É possível alterar a expressão tal como se apresenta na pergunta, se assim se fizer questão, mas trata-se de uma correção que, numa apropriação do dizer do consulente, no fim de contas... se dispensa.
Com efeito, as expressões fixas não costumam exibir a congruência lógico-semântica ou sintática que se verifica na construção livre de sintagmas e de frases. Com efeito, as expressões fixas são assim chamadas por serem sintagmas que cristalizaram certos usos do passado e se usam muitas vezes como blocos pouco ou nada sujeitos a variações. Sendo assim, o uso que se fixou e generalizou tem a forma «ao fim e ao cabo» (cf. fim no dicionário da Academia de Ciências de Lisboa e «ao fim e ao cabo» em Novos Dicionários de Expressões Idiomáticas- Português de António Nogueira Santos), pelo se afigurará estranho empregar a alternativa proposta, por mais consistente ela seja, lógica ou semanticamente.
Não obstante, cabe assinalar que, sobre a locução em causa, existia em meados do século passado doutrina normativista que a censurava – cf. Vasco Botelho de Amaral, Grande Dicionário de Dificuldades e Subtilezas do Idioma Português e Rodrigo de Sá Nogueira, Dicionário de Erros e Problemas de Linguagem –, pelo facto de constituir um castelhanismo – al fin y al cabo (cf. fin no dicionário da Real Academia Española). Em alternativa, recomendava-se o emprego de «por fim», «ao cabo», finalmente (sobre a origem da expressão, consulte-se também esta resposta).