O sentido mais antigo da palavra ócio (com origem, na língua portuguesa, do latim otiu-, repouso) vem desde a Antiguidade Clássica (Epicuro, Séneca), podendo definir-se nos nossos tempos como: ausência de trabalho necessário, para, assim, se poder apreciar os prazeres da vida, uma atividade lúdica; ou para se meditar; ou, ainda, ter afazeres que deem satisfação, como: o ócio criativo na música, na literatura, no desporto, etc. Claro que para quem considera o trabalho útil como o valor fundamental na sociedade, o ócio só pode ser um desfrute de privilegiados e um escândalo para quem passa necessidades. Mas então caímos na ideologia.
A palavra ociar não está mal formada: antepositivo oci-, tempo de repouso mais terminação –ar dos verbos da primeira conjugação. No entanto, não está registada nem em Rebelo Gonçalves (R.G.), nem na Academia Brasileira de Letras. Talvez porque ocioso e ociosidade adquiriram um sentido pejorativo, relacionado com preguiça, falta de empenho, moleza. Assim, ociar pode presentemente deixar esse sentimento, o que contrasta com o sentido elevado de ócio, como valor de vivência, acima indicado.
O Vocábulo paleologismo também não está mal formado: paleologia, estudo de antiguidades mais -ismo, sistema, tendência. Igualmente não está registado nem em R.G., nem na ABL; e, logo, é um neologismo.
Parecer pessoal:
Não recomendo “ociar” pelas razões indicadas.
Não tive possibilidade de confirmar a existência, no passado, de “ociar” na língua; mas, fazendo fé na sua pesquisa, não usaria o vocábulo paleologismo, para o classificar, a não ser em textos eruditos. Preferiria dizer que ociar é uma palavra arcaica, como referiu.
Repare-se que neologismo e paleologismo têm sentidos opostos em relação a um certo período no tempo. Dizer-se que a palavra paleologismo é um neologismo é um paradoxo. Terá de se explicar que a referência se faz meramente à grafia e não ao sentido: falar sobre significante excluindo o significado ou no vocábulo e não na palavra.
N.E.– A citação que o consulente transcreve é do inglês, conforme ligação respectiva, não se encontrando dicionarizado na língua portuguesa.