Em Hipocritões e Olhigarcas. Passado e Futuro das Guerras Culturais, o historiador e político Rui Tavares reúne as aulas que deu «num curso sobre "Guerras Culturais: Outrora e agora, aqui e lá fora" na escola online da Tinta-da-China e do Público, acrescentado de algumas reflexões que foram publicadas em crónicas da Folha de São Paulo e do Expresso» (p. 5). Não sendo obra que se refira diretamente às línguas ou especificamente ao português, revela-se, contudo, como um documento muito interessante do ponto de vista da informação extralinguística associada ao significado do termo «guerra cultural», de grande atualidade nas colunas de opinião da comunicação social em português.
Não falando da figura da capa, que anuncia o fio condutor da argumentação desenvolvida ao longo do volume, quer o título quer o subtítulo – Passado e Futuro das Guerras Culturais – são intrigantes e pedem esclarecimento. O título Hipocritões e Olhigarcas exibe duas palavras inventadas com intuitos críticos, que não são aqui divulgados para não anular o suspense só resolvido no final do livro. Mesmo assim, sem querer levantar completamente o véu, a sua morfologia entende-se por um jogo que envolve, no caso de "hipocritão", uma amálgama com termos pejorativos terminados em -ão, e "olhigarca" relaciona oligarca com os atuais algoritmos ...