Quando os núcleos do sujeito são equivalentes e estão no singular, o verbo deve ir para o plural, obedecendo à regra geral.
Exemplo :«Tu por um lado e eu por outro o acautelaremos das horas más» (Aquilino Ribeiro, Volfrâmio *)
No entanto, existe a concordância com o sujeito mais próximo, em várias situações:
1. Quando os sujeitos vêm depois do verbo:
Ex: « Que te seja propício o astro e a flor,
que a teus pés se incline a Terra e o Mar. » (Florbela Espanca, Sonetos)
2. Quando os sujeitos são sinónimos ou quase:
Ex : «A conciliação, a harmonia entre uns e outros é possível.» (Augusto Abelaira, O Nariz de Cleópatra)
« Todo o seu comentário, toda a sua exegese e todo o seu exame artístico vinha insuflado dessa virtude elucidativa em que a sua contribuição pessoal se fazia sentir, ainda que no campo da hipótese ou da conjetura.» (Joaquim Ribeiro, in João Ribeiro, Cartas devolvidas², III)
3. Quando há uma enumeração gradativa
Ex: « A mesma coisa, o mesmo ato, a mesma palavra provocava ora risadas, ora castigos.» (Monteiro Lobato, Negrinha)
4. Quando os sujeitos são interpretados como se constituíssem em conjunto uma qualidade, uma atitude:
Ex: «A grandeza e a significação das coisas resulta do grau de transcendência que encerram.» (Miguel Torga, Traço de União).
Na frase apresentada pela consulente, poderá o verbo ficar no singular, é um exemplo do ponto 2 dos casos registados. Há como uma atração pela proximidade com o segundo elemento do sujeito e por se distanciar muito do primeiro elemento.
* in Nova Gramática do Português Contemporâneo, Celso Cunha e Lindley Cintra