1. A presença das tecnologias na sociedade atual tem introduzido novos processos de comunicação que, com em busca de formas económicas de transmissão de mensagens, se têm socorrido de estratégias como o uso de símbolos, designados comummente emojis (um empréstimo do inglês, que, por seu turno, a recuperou do japonês). Usados inicialmente para recuperar expressões faciais (como o conhecido "boneco sorridente"), evoluíram para representar objetos, situações e mesmo conceitos. Trata-se de um fenómeno de semiose em ascensão, que foi já considerado a língua com maior crescimento no século XXI, tese que encontra os seus fundamentos no facto de 90% da população em linha utilizar emojis nos mais de 6 biliões de mensagens enviadas diariamente1. Vários têm sido os teóricos, investigadores e figuras de várias áreas da sociedade que têm analisado criticamente o recurso a esta nova forma de comunicação, alegando que, de alguma forma, ela constitui um retrocesso na conquista humana da capacidade de escrita e, eventualmente, na densidade da comunicação associada à linguagem escrita por reduzir a representação das situações a conceitos estereotipados e superficiais. A questão da utilização de emojis pelos adolescentes e jovens é um dos temas da badalada série Adolescência, produzida por Jack Thorne e Stephen Graham, disponível na Netflix. Aqui aborda-se o tema das redes sociais e da sua influência nas faixas mais jovens. No decurso da evolução da ação, a série demonstra como os adolescentes estão a converter os emojis numa espécie de língua secreta, inacessível aos adultos, o que lhes permite veicular mensagens de teor sexual, manifestações de violência ou mesmo ideológicas. A título de exemplo, veja-se o caso do emoji «100», associado a uma interpretação positiva pelos adultos (com o valor de «ser realista», «manifestar orgulho» ou «ter muita qualidade»), que, na série, é usado pelos adolescentes para expressar a teoria da comunidade dos «celibatários involuntários» (na série, designados incel) de que 80% das mulheres se sente atraída apenas por 20% dos homens, sendo, deste modo, um símbolo usado para rebaixar e discriminar os adolescentes que não são atraentes. Os emojis estão, assim, a sofrer uma evolução similar à que se verifica no léxico, onde identificamos o processo de associação de novos significados a palavras, alguns dos quais poderão ser reservados apenas a determinados grupos sociais e, portanto, inacessíveis à maioria da população. Este é, pois, um fenómeno a manter no foco da atenção. Por todas estas razões!
A este propósito, a resolução do Conselho de Educação brasileiro que aponta as diretrizes operacionais nacionais sobre o uso de telemóveis e outros dispositivos digitais em salas de aula.
2. A utilização do apóstrofo em expressões como mãe-d'água abre caminho à dúvida relativa à possibilidade de utilização do apóstrofo noutros nomes compostos que incluam a preposição de. Nesta resposta analisa-se a questão do ponto de vista das normas ortográficas e dos usos. Na atualização do Consultório, disponibilizamos ainda respostas para as seguintes questões: «As palavras noiva e nubente são sinónimas?», «Qual a relação entre os verbos pontuar e pontoar?», «Como ocorre a concordância com a expressão "página e meia"?», «Qual a diferença entre cantiga e vilancete?», «Qual o recurso expressivo presente em "como se uma invisível cortina os separasse"?»
3. Qual a pronúncia correta da palavra latina incipit? No desafio semanal apresentado no programa Páginas de Português, na Antena 2, e apresentado no mural de Facebook, a professora Carla Marques esclarece esta questão de ortoépia.
4. Cotejando expressões do português europeu com as do português do Brasil, o gramático brasileiro Fernando Pestana apresenta um apontamento onde identifica semelhanças e distinções, numa listagem que permite ver a cor das variedades do português.
5. A professora e escritora Dora Gago apresenta uma recensão crítica do livro de poemas Guynea, de autoria de Arlinda Mártires. Uma publicação que, nas suas palavras, «revela a profundidade da sua relação com a Guiné, pois a língua é o reflexo da cultura, da essência de um país, das formas de sentir e viver das suas gentes».
6. Entre as notícias de relevo para a língua, destaque para o facto de o Diário da República passar a incluir publicações em língua mirandesa, uma decisão que confere maior dignidade à segunda língua oficial portuguesa (notícia aqui).
1. Cf. Soares, A., Oliveira, H. & Costa, M. (2021) Quão sentida é a sua emoção? Efeitos das expressões faciais dos emojis no processamento emocional de mensagens de texto. 6th Iberian Conference on Information Systems and Technologies (CISTI).