Dentro da mesma palavra, é de facto uma sequência inusitada, mas foneticamente é possível, por exemplo, quando o pronome lhe se segue a ditongos nasais:
(1) Que bem lhe vai a vida!
(2) Essas pessoas são-lhe estranhas.
Refira-se que, no período galego-português e ainda hoje em galego, a sequência nlh pode ocorrer dentro de palavra: unllha («unha»), senlhos («um a cada um»), senlheira («sozinha»), vocábulos que, em galego, se escrevem unlla, senllos e senlleira, respetivamente (cf. dicionário da Real Academia Galega).
Quanto à origem deste topónimo, o de uma freguesia do concelho de Vila Flor (Bragança), propôs o filólogo José Pedro Machado que fosse resultado da aglutinação da frase «bem lhe vai», em alusão à apreciação positiva de um lugar; no entanto, não se exclui que a expressão também tenha surgido como reinterpretação (etimologia popular) de um nome mais antigo que, com o andar dos tempos, perdeu significado óbvio1. O historiador A. Almeida Fernandes2 é mais assertivo na defesa da tese de uma etimologia popular, considerando Benlhevai como reinterpretação de um topónimo com origem em *Villivaldi, forma de *Villivaldus, nome pessoal de origem germânica, formado por wiljan, «vontade», e badu, «luta».
1 Cf. José Pedro Machado, Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, 2003.
2 A. Almeida Fernandes, Toponímia Portuguesa. Exame a um Dicionário, 1999.