A Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra define: «A vírgula marca uma pausa de curta duração. Emprega-se não só para separar elementos de uma oração, mas também orações e um período.»
Normalmente antes da conjunção e a vírgula não se utiliza, pois, sendo uma conjunção coordenativa aditiva, serve para ligar dois termos ou duas orações de idêntica função.
Exemplo: «Leonor voltou-se e desfaleceu». (Graciliano Ramos, Infância).
No entanto, separam-se geralmente por vírgula as orações coordenadas unidas pela conjunção e, quando têm sujeito diferente: «A mulher morreu, e cada um dos filhos procurou o seu destino.» (Fernando Namora, O Trigo e o Joio).
Deste modo, a regra aplica-se à frase que referiu «Tua tristeza é tão exata, /E hoje o dia é tão bonito...»
Uma vez que a frase corresponde a dois versos do poema-canção «Há tempos», do grupo Legião Urbana, a ausência de pontuação é perfeitamente admitida, obedecendo ao imperativo da liberdade da quebra de padrões na poesia.
N.E. – Sobre as regras do uso da vírgula, além dos vários textos Textos Relacionados (ao lado), veja ainda o documento disponível no portal da Porto Editora "Semear vírgulas. A sintaxe o uso da vírgula", da autoria da professora Fernanda Costa.