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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Conforme foi anunciado, o Ciberdúvidas deu início a um novo desafio colaborativo – "100% Português" – com o qual se pretende incentivar no público a procura de palavras portuguesas capazes de substituir os anglicismos que, em excesso, circulam atualmente em Portugal. A primeira palavra proposta era a de homebanking, que suscitou vários comentários de consulentes e seguidores, a quem se agradece a adesão e a ajuda. Algumas soluções foram apresentadas, salientando-se «banco virtual», «banco digital», «banco direto» e «banco de casa» (ou «em casa»); seguiam-se «banco conectado» e «banco ao domicílio». Fazendo um rápido comentário a estas formas, com base nas tendências de uso identificáveis, por exemplo, no Corpus do Português (CP), observa-se que «banco digital» ou «banco virtual» são designações, com significado próprio, principalmente como «banco e respetivos serviços que desenvolvem atividade em ambiente digital/virtual». Quanto a «banco de/em casa», «banco conectado» e «banco ao domicílio», o CP não fornece exemplos. Resta «banco direto», que ocorre apenas uma vez no CP, mas num caso significativo, o de designar a aplicação que permite aceder a uma conta bancária. Em Portugal, pelo menos, considerando que já existem serviços de atendimento em linha que têm associado o adjetivo direto («serviço Caixadireta», «Caixa Geral de Aposentações Direta»), a expressão «banco direto» pode ser um bom equivalente para evitar o anglicismo homebanking.

Fazendo o cotejo da referida lista com as expressões que, timidamente, ocorrem na promoção de produtos bancários, salienta-se «banco online», que um híbrido luso-inglês, que pode transpor-se como «banco em linha», (quase) completamente em português – ainda que «em linha» seja o decalque do inglês online, o que, entre falantes mais exigentes, pode revelar-se óbice à adoção e difusão desta expressão. 

2. Continuando com o tema do excesso de estrangeirismos anglo-saxões, o Pelourinho transcreve, com a devida vénia, um apontamento da autoria de Rui Henriques  (Facebook, 30/09/2025), acerca da anglofonia que afeta, em Portugal, denominações de atividades e espaços nas áreas do desporto, da política e da vida académica.   

3. Na Montra de Livros, apresenta-se Português como Língua Estrangeira/Segunda Língua. Diálogos sobre Políticas Linguísticas nos PALOP, uma publicação da Letraria Editora, organizada por Janaína Vianna da ConceiçãoAna Cecília Cossi Bizon e Cláudia Hilsdorf Rocha, que reúnem entrevistas com investigadores e professores dos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP), abordando questões de política linguística, educação e identidade. 

4. Ainda na rubrica Montra de Livros, dá-se destaque a A Pronúncia do Português Passo a Passo, um manual de Joseph Ghanime López e Valentim Fagim, dois professores de Português, que com esta publicação visam sensibilizar e capacitar os estudantes galegos para as subtilezas e a variação da fonética do português contemporâneo, sobretudo na modalidade "lusitana". Recorde-se que na Galiza se fala, além do espanhol, a língua galega, que partilha com o português a mesma raiz e o extraordinário legado medieval da poesia galego-portuguesa. A afinidade ainda é detetável quando se comparam o português e o galego, como testemunha o Dicionário Estraviz, um dicionário de português na perspetiva galega, da autoria de Isaac Estraviz. Em 2025, este lexicógrafo completou 90 anos, aniversário que se assinala em Diversidades com um texto do poeta e editor Miguel Anxo Fernán Vello.

5. Sabe-se que em espanhol perro é o mesmo que cão (em galego é can) ou, no Brasil, geralmente, cachorro. Perro é ou foi alguma vez também uma palavra portuguesa? Esta é uma das seis dúvidas que atualizam o Consultório, nas quais se esclarecem outros tópicos: o uso do pronome o para retomar orações; as expressões «esta noite» e «taxas aduaneiras»; a palavra timorense coilão; e a sinonímia entre após e «depois de».

6. Na rubrica em vídeo "O Ciberdúvidas Vai às Escolas" (episódio 38), fala-se da sintaxe do verbo informar («informar de que» vs. «informar que», enquanto em "Ciberdúvidas Responde" (episódio 43) o tema tratado é o origem de lusíada, palavra que Camões tornou famosa por causa do título da sua obra maior, Os Lusíadas.

7. Cresce a preocupação com a tensão e a agressividade que, um pouco por toda a parte, incluindo Portugal, se instalam na comunicação privada e pública, chegando ao próprio discurso político e académico. A situação tem motivado comentários em artigos de opinião: 

– No Correio da Manhã (03/10/2025), o escritor José Jorge Letria, presidente da Sociedade Portuguesa de Autores, afirma: «A linguagem tornou-se um inquietante campo de treino para os blocos em confronto. A linguagem tornou-se um dissimulado campo de batalha, até em Portugal, em que todos chamam quase tudo a todos não se lembrando de que pela boca morre o peixe.»

– No Público (27/09/2025), o arqueólogo Luís Raposo demarca-se do uso da expressão «pessoa escravizada», defendendo que «a adjectivação escravizado não deve impedir a continuação do uso da categoria substantiva escravo».

8. Outros registos, desta vez, a propósito do português do Brasil e das relações culturais e linguísticas entre este país e Portugal:

– No Facebook, em publicação intitulada "O que você precisa conhecer!" (02/10/2025), o gramático Fernando Pestana recomenda a leitura de quatro obras sobre a língua portuguesa no Brasil, porque «[é]  preciso ressuscitar os mortos e não cair na cronolatria epistemológica, como se fosse mal tudo que é velho e bom tudo que é novo». Obras apresentadas: "Língua portuguesa e realidade brasileira", de Celso Cunha; "A língua do Brasil", de Gladstone Chaves de Melo; 3. "A unidade linguística do Brasil", de Sílvio Elia: e "Introdução ao estudo da língua portuguesa no Brasil", de Serafim da Silva Neto.

–  Voltando ao jornal Público (01/10/2025), o jornalista Nuno Pacheco assinala a exibição da peça Língua Brasileira, de Felipe Hirsch, no Teatro Nacional São João, de 2 a 5/10, bem como um filme, do mesmo autor Nossa Pátria Está onde Somos Amados, rodado em maio de 2022 no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo.

8. Quanto aos temas de dois dos programas que a rádio pública de Portugal dedica à língua portuguesa:

– Em Língua de Todos, difundido pela RDP África, na sexta-feira, 3/10/2025, às 13h20* (repetido no dia seguinte, c. 09h05*), entrevista a João Pedro Aido, presidente da Associação de Professores de Português (APP), sobre os resultados das provas ModA (Monitorização das Aprendizagens).

– Em Páginas de Português, transmitido pela Antena 2, no domingo, 5/10/2025, às 12h30* (repetido no sábado seguinte, 11/10/2025, às 15h30*), entrevista-se Domingos Fernandes, presidente do Conselho Nacional de Educação, sobre os resultados do relatório Education at a Glance 2025 [traduzível por "A Educação em Panorama"], da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), relativos a Portugal. Ainda no programa, um apontamento da professora Carla Marques.

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1. As Aprendizagens Essenciais, documento de referência curricular para o ensino em Portugal, passaram a incluir, na disciplina de História, ainda a título de experiência, a história dos portugueses ciganos, uma iniciativa que procura promover um conhecimento mais próximo e detalhado desta comunidade. Neste âmbito, recordamos que, em Portugal e Espanha, os ciganos falam um dialeto romani, pertencente à família indo-irariana, onde se integra um conjunto de dialetos falados pelo povo romani um pouco por toda a Europa. O romani é língua oficial apenas no Kosovo e é língua minoritária na Suécia, na Finlândia e na Roménia. Trata-se de uma língua maioritariamente ágrafa, uma vez que é transmitida oralmente nas famílias ciganas. No entanto, corre o risco de extinção, atendendo a que se verifica que as comunidades ciganas tendem a adotar a língua oficial do país onde residem, abandonando gradualmente o seu dialeto. A presença do romani no português parece ser bastante discreta, o que resultará do facto de tradicionalmente o povo cigano não falar o seu dialeto fora da comunidade. Não obstante, podemos documentar a entrada no português das palavras gajo e calão, ambas com raízes na língua cigana. A palavra calão, com o sentido de «linguajar rude, grosseiro» derivará de caló, nome dado pelos ciganos ao dialeto romani, falado na Península Ibérica. Gajo, por seu turno, é um nome formado por derivação não afixal a partir de gajão, termo depreciativo para referir uma «pessoa espertalhona». A palavra entrou por meio espanhol gachó, originário do termo cigano homónimo, usado para referir aquele que não é cigano. O dialeto romani, falado na Península Ibérica (romanó-caló), está, como se disse ameaçado, pelo que merecerá estudos que permitam o seu conhecimento e manutenção. Entre os trabalhos pretéritos, desenvolvidos neste sentido, destacamos a obra Os Ciganos em Portugal, de Adolfo Coelho. O idioma romanó-caló adota muitas das marcas das gramáticas portuguesa e espanhola, como o ilustram alguns exemplos: a formação do feminino é feita com sufixos (i, para o singular, e é, para o plural), como em calon, calhi, calhé («cigano, cigana, ciganas»); a negação forma-se com prefixos (na ou ne), como em abelar («possuir») – nabelar («carecer») ou baró («grande») – nebaró («pequeno»). Deixa-se ainda nota de algum léxico comum: chavi / chai («rapariga»), chavó / cheval («rapaz»), romni / romi («mulher») e rom / manus («homem»). 

Deixa-se registo de alguns textos relacionados com o tema: "Ciganos: parte da nossa história e do nosso futuro" ; "O plural de rom (= cigano)" , "Sobre o termo gajo", "Gajo".  

2. A forma de se percecionar a realidade ou a importância de determinados aspetos na nossa vivência podem motivar a criação e a cristalização de expressão que serão naturalmente distintas de língua para língua, ainda que tenham significados próximos. Mas, o contrário também se verifica, com a existência de expressões muito próximas que, em línguas distintas, descrevem o mesmo fenómeno. É esta a motivação para o artigo da responsabilidade da consultora Inês Gama, onde se cotejam termos do português e do inglês. 

3. Poderá uma oração subordinada substantiva funcionar simultaneamente como oração coordenada copulativa? Esta é uma das dúvidas cuja resposta integra a atualização do Consultório linguístico do Ciberdúvidas, onde será possível ainda consultar a abordagem às seguintes questões: «Enxertar, encetar e encertar são palavras da mesma família?», «Gostar poderá ser um verbo auxiliar?», «Qual a diferença entre verbos plenos e verbos auxiliares e, entre estes, quais os sensitivos e os causativos?», «O complemento indireto poderá ser introduzido pela preposição para?», «Na expressão «Sua Excelência o Líder do Grupo Parlamentar X» deveremos usar vírgula?», «Termos como direitaesquerdaliberalismosocialismocomunismoextrema-direitaextrema-esquerda devem ser grafados com maiúscula?» e «Qual a origem da palavra enxoval?». 

4. Quais são os verbos auxiliares em português e como poderemos identificá-los? Partindo desta questão, o consultor Fernando Pestana apresenta alguns critérios de identificação que poderão auxiliar na análise da língua e lista alguns verbos que tipicamente são considerados auxiliares por gramáticos de referência, neste apontamento disponível em Na 1.ª Pessoa

5. O louvor feito à atuação de um(a) fadista expressa-se, tipicamente, por meio da expressão «Ah, fadista!», a qual deixa, por vezes, dúvidas relativas à grafia da palavra inicial. No desafio semanal, a professora Carla Marques explica como se escreve esta interjeição (rubrica divulgada no programa da Antena 2, Páginas de Português, e no Facebook do Ciberdúvidas). 

6. Entre as notícias de relevo, destacamos:

– A participação dos consultores do Ciberdúvidas no seminário que assinalou o primeiro Centenário da Morte de Cândido de Figueiredo, com lugar em Tondela no passado dia 27 de setembro (notícia); 

– A participação de Luís Augusto Fischer e Roberto Acízelo numa mesa-redonda sobre literatura, no dia 2 de outubro, às 17h30, com transmissão ao vivo no canal youtube.com/abletrasabl;  

– A 35th Annual Conference of the European Second Language Association (EuroSLA 35), que terá lugar em Lisboa entre 24 e 27 de junho de 2026, e estando abertas as propostas de comunicação, que poderão ser submetidas aqui

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1. Na rubrica O Nosso Idioma, divulga-se com a devida vénia um artigo do jornalista e escritor Luís Pedro Nunes, que, em tom irónico e jeito humorístico, parte da utilização de OK, sigla do inglês hoje quase universal. O autor aborda depois as diferenças que se notam entre gerações na escrita de mensagens de telemóvel. Uma característica imediatamente ressalta: a abundância de ícones usados neste tipo de interação, associada ao elevado número de empréstimos ingleses que veiculam vivências desta esfera de comunicação. São exemplos dry texter, que Luís Pedro Nunes traduz de forma sugestiva por «escrevinhador seco»; boss («chefe, patrão»); scroll («deslizar informação num ecrã»); smiley («símbolo ou ícone de ideia ou emoção» ); e o termo emoji, empréstimo do japonês que o inglês pôs em circulação. Trata-se de uma área exposta à hegemonia do inglês, que tem o prestígio da moda mas produz estragos noutras línguas. O português também sofre com a pressão anglicista, e, portanto, o Ciberdúvidas passa a dedicar este primeiro ponto da Abertura das sextas-feiras a soluções lexical ou estruturalmente vernáculas capazes de minorar a situação. Vem, pois, a propósito a palavra bullyingum bom caso para começar, já que se disponibilizam respostas e comentários anteriores acerca do seu equivalente em português. Como já se propôs nesta resposta, há várias opções, todas à espera de uso estável, entre elas, assédio e acosso. O desafio está lançado: para menos inglês, mais palavras e expressões em português.

A sugestões apresentadas ficam depois registadas também em vídeo, na rubrica Ciberdúvidas Responde, disponível no Youtube e nas redes sociais. Crédito da imagem: Centro Europeu para as Língua Vivas (ver ponto 6 desta Abertura).

2. A expressão literária manifesta-se sempre de acordo com a língua-padrão? Em Literatura, a consultora Inês Gama reflete sobre a forma como a literatura portuguesa tem desafiado as regras, através da subversão gramatical, da valorização dos regionalismos e da afirmação das vozes femininas.

3. Em Portugal, o discurso mediático ativou a palavra aura em dois contextos distintos: no futebol, para falar do treinador de futebol José Mourinho, e na política, para referir a classe dos professores. Nas Controvérsias, a consultora Sara Mourato reflete sobre as conotações das expressões «ter aura» e «perder aura» nesses contextos.

4. A forma ilimitude é palavra legítima em português? É, e o dicionário já a regista, lê-se numa das sete respostas que atualizam o Consultório. Outros tópicos comentados: os valores concessivocondicional da preposição a quando introduz orações; o composto conta-poupança; a análise morfológica de disjuntivo, conjuntivo, adjunto e palavras conexas; a colocação do pronome átono numa locução verbal; alguns verbos que denotam ferimentos; e a grafia e a etimologia do topónimo Benlhevai (Bragança).

5. O estudo dos nomes de lugar (toponímia) é área igualmente explorada nas rubricas em vídeo do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Em Ciberdúvidas Responde (episódio 42), revela-se a origem do nome da cidade de Coimbra. O tema é outro em O Ciberdúvidas Vai às Escolas (episódio 37), e pergunta-se: o que há de errado na frase «meti o sumário no caderno»?

6. A data de 26 de setembro é marcada pela celebração do Dia Europeu das Línguas (DEL), que em 2025 completa 24 anos desde que foi instituído com o objetivo de promover a consciência do valor da diversidade linguística e cultural da Europa. A Direção-Geral da Educação (Ministério da Educação, Ciência e Inovação) assinala a efeméride, convidando os estabelecimentos escolares a festejá-la, bem como sugere a consulta do portal do Centro Europeu para as Línguas Vivas (Conselho da Europa), em cujas páginas se encontra informação sobre várias iniciativas e eventos em 43 línguas, incluindo o português.

7. Outros registos:

–  o romance Grande Sertão: Veredas, obra-prima de João Guimarães Rosa (1908-1967), foi traduzido para alemão por Berthold Zilly, que levou mais de 10 anos para levar a cabo este trabalho, tido como extremamente difícil dada a originalidade linguística do texto;

– termina no dia 3 de outubro p. f. o prazo para as inscrições na III Edição do Curso de Formação Especializada (CFE) do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, desta vez dedicado ao tema "Terminologia: Fundamentos, Métodos e Aplicações no Diálogo entre Disciplinas";

– mais um interessante e pertinente artigo do professor José Luís Landeira, incluído em 21/09/2025 no jornal Público, com o título "Brasil, Portugal e as gramáticas de língua portuguesa", do qual se citam as seguintes palavras, a respeito do debate sobre língua e gramática entre brasileiros e portugueses: «O descaso por esse nosso patrimônio comum [que é a língua] pode nascer de duas atitudes extremas: considerar que a norma gramatical nunca importa, independentemente do contexto, ou acreditar que apenas o português de Lisboa, mas apenas aquele que coincide com o que dita a gramática, é o correto. Ambos os caminhos empobrecem a realidade linguística e reforçam visões elitistas.»

7. Conteúdos de dois dos programas que a rádio pública de Portugal dedica à língua portuguesa:

– Em Língua de Todos (RDP África, sexta-feira, 26/09/2025, 13h20*; repetido no dia seguinte, c. 09h05*), a investigadora Sandra Duarte Tavares realça a importância do aperfeiçoamento das competência linguística entre os alunos e a professora Carla Marques comenta a locução «a par com» em frases como «Macau é, a par com Hong Kong, uma das regiões administrativas especiais da China»;

– em Páginas de Português (transmitido pela Antena 2, no domingo, 28/09/2025, às 12h30* (repetido no sábado seguinte, 22/02/2025, às 15h30*), convida-se João Pedro Aido, presidente da Associação de Professores de Português, para falar das provas ModA (Monitorização das Aprendizagens), realizadas este ano pela primeira vez em formato digital, no 4.º e 6.º anos do Ensino Básico, e inclui-se ainda um apontamento da professora Carla Marques sobre a escrita de uma expressão de agrado – «há fadista», «ah, fadista» ou «à fadista»?

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1. Numa época de regresso à escola em Portugal, muito se escreve sobre assuntos relacionados com a educação e sua implementação. É por isso pertinente rever critérios relacionados com a grafia de algumas palavras-chave nesta área. O primeiro deles está relacionado com a opção por maiúscula ou minúscula na designação das disciplinas do currículo. Relativamente a esta questão, o Acordo Ortográfico de 90 indica que se trata de uma situação opcional. Não obstante, a flutuação que este princípio induz traz, por vezes, dúvidas ou desencadeia usos incoerentes no interior de um mesmo texto ou entre textos produzidos por uma mesma pessoa/entidade. Por essa razão, sugere-se aqui a possibilidade de se adotar o uso de maiúsculas quando se refere a disciplina escolar, ficando a minúscula associada a usos em que as palavras referem outras realidades. Deste modo, será possível uma frase como «Encontrei uma página de matemática que dá apoio à disciplina de Matemática.» Esta mesma opção pelas maiúsculas poderá também estender-se à designação dos ciclos de ensino. Sugere-se, deste modo, a possibilidade de adotar a grafia com maiúsculas em expressões como 3.º Ciclo ou Ensino Secundário. Neste âmbito, recordamos, uma vez mais, que as abreviaturas de um número ordinal devem ser grafadas como 2.º ou 3.º, ou seja, com ponto a seguir ao número e com a terminação º ou ª em expoente. Note-se que o ponto é obrigatório porque indica que se trata de uma abreviatura. Por fim, refira-se o caso dos acrónimos e siglas, que são também recorrentes em contexto educacional. Recordamos que estes são grafados com letras maiúsculas e que não devem ter pontos entre cada letra. Refira-se que algumas siglas ou acrónimos, que são habitualmente nomes próprios, poderão passar a ter uso como nome comum, o que abre a possibilidade de passarem a ser usados com minúsculas (como aconteceu com o nome covid, inicialmente um acrónimo escrito com maiúsculas). Recordemos ainda que siglas e acrónimos podem surgir em contextos de pluralização, mas que não deverão levar um s. Por exemplo a grafia AEs (referente a Aprendizagens Essenciais) é incorreta*. Assim, siglas e acrónimos são nomes invariáveis, como se observa na frase «As AE estão a ser revistas.»  

* No entanto, no Brasil, as siglas exibem marca de plural, conforme indicação do Manual de Comunicação da Secretaria de Comunicação Social (Senado Federal): «Para formar o plural [das siglas], acrescente um s minúsculo: CPIs.»

2. Numa frase copulativa como «O João estava sozinho em casa», o constituinte «em casa» desempenha a função de modificador? Na atualização do Consultório reflete-se sobre esta questão de natureza sintática, à qual se junta a análise da sequência de pronomes clíticos em «Arrepia-se-me a pele». Ainda no âmbito da sintaxe, esclarece-se, por um lado, por que razão o verbo ladrar não surge em frases passivas e, por outro, a concordância desencadeada pelo uso do nome pessoa. Ainda outras cinco novas respostas às seguintes questões: «Qual a diferença entre os adjetivos agoniante e agonizante», «Qual o valor da preposição em «A ter o peito de aço»?» «Paquiderme pode ser usado no feminino?», «Como usar o artigo definido com nomes de marcas e de substâncias?», «Deve usar-se o ponto de interrogação numa interrogativa indireta?», «O numeral avos deve ser escrito com ou sem hífen?»

3. A Consultora Sara Mourato analisa a formação e significado do neologismo desdemitir, usado a propósito de uma situação política, na qual uma vereadora voltou atrás após se ter demitido do seu cargo, no apontamento divulgado na rubrica Na 1.ª Pessoa. 

4. Estará correto o uso da expressão «Desculpa lá»? A professora Carla Marques responde a esta questão na rubrica Desafio semanal, divulgada no Facebook e analisada na programa Páginas de Português, da Antena 2. 

5. No português de Angola, regista-se o uso do verbo despedir sem regência, em construções como «despedir a mãe» em vez de «despedir(-se) da mãe». O linguista e professor Tomás Calomba (Universidade de Luanda/IPGEST) analisa o fenómeno neste seu apontamento

6. Entre os nomes usados para referir o objeto usado para cobrir a cabeça, o professor João Nogueira da Costa analisa o caso de keffiyeh, do árabe, e de coifó, usado no português de Moçambique.

7. O primeiro centenário da morte de Cândido de Figueiredo é assinalada pelo Município de Tondela, no dia 27 de setembro, com a realização do Seminário Comemorativo do Primeiro Centenário da Morte de Cândido Figueiredo, organizado pela Nova Acrópole e pela editora Virtudes Outonais. Os consultores permanentes do Ciberdúvidas Carla Marques e Carlos Rocha estarão presentes neste encontro com uma comunicação intitulada «O prescritivismo de Cândido de Figueiredo e o Ciberdúvidas da Língua Portuguesa". 

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1. A presença do Atlântico na génese e difusão da língua portuguesa tem associada uma longa tradição de lendas que já vêm da Antiguidade. Faz parte dessas narrativas o mito da fabulosa ilha ou continente da Atlântida, que Platão recolheu ou inventou nos diálogos Timeu e Crítias (c. 360 a. C.), obras onde se encontram as primeiras atestações do nome, em grego, Atlantìs nḗsos, literalmente «ilha do Atlas»*. A denominação passou depois ao latim e, sob a forma Atlantide(m), foi adaptada ao português como Atlântida (cf. José Pedro Machado, Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa). O mito da Atlântida pode também ser visto como «uma ficção para [Platão] divulgar os seus ideais políticos camuflando-os de factos históricos, já que o sucesso deste paraíso se devia à sobriedade, a autossuficiência económica e obediência às leis», conforme escreve a professora universitária Dora Nunes Gago em crónica partilhada na rubrica Controvérsias. Num diagnóstico sombrio, defende esta autora que «no panorama da pós-modernidade, das desagregações, dos questionamentos, num tempo marcado pela desordem e pelas incertezas, o mito de Atlântida jaz submerso por uma modernidade e por uma sociedade líquidas, conceitos criados pelo sociólogo polaco Zygmunt Bauman», o que «revela como a política e as instituições sólidas da modernidade se derreteram em elos instáveis, precários». Um texto para refletir, portanto, e com toda a atualidade, por exemplo, quando se emprega a expressão «Nova Ordem Mundial».

* Atlântida é nome interpretado como «filha de Atlas», sendo Atlas, na mitologia grega, um titã que «sustentava as colunas do céu e detinha o oceano, por isso dito Atlântico» (Dicionário Houaiss). Atlas, que hoje é o nome de uma importante cadeia montanhosa que percorre o norte de África, de Marrocos à Tunísia, está, portanto, na derivação de Atlântico, além de ocorrer como nome comum bem conhecido: atlas, «livro constituído por uma coleção de mapas ou cartas geográficas» (Dicionário da Língua Portuguesa da Academia das Ciências de Lisboa).

2. No Consultório, pergunta-se se é correto dizer e escrever «desfilar ódio». A expressão pode fazer sentido, mas o uso idiomático é «destilar ódio», como se adianta nas seis respostas desta atualização, que incluem ainda tópicos sobre o valor do pronome lhe, os nomes de dois jovens italianos recém-canonizados, um caso de predicativo do complemento oblíquo, a diferença entre impensado e impensável e, por último, outra expressão idiomática: «cair em cima (de alguém)».

3. Na Montra de Livros, apresenta-se O Poder das Nossas Palavras, em que a autora, Sandra Duarte Tavares, sugere estratégias e dá exercícios para comunicar com clareza, propósito e impacto em diferentes contextos.

4. O que é um trema? Para que serve? Um episódio da atualidade política portuguesa deu atualidade a este sinal gráfico, e o consultor Carlos Rocha dedica-lhe um apontamento no Pelourinho.

5. Relativamente aos projetos em vídeo do Ciberdúvidas, em Ciberdúvidas Responde (episódio 41), comenta-se a etimologia de cachimbo, e, em O Ciberdúvidas Vai às Escolas (episódio 36), pergunta-se: é incorreto dizer «há dez anos atrás»?

6. Registos diversos: 

– contra a xenofobia, o pertinente artigo de opinião do professor brasileiro José Luís Landeira intitulado "No Brasil, fala-se o português... e em Portugal também", publicado no Público Brasil, em 07/09/2025;

– a propósito da flotilha que se dirige para a Faixa de Gaza em missão humanitária, o artigo "Flotilha e sumud"*, da professora universitária brasileira Priscila Figueiredo, publicado no jornal digital Outras Palavras em 13/09/2025;

– o Festival Literário Internacional de Querença, no Algarve, que tem lugar de 19 a 21 de setembro e que tem como figura homenageada a escritora Lídia Jorge.

* A palavra árabe ṣumūd (صُمُود) significa «tenacidade, firmeza, resistência» (cf. Wiktionary).

7. Em dois dos programas em que, na rádio pública de Portugal, se trata de temas da língua portuguesa, são temas em foco:

– O mais recente livro, O Poder das Nossas Palavras (Oficina do Livro), da linguista Sandra Duarte Tavares, é o tema de Língua de Todos, difundido na RDP África, na sexta-feira, 19/09/2025, às 13h20* (repetido no dia seguinte, c. 09h05*);

– Em Páginas de Português, transmitido pela Antena 2, no domingo, 21/09/2025, às 12h30* (repetido no sábado seguinte, 27/09/2025, às 15h30*), entrevistam-se os professores Paulo Nunes da Silva (Universidade Aberta), Luís Filipe Barbeiro (Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Politécnico de Leiria) e Fausto Caels (Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Politécnico de Leiria), sobre manuais escolares e outros recursos didáticos, bem como acerca da avaliação da produção textual de alunos. Ainda o apontamento gramatical da professora Carla Marques, que esta semana tece considerações sobre a frase «desculpa lá».

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. O Ciberdúvidas regressa às suas atualizações semanais, cumprindo a sua missão de responder às questões colocadas pelos seus consulentes, de divulgar textos, factos, ideias e acontecimentos relacionados com a língua nas suas várias áreas e de implementar os seus projetos Ciberdúvidas vai às Escolas e Ciberdúvidas Responde. O regresso do Ciberdúvidas acompanha a abertura do ano escolar em Portugal e permite sublinhar todos os desafios que a escola portuguesa (e não só) enfrenta no início do segundo quartel do século XXI. Por um lado, regista-se a crescente falta de professores em várias disciplinas, incluindo a de português (notícia), o que afeta o normal funcionamento das aulas e a desejável evolução dos alunos, numa escola cada vez mais multicultural, que inclui alunos que muitas vezes não dominam o português ou nem sequer falam a língua (ver notícia). Por outro lado, a complexa e densa relação dos adolescentes e jovens com as tecnologias traz problemas em várias áreas, desde a dependência dos telemóveis e das redes sociais (ver editorial e notícia), passando pelos fenómenos de violência e abuso (bem ilustrados na série, recentemente premiada, Adolescência), sem esquecer os desafios que o desenvolvimento da Inteligência Artificial traz ao ensino e à promoção das aprendizagens (opinião). Esta é uma época em que a velha escola herdada do século XIX está definitivamente a desaparecer para dar lugar a uma escola renovada e necessariamente diferente. Trata-se de uma mudança que não se processa sem desafios, como aponta a consultora do Ciberdúvidas Inês Gama no seu apontamento de abertura do novo ano letivo, no qual reflete sobre a revolução tecnológica e sobre a diversidade que cada vez mais está presente nas salas de aula.  

2. Na primeira atualização do Consultório, surgem esclarecimento sobre o significado, correção e uso de várias construções com infinitivo: «ao + infinitivo», « mesmo sem + infinitivo», «passar a vida a + infinitivo». Avalia-se ainda a correção da expressão «dar que falar», os usos possíveis do nome doutorando seguido de preposição e propõe-se uma explicação para a palavra "crescas" num poema galego-português. A esta lista juntam-se ainda outras quatro novas respostas: os termos substantivo e nome; o uso da virgula com constituinte antepostos; o uso de particípios latinos com sufixo -nt(e) e o significado do verbo envelopar. 

3. O que significa o nome pródigo? É esta a questão que dá matéria ao regresso da rubrica Desafio semanal, que é lançada todas as segundas-feiras no mural do Facebook do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa e divulgada aos domingos, pelas 12h00, no programa radiofónico Páginas de Português (Antena 2). A resposta desta semana é da responsabilidade da consultora Inês Gama.

4.  A terminologia gramatical utilizada no ensino tanto em Portugal como no Brasil difere na sua organização, na adoção de alguns termos e na consideração de determinados fenómenos linguísticos. Neste quadro, o consultor Fernando Pestana analisa alguns destes fenómenos no seu apontamento intitulado «Terminologia gramatical: Brasil x Portugal».

5. Entre os eventos de interesse, destacamos:
– a cerimónia de entrega do Grande Prémio de Poesia António Ramos Rosa, ao poeta A. M. Pires Cabral (na foto) pelo seu livro Na morte de Erato (Tinta da China), no dia 17 de setembro, pelas 18h, na Biblioteca Municipal de Faro;

– a 36.ª Bienal de São Paulo, que decorre até 11 de janeiro de 2026;

– a Jornada Cardoso Pires, atividade de análise, formação e divulgação no primeiro centenário do nascimento do escritor, a realizar na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, no dia 9 de outubro, a partir da 9h (inscrições abertas).

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Chega ao fim a pausa de verão em Portugal, e o Ciberdúvidas da Língua Portuguesa retoma paulatinamente a sua atividade regular, com a disponibilização de novos conteúdos nas rubricas Na 1.ª PessoaAtualidades e Outros. Quanto ao Consultório, o regresso das atualizações fica agendado para 16 de setembro, mas já é possível enviar questões através do formulário que, para o efeito, se encontra aqui. Como sempre, faculta-se o acesso livre e gratuito às respostas e artigos que constituem o extenso acervo deste portal. Recorde-se que o Ciberdúvidas pode também ser seguido nas redes sociais Facebook, InstagramYoutube e TikTok.

Na imagem, "A Vindima no Douro", de Mota Urgeiro (n. 1946).

2. Registo de conteúdos que entraram em linha nos últimos dias:

♦ Controvérsias – "Da inteligência artificial e da 'pele de galinha'" (09/09/2025); "O "pecado" dos gramáticos normativos" (12/09/2025);

♦ Diversidades – "O que os jeitos de falar dizem sobre nós e os outros" (26/08/2025); 

♦ Ensino – "Vós regressareis em setembro?" (02/09/2025); "A importância da disciplina de Português" (04/09/2025);

♦ Literatura – "Jacinto Lucas Pires: 'Estamos a perder palavras. Como pensamos por palavras, estamos a perder capacidades'" (01/09/2025);

♦ O Nosso idioma – "Inteligência artificial: desafios e responsabilidade" (02/09/2025); "«Se se» não é redundância" (05/09/2025); "Sicário" (08/09/2025);

♦ Pelourinho – "'Fizeram com que se reerguesse', e não se reergue-se" (27/08/2025); "A praga do 'eu diria que...'" (05/09/2025); "Descurar 'entes queridos'" (11/09/2025);

♦ Notícias – "Faleceu o jornalista e escritor Luís Fernando Veríssimo (1936-2025)" (01/09/2025)

3. Assinale-se que o passatempo Dúvida da Semana se mantém no mural do Ciberdúvidas no Facebook, onde igualmente se retomam episódios dos projetos em vídeo O Ciberdúvidas Vai às EscolasCiberdúvidas Responde (também disponíveis no Youtube e no Instagram).

4. Finalmente, refira-se que as Notícias continuarão a dar informação semanal sobre os programas de rádio que a Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa produz para a rádio pública de Portugal. Recorda-se que:

– Língua de Todos é difundido na RDP África às sextas-feiras, 13h20* e repetido no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00*;

Páginas de Português é transmitido pela Antena 2, aos domingos, às 12h30*, e repetido no sábado seguinte, às 15h30*.

*Hora oficial de Portugal continental, ficando depois ambos os programas disponíveis aqui e aqui. 

Abertura atualizada em 09/09/2025 e 12/09/2025.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Com a época de verão em Portugal, o Consultório entra em pausa até aos começos de setembro (ver Abertura de 20/06/2025). Contudo, mantêm-se em atividade as outras rubricas, para divulgação de artigos expositivos ou de opinião sobre temas da língua portuguesa. Fica ainda disponível o acesso livre a todo o arquivo do Ciberdúvidas – perto de 39 000 respostas, no Consultório, e mais de 13 000 artigos Na 1.ª Pessoa e em Montra de Livros. Refira-se que, ao longo do ano letivo de 2024/2025, não foi ainda possível cumprir a promessa de garantir os meios técnicos adequados ao funcionamento deste portal, ao encontro dos muitos utilizadores que, de qualquer parte do mundo, acompanham a atualização destas páginas e de quantos enviam constantemente consultas acerca das mais diversas questões do funcionamento da nossa língua comum. Mas, nos últimos meses é também importante registar o enorme desenvolvimento da Inteligência Artificial e o seu forte impacto na Internet, a ponto de se assistir a uma mutação na própria gestão e divulgação de conteúdos em linha. Apresentam-se, portanto, novos desafios para o Ciberdúvidas, que não deixará de prosseguir o propósito que está na sua origem: o de prestar um serviço de esclarecimento, reflexão e debate sobre as numerosas questões levantadas pelas normas e usos da língua portuguesa nos países e comunidades onde ela se desenvolve.

* Para assuntos que não digam respeito a consultas sobre gramática e língua portuguesa, continuam acessíveis os contactos indicados aquiNa imagem, "Praia de banhos da Póvoa de Varzim» (óleo sobre tela, 1884, no Museu Nacional de Arte Contemporânea, Lisboa), de João Marques de Oliveira (1853-1927).

2. Nas Notícias, faz-se um balanço de mais um ano de trabalho  no Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, com dados que refletem a fase que antes descrevemos, de mudança significativa na produção e difusão de conteúdos em linha, bem como nos públicos que os seguem. Procurando ajustar-se à reconfiguração da dinâmica da Internet, lembramos que em setembro de 2024 arrancaram dois novos projetos associados a este portal: Ciberdúvidas Responde, que conta com 40 episódios; e O Ciberdúvidas Vai às Escolas, que vai no seu 35.º episódio.

3. Apesar de o Consultório estar encerrado até ao princípio de setembro, algumas consultas anteriores ainda aguardam resposta. Segue-se o registo dos respetivos esclarecimentos: "Objetivos e metas" (24/06/2025); "O nome tchutchuca" (09/07/2025).

4. Igualmente aqui se vão indicando os artigos que entraram em linha a partir de 24/06/2024, nas demais rubricas do Ciberdúvidas:

O Nosso Idioma – "Ficar triste com algo" (24/06/2024); '"De antes" ou dantes?  (01/07/2025); "Meias e peúgas" (02/07/2025); "O que é a manosfera?" (02/07/2025); "'Ele se apaixonou nela' – modismo?" (04/07/2025); "Diz-se 'metereologia" ou "meteorologia"?" (08/07/2025); "A língua portuguesa sob os holofotes do Coliseu dos Recreios" (09/07/2025); "Coloquialismos do Brasil: 'para mim estudar'", 'o porquê faltou'"(11/07/2025); "O comparativo de inferioridade de grande" (15/07/2025); "Amamos a etimologia!" (16/07/2025); "Não 'banca rota', mas bancarrota" (18/07/2025); O porquê de eu gostar de falar português (22/07/2025); "A língua que os jovens usam na Internet" (24/07/2025); "Linha ou linhagem?" (05/08/2025);

Lusofonias – "O estatuto internacional da língua portuguesa" (24/06/2024).

♦ Pelourinho – "Sobre vidas sob ataque" (27/06/2025); "Errar ad nauseam" (17/07/2025); "Para quê tantos anglicismos nos CTT?" (25/07/2025); "Entreteve, e não 'entreteu'"(01/08/2025); "'Fizeram com que se reerguesse', e não se reergue-se"(27/08/2025);

♦ Literatura – "Uma cascata de música além do tempo" (01/07/2025); "Breve nota de leitura sobre Um Lápis no Punho, de João B. Ventura" (04/07/2025); "O Avesso da Casa, de Ozias Filho" (11/07/2025); "Quem nos manda usar o português que se fala em Lisboa?" (24/07/2025); "O Menino do Elefante, de Luís Filipe Sarmento" (25/07/2025).

♦ Controvérsias – "Um país ao espelho: o exame de Português hoje" (18/07/2025); "Colonização, outramento e reconstrução" (30/07/2025).

♦ Montra de Livros – "Linguística e Educação – Variação nas Escolas Portuguesas" (15/07/2025); "Flores de Cinza" (31/07/2025).

5. Sobre os programas de rádio que a Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa produz para a rádio pública de Portugal, as Notícias continuarão a assinalar os seus temas, todas as semanas, pelo que se  recorda que:

– Língua de Todos é difundido na RDP África às sextas-feiras, 13h20* e repetido no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00*;

Páginas de Português é transmitido pela Antena 2, aos domingos, às 12h30*, e repetido no sábado seguinte, às 15h30*.

*Hora oficial de Portugal continental, ficando depois ambos os programas disponíveis aqui e aqui. 

Abertura atualizada em 02/07/2025, 11/07/2025, 18/07/2025, 25/07/2025 e 27/08/2025.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Coincidindo com a interrupção escolar dos meses de verão em Portugal, também o Consultório entra em pausa nas próximas semanas, de 21 de junho até 31 de agosto.  Como é hábito neste período, deixa de estar ativo o formulário para envio de dúvidas e abranda o ritmo das atualizações destas páginas, mas não se deixará de disponibilizar conteúdos nas demais rubricas – Na 1.ª Pessoa, AtualidadesOutros –, sempre que o interesse ou a atualidade do tema o justifiquem. Entretanto, neste dia, entram ainda quatro novas perguntas no Consultório: «é difícil declarar que seja necessário» ou «declarar que é necessário»? O que quer dizer «chega mudei de cor» no português do Brasil? Como se dizia riso em português medieval? O que significa o turco ebru?

Para assuntos que não digam respeito a consultas sobre gramática e língua portuguesa, continuam acessíveis os contactos indicados aqui. Na imagem, Praia de Cascais (aguarela sobre papel, 1906), de D. Carlos de Bragança (1863-1908), Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves (crédito da imagem: Wikipédia).

2.  O que se entende por «guerra cultural», termo tão frequente hoje na comunicação social? Segundo o investigador e analista político João Ferreira Dias (Centro de Estudos Internacionais do Iscte-IUL – CEI-Iscte), a expressão aplica-se às «disputa[s] por valores, identidades e o rumo da sociedade», que favorecem narrativas maniqueístas, que «reduzem debates complexos a visões incompatíveis e lineares, fortalecendo identidades rígidas e suprimindo a possibilidade de diálogo, motor essencial para a construção de um espaço comum na democracia» (Guerras Culturais. Os Ódios que nos Incendeiam e Como Vencê-los, Guerra e Paz, 2025, pp. 11 e 14). Em Montra de Livros, apresenta-se outro livro sobre o tema, com o curioso título de Hipocritões e Olhigarcas (Guerra e Paz), da autoria do historiador e político Rui Tavares.

3. Ainda a propósito das comemorações dos 500 anos de Camões, partilha-se com a devida vénia, na rubrica Literatura, um artigo de Ana Cristina Alves, investigadora auxiliar e coordenadora do serviço educativo do Centro Cultural e Científico de Macau, a respeito das recriações poéticas da biografia de Camões e da sua passagem por Macau. 

Sobre a vida e obra de Luís Vaz de Camões, recorde-se que, em 2024, Fortuna, Caso, Tempo e Sorte. Biografia de Luís de Camões, de Isabel Rio Novo foi obra muito aplaudida não apenas em Portugal. Por exemplo, em O Trapézio, publicação digital dirigida às comunidades de línguas espanhola e portuguesa, teve destaque num artigo intitulado "Nova biografia de Camões demonstra que o poeta maior da língua portuguesa também era um homem de carne e osso" (18/12/2024). Sobre este livro, ler também "A biografia de Camões, o poeta a quem foi diagnosticada ingratidão".

4. Quanto aos projetos em vídeo do Ciberdúvidas: no 39.º episódio de Ciberdúvidas Responde,  fala-se do uso do acento agudo em palavras graves – ou paroxítonas – como telemóvel; e no 34.º episódio de O Ciberdúvidas Vai às Escolas explica-se o uso de c antes de consoante no português europeu, em palavras como facto, pacto e contacto.

5. Outros registos:

– em 14/06/2025, o falecimento da escritora Teresa Rita Lopes (n. 1937, Faro), «uma das investigadoras mais relevantes da fase inicial dos estudos pessoanos», que «durante o Estado Novo, impediu que o espólio do escritor saísse do país» (Público, 15/06/2025);

– em 24 de junho, no Auditório 2 da Fundação Calouste Gulbenkian, o lançamento do n.º 129 da revista Colóquio Letras, em homenagem do poeta Nuno Júdice (1949-2024), de quem acaba de ser editado o inédito Livro de Caligrafia (mais informação aqui);

– na mesma data, a sessão Vento Leste. Luso-orientalismos nos filmes da ditadura, por Maria do Carmo Piçarra (Universidade Nova de Lisboa), no âmbito do ciclo de conferências Orientalistas de Língua Portuguesa, promovidas pela Biblioteca Nacional de Portugal.

6. Conteúdos de dois dos programas que a rádio pública de Portugal dedica à língua portuguesa:

– Em Língua de Todos, na RDP África, transmitido na sexta-feira, 20/06/2025, pelas 13h20* (repetição no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00), a professora Clara Keating (Universidade de Coimbra) discute até que ponto as variedades não dominantes do português continuam ou não a ser invisibilizadas.

– Em Páginas de Português, na Antena 2, domingo, 22/06/2025, pelas 12h30* (com repetição no sábado seguinte, 28/06/2025, às 15h30*), a professora Graça Índias Cordeiro (CIES-Iscte) aborda a relevância da língua portuguesa para comunidades migrantes e os seus descendentes. O programa inclui ainda um apontamento gramatical da professora Carla Marques sobre funções sintáticas. 

Hora oficial de Portugal continental.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Tem início a 17 de junho a época de exames nacionais em Portugal, os quais têm a dupla função de permitir a conclusão do ensino secundário e de servir como provas específicas para o acesso ao ensino superior. Entre os exames a realizar, destaca-se a prova de Português, que avalia as aprendizagens desenvolvidas ao longo de um ciclo de estudos de três anos e que este ano será realizada por mais de 80 000 alunos, um pouco por todo o país. Este é também o momento de pensar nas dificuldades que os alunos têm evidenciado nestas provas. Em reportagem, o jornal Público aponta problemas ao nível dos processos mais complexos de compreensão dos textos e igualmente no plano linguístico. Neste âmbito, algumas áreas críticas da expressão escrita dos alunos estão relacionadas com o domínio ortográfico, a pontuação, questões de concordância e também a utilização dos pronomes átonos lhe/lhes ou da forma contraída lhos, tal como relata uma professora entrevistada pelo jornal. Estas e outras questões são igualmente abordadas pela consultora Inês Gama, num apontamento reflexivo sobre os exames, suas implicações e dificuldades manifestadas pelos alunos avaliados. A questão da realização dos exames tem também desencadeado a problemática em torno do papel da inteligência artificial (IA) no estudo efetuado pelos alunos e, um pouco por todo o mundo, levanta questões relacionadas com a justiça da avaliação desenvolvida em diferentes planos e ciclos de estudo. As dúvidas relacionadas com potenciais atos desonestos levaram países como a China a desativar as funcionalidades da IA durante o horário do gaokao, o grande exame de acesso à universidade no país. Vem igualmente a público a situação do Reino Unido, onde se assinalam perto de 7500 casos comprovados de alunos que recorreram à IA para realizar testes e trabalhos académicos

No acervo do Ciberdúvidas, poderá consultar algumas respostas do Consultório e textos relacionados com a temática dos exames: «Teste, exame e prova», «A expressão «passar no exame»», «Avaliação / verificação», «Um guia para os exames nacionais», «O que se escreve e como se escreve nos exames nacionais de português» e «Ainda os exames de Português: o analfabetismo funcional».  

2. No texto original de Os Lusíadas, de Luís de Camões, lê-se na proposição ««entre gente remota edificarão….que tanto sublimarão». Estas formas verbais estão hoje fixadas como edificaram e sublimaram, ou seja, no pretérito perfeito do indicativo. Todavia, não teria o poeta a intenção de usar o futuro do indicativo? A resposta a esta dúvida abre a atualização do Consultório. No português do Brasil regista-se o curioso uso de diminutivo associado à forma verbal, como se observa em «Vá ao quarto correndinho buscar meu telefone». Este fenómeno é explicado nesta resposta, à qual se juntam outras quatro novas respostas relacionadas com os seguintes aspetos: uma oração subordinada substantiva completiva com função de predicativo do sujeito;  a classe gramatical de «à luz de»o uso de horrores como advérbio e a expressão «senso comum»

3. Qual a diferença entre os adjetivos renitente e reticente? Poderão os adjetivos ser usados como equivalentes em determinados contextos? A consultora Inês Gama aborda esta questão na rubrica Desafio semanal, em colaboração com o programa de rádio Páginas de Português, da Antena 2 (apontamento difundido a 15 de junho) e divulgado no mural de Facebook do Ciberdúvidas. 

4. No Pelourinho, assinalam-se três usos incorretos da língua, identificados na comunicação social. São eles "sózinho", "amenidades" e "cidade-berço". O coordenador executivo do Ciberdúvidas Carlos Rocha analisa, neste apontamento, os problemas de língua aqui envolvidos e propõe formas de os resolver. 

5. Entre os eventos de interesse, destacamos o webinar "Verso e Reverso: Releitura e reinvenção a partir da obra de Luís de Camões", promovido a partir de uma parceria entre o Museu Virtual da Lusofonia (Universidade do Minho) e o CICANT (Universidade Lusófona), a realizar no dia 18 de junho, pelas 17h, e que poderá ser acompanhado à distância na plataforma Zoom pelo link (mais informações aqui).