o auxiliar no futuro («irá apresentar»), sem que a respeito desse uso haja tradição de censura normativa.
Em frases simples, a construção com o auxiliar no futuro pode ter o mesmo significado que tem quando ir ocorre no presente; mas o futuro pode marcar também a redução do grau de certeza acerca da eventualidade do estado de coisas descrito, conforme certos usos do futuro com verbos simples – cf. Gramática do Português (Fundação Calouste Gulbenkian, 2013, p. 526). Em orações subordinadas, é também possível o futuro, como se observa na Gramática do Português (p. 1263):
«Quando ocorre na oração subordinada de uma frase complexa, a perífrase exprime futuridade relativamente ao tempo da oração principal, tomado como ponto de referência.
(63) a. A Ana diz que vai ficar em casa.
b. Porque pensas que a Sofia Loren irá deixar o cinema. [...]
[...] em orações subordinadas, o verbo ir ocorre no presente ou no futuro quando o tempo de referência da oração principal é o presente [...].»
O que transcrevo corresponde a uma descrição de usos linguísticos, e não a um juízo prescritivo. De qualquer modo, nas fontes a que tenho acesso, não acho doutrina normativa que condene os usos acima apresentados. Sendo assim, face à eventual objeção de o auxiliar no futuro gerar redundância, considero que, pelo contrário, é legítimo empregar o auxiliar nesse tempo verbal, reforçando na frase simples ou subordinada um matiz marcadamente modal, que «[veicula] incerteza ou não comprometimento do falante relativamente ao valor de verdade da frase [...]» (Gramática do Português, p. 526).