A origem da palavra gajo levanta certas dúvidas. Transcrevemos o que diz sobre isso José Pedro Machado no "Dicionário Etimológico" (Livros Horizonte):
Gajo, s. e pron. Vem a propósito transcrever estas palavras de M. L. Wagner: « ...gajo, hoje tão generalizado,, é uma palavra que se deriva também do caló espanhol; mas a forma portuguesa precisa de explicação. Gajo não continua o espanhol gachó, como erroneamente se diz amiudadas vezes; já o acento não permite uma derivação directa. Em gitano espanhol gachó é a forma masculina; o feminino é, conforme a regra geral do gitano, gachí; é uma palavra muito espalhada nos dialectos tsiganos e que tem vários significados, «camponês», «homem adulto», etc. A sua origem não é explicada com certeza, mas em todo o caso, é aparentada com palavras indianas (cfr. Vox Rom. I, pág. 307-310). Na Espanha gachó e gachí referem-se a pessoas não gitanas; no «caló» e na língua familiar espanhola significam simplesmente «homem» e «mulher». A forma gachó foi, na sua passagem para o português, tratada como caló-calão, isto é, gachó também passou para o português na forma gajão, forma que ainda se usa na linguagem familiar e no calão no sentido de «espertalhão», finório (…); por causa deste significado especial, devido à terminação em -ão, a palavra veio a considerar-se como aumentativa, e, por isto, tirou-se dela o simples gajo, que, naturalmente, recebeu uma forma feminina gaja; trata-se, por conseguinte, duma formação regressiva. A gíria cigana do Brasil conhece ainda o feminino gajim, formado regularmente, mas com nasalização da vogal final, como sucede amiudades vezes no cigano brasileiro (no livro de Pederneiras (pág. 26), a palavra é reproduzida como gazim «mulher estranha», mas deve ser gralha, pois figura fora da ordem alfabética; em Viotti (pág. 174) que neste caso, como em muitos outros, copia servilmente o seu predecessor, reproduz-se o mesmo erro, mas logo depois segue gajins «mulheres que não fazem parte do grupo de ciganos», e esta é, sem dúvida, a forma cigano»), no B. F. (X, pp. 312-313).); cf.: Apost., I, p. 493. Séc. XIX, em Filinto Elisio, Obras Completas, I, p. 53.